É estranho pensar que o Inter do último mês ficou abaixo do esperado. Principalmente porque o jogo mais importante, animicamente falando, é claro, deste período teve vitória colorada. Mas o mesmo time que venceu o Gre-Nal só ganhou uma nesse intervalo que marca o sprint final do Brasileirão. Além do Grêmio, a equipe só somou três pontos diante do Athletico-PR. De 21 pontos em disputa entre 24 de outubro e 24 de novembro, ganhou apenas sete.
A queda de desempenho recente põe em risco até a vaga para a Libertadores, que parecia consolidada. Verdade que o Brasileirão oferecerá oito vagas para a competição continental, mas o oitavo lugar, que o Inter se encontra agora, está ameaçado. Além disso, para obter um posto direto na fase de grupos (tendência que os seis primeiros consigam), terá de tirar cinco pontos de distância faltando quatro jogos.
As razões para esse rendimento são debatidas entre colorados e analistas. Há quem diga que o problema seja físico, com jogadores extenuados após duas temporadas praticamente coladas. Isso fica acentuado pela falta de opções, o famoso "grupo curto", que permitem pouco rodízio sem que haja prejuízo técnico. Falta qualidade na reposição. E também existe um entendimento de que o Inter, sem chances de título, focou apenas em ganhar do Grêmio, esquecendo das partidas anteriores e desmobilizando após a vitória.
— O Inter precisa ter o mesmo foco e a mesma vontade para se classificar à Libertadores que ele tem para ver o Grêmio na Segunda Divisão. Foi clara a falta de foco nos jogos contra São Paulo, Cuiabá e Juventude. Completamente diferente do Gre-Nal e dos jogos contra Flamengo e Athletico-PR. No momento em que decidir que a vaga na Libertadores vale muito mais do que ver o Grêmio rebaixado, vai conseguir se reanimar — opina Gustavo Manhago, narrador da Rádio Gaúcha.
Entre os colorados, o sentimento é semelhante. Para o ator Zé Victor Castiel, frequentador de arquibancada no Beira-Rio, na hora de rodar o grupo, o time sentiu:
— O Inter funcionou enquanto conseguiu manter a “corda esticada”. Além do cansaço de fim de temporada, algumas posições possuem somente um atleta em nível razoável. É preciso, para a próxima, tentar suprir essas carências, seja contratando pontualmente, seja subindo bons guris da base. É preciso que o técnico olhe para o banco e veja opções para mudar o andamento de um jogo. Mesmo assim, acho que todos são abnegados. Não penso que falte vontade ou raça. Acho que o time cansou, e a reposição é escassa.
Voz colorada nas transmissões da Gaúcha, o comunicador Lelê Bortholacci concorda:
— O grupo é curto, falta qualidade, mas não entendo a falta de ânimo dos jogadores do Inter em alguns jogos. O Inter mostra uma dedicação tremenda contra o Flamengo, um time bem mais difícil de ser batido, e contra o Cuiabá foi aquela coisa morna, quase fria.
Contra o Fluminense, será preciso uma dedicação de Gre-Nal. É confronto direto, que vale o encaminhamento da vaga e até uma certa "segurança" de classificação à Libertadores.