O Inter ganhou uma nova arma ofensiva para entrar na zona da Libertadores. Referência técnica da defesa, o zagueiro Víctor Cuesta tornou-se um elemento surpresa do ataque. Após o cruzamento para o gol de Rodrigo Dourado, contra o Bahia, no último domingo (26), o argentino passou a ser o vice-líder em assistências do grupo colorado no Brasileirão.
Cuesta já havia sido destaque neste fundamento na vitória por 4 a 2 sobre o Fluminense, em agosto. Na ocasião, o defensor cruzou a bola para os dois gols de Edenilson na partida. Com três assistências, o argentino igualou-se a Patrick e está atrás apenas de Edenilson, que tem seis.
— É uma característica forte que ele tem. Fazemos bastante isso nos treinos. Quando a bola está rodando, já gritamos para tocar nele porque sabemos que o cruzamento vem. (Contra o Bahia), ele foi feliz no passe e eu graças a Deus consegui cabecear para fazer um gol importante para nós — destaca o volante Rodrigo Dourado.
Não é a primeira vez que um defensor do Inter aparece como fator surpresa no setor ofensivo. No fim dos anos 1990 e no início dos anos 2000, o zagueiro Lúcio costumava dar boas arrancadas rumo ao ataque após desarmar os adversários.
— Essa é uma jogada que precisa ser combinada e treinada. Não tinha problema algum de o Lúcio ir ao ataque, desde que algum jogador recuasse para fazer a sua função. No nosso time, quem fazia isso eram o Enciso, o Leandro Guerreiro ou o Carlinhos. Isso era bem importante para o Lúcio conseguir avançar com confiança e sem culpa — explica o técnico Zé Mário, comandante colorado na Copa João Havelange, em 2000.
Porém, Lúcio não tinha o hábito de cruzar. Ao contrário de Víctor Cuesta, o futuro pentacampeão pela Seleção Brasileira preferia passar a bola para um companheiro e ingressar na área para cabecear.
Já em 2003, quando Muricy Ramalho assumiu o Inter e adotou o esquema 3-5-2, o zagueiro Vinícius se notabilizou por avançar pelo lado esquerdo e cruzar, como o Víctor Cuesta faz hoje na equipe de Diego Aguirre.
— O Vinícius sempre fez isso muito bem. Ele tinha um bom passe e era até mais veloz do que o Cuesta. Quando ele subia, eu fechava o espaço como quarto zagueiro ao lado do Wilson e o volante Flávio se posicionava para pegar o rebote. Assim como o Cuesta hoje, o Vinícius era um homem-surpresa porque os adversários nunca estão esperando que um zagueiro apareça no ataque e avance até a linha de fundo — relembra Sangaletti, que foi líbero titular do Inter entre 2003 e 2005.
Vinícius vê semelhanças entre as suas arrancadas e as investidas de Víctor Cuesta. O ex-defensor acredita que uma das vantagens dessa jogada é que ela é difícil de ser marcada pelos adversários.
— É uma jogada muito boa. Quando o zagueiro aparece pela ponta, pega todo mundo de surpresa, pois a zaga adversária não sabe quem marcar. Eu sempre fui lateral de origem, então tinha facilidade de ir até a linha de fundo ou mesmo de cruzar da intermediária, como o Cuesta faz muito bem. Essa jogada com certeza está sendo muito bem treinada pelo Aguirre, pois, quando o Cuesta cruza, o Dourado e o Edenilson já sabem aonde a bola vai —opina Vinícius, que atuou no Inter entre 2002 e 2005.
As investidas rumo ao ataque fazem Víctor Cuesta se destacar em vários fundamentos ofensivos. Além de vice-líder em assistências, o atleta tem mais cruzamentos para a área do que Patrick e Saravia, mais dribles que Saravia e Moisés e é o líder em passes certos do elenco colorado.
Os números de Víctor Cuesta pelo Inter*:
- É o atleta com mais passes certos do Inter, com 756 em 20 jogos.
- É o jogador com menos passes errados do elenco, com 25. Tem apenas 1,25 passe errado por jogo.
- É o vice-líder do Inter em assistências, com três, ao lado de Patrick e atrás apenas de Edenilson.
- Tem sete cruzamentos certos no Brasileirão, mais do que Patrick e Saravia.
- Tem 10 dribles, mais do que Saravia e Moisés.
* Fonte: Footstats