Dada como certa há dias, a negociação entre Inter e Nikão teve uma reviravolta no final de semana que acabou com o jogador acertando sua transferência para o São Paulo. O fracasso nas tratativas com o atacante obriga a direção a correr contra o tempo em busca de reforços para o setor ofensivo antes do início do Campeonato Gaúcho.
Nikão já havia aceitado a proposta salarial do Inter - de R$ 550 mil mensais, mais R$ 3,5 milhões em luvas - por um contrato de quatro anos, e o clube tratava nos bastidores sua chegada como certa desde o início da semana passada. A situação, porém, mudou com o pedido do agente do atleta, Paulo Pitombeira, de um valor maior para a sua comissão. Inicialmente, a oferta colorada era de R$ 2 milhões, mas o agente firmou pedida de R$ 4 milhões.
A divergência levou o clube gaúcho a encerrar as conversas na madrugada de sábado. No mesmo dia, o São Paulo fechou acordo com Nikão, que anunciou em suas redes sociais a despedida do Athletico-PR. O Tricolor paulista bancou os valores de salário e luvas oferecidos pelo Inter e topou pagar a quantia de comissão pedida pelo empresário.
A falta de acordo com Nikão pode levar o Inter a retomar a sua investida em Marinho, que não deve permanecer no Santos. O jogador prefere atuar no Exterior, mas não recebeu uma proposta que atenda ao que ele e o time paulista desejam. Até o momento, o centroavante Wesley Moraes, o volante Liziero e D'Alessandro, que acertou um contrato de quatro meses para poder encerrar sua carreira no Beira-Rio, são os únicos reforços anunciados pelo clube.
Ou seja, a diretoria ainda não fechou com nenhum extrema, função que é chave no modelo de jogo do técnico Alexander Medina. No dia do anúncio oficial da contratação do técnico uruguaio, o executivo de futebol colorado Paulo Bracks já admitia que esse tipo de jogador era visto como fundamental na busca por reforços.
— Dentre as lacunas que temos no elenco, existe, sim, a de extremas. Se houver a possibilidade, faremos mais de uma contratação neste sentido. Pode ser que seja mais de um para essa posição. Já temos nomes para apresentar para a comissão e, em conjunto, nos próximos dias apresentar para o torcedor — declarou Bracks em dezembro.
Em sua apresentação, na última sexta-feira, Medina disse que conversou com a direção sobre as carências do elenco ainda que tenha tomado cuidado de não citar as posições nas quais pediu reforços. Ao ser questionado sobre seu gosto de montar times que contam com extremas, o treinador desviou um pouco o assunto, mas admitiu que precisa de atacantes que demonstrem intensidade tanto nas ações ofensivas quanto defensivas.
— Nós, como comissão técnica, gostamos de jogar com centroavante, extremos, atacantes. Temos um jogo protagonista sem descuidar do aspecto defensivo. No futebol há quatro momentos, atacar, defender e suas transições (ofensivas e defensivas). Necessitamos ter atacantes versáteis, que podem fazer a dupla função. Primeiro atacar, obviamente, mas também defender, o que é uma necessidade imposta por esse jogo — disse.
A carência de extremas é um problema do Inter nos últimos anos. Em 2021, Diego Aguirre utilizou Edenilson e Patrick nessas funções no Brasileirão. As opções de atacantes de lado do elenco faltando um dia para a reapresentação são apenas de jogadores não afirmados. Um deles é Caio Vidal, que deve deixar o clube. Ele é um dos nomes que podem ser envolvidos na negociação com o Bahia que resultou na liberação do lateral-esquerdo Moisés.
Os outros são Gustavo Maia, que chegou em agosto e disputou apenas oito partidas — todas elas entrando no segundo tempo —, e Juan Cuesta, que fez quatro jogos no Brasileirão — dois como titular, e apenas um como extrema. Nicolas, que subiu do elenco sub-20, pode atuar pelo centro e pelo lado do ataque. O grupo ainda tem Carlos Palacios. O chileno é desses quem mais atuou como extrema em 2021, mas fez seus melhores jogos pela faixa central. Taison, que foi extrema na maior parte da carreira, deve seguir sendo utilizado por dentro, assim como ocorreu ao longo da última temporada.
*Colaborou Bruno Flores
Fortaleza define valor por David
Nome pretendido pelo Inter e tido como alternativa a Nikão e Marinho, David não custará pouco para o clube gaúcho. O Fortaleza parece irredutível quanto a sua pedida pelo atacante de 26 anos. Segundo apuração de GZH, o clube nordestino quer 3 milhões de euros (cerca de R$ 19 milhões) para negociar David em definitivo. O valor está abaixo da multa rescisória do jogador para o mercado nacional, estipulada em R$ 30 milhões. O clube comprou David por R$ 5 milhões junto ao Cruzeiro em 2020, no que foi a contratação mais cara do futebol cearense.
Mesmo assim, a direção colorada acredita que é possível um desfecho positivo, também pela boa relação com o empresário do atleta, André Cury. O vínculo de David com o Fortaleza vai até 2023. O Inter entende que o prazo do contrato pode facilitar as negociações, já que os cearenses querem reaver parte do valor investido na compra do atleta.
Até o momento, o Inter não fez proposta oficial, até porque cogita a possibilidade de envolver algum jogador para abater parte do valor pedido pelo Fortaleza. Inicialmente, o clube do nordeste está resistente a este molde de negociação e também não aceita o empréstimo do atacante.