No Inter desde março de 2021, Gustavo Grossi, diretor esportivo das categorias de base da gestão Alessandro Barcellos, analisou os primeiros meses de seu trabalho no clube e detalhou as etapas do planejamento trazido por ele ao Beira-Rio. O argentino foi o convidado da Confraria do Pedro Ernesto no Show dos Esportes, nesta segunda-feira (19).
— O time principal tem um caminho que precisa dar certo e ter resultados para tranquilizar a torcida. E nós temos que criar um processo de curto e médio prazo para que, na base, os jogadores que subam saibam como joga o time principal — resumiu Grossi, na Confraria, projetando:
— O projeto deve levar três anos para ser equilibrado, e uns outros três anos para transformar o Inter uma referência no futebol brasileiro.
O dirigente se destacou no cenário continental trabalhando no River Plate entre 2016 e 2020. Em Buenos Aires, Grossi foi responsável pelo recrutamento e promoção de dezenas de jovens entre 13 e 18 anos desde as categorias de base até os times principais comandados por Marcelo Gallardo — inclusive, durante a pandemia.
As divisões inferiores do time argentino implementaram seleções pelos bairros de Buenos Aires, através de vídeos enviados por meio das redes sociais. A prática se repetiu em Porto Alegre, nos primeiros meses de trabalho de Gustavo no Colorado.
O primeiro ano de Grossi no Inter é de estruturação dos sistemas de captação do clube. Ele explica que contatos e representantes das categorias de base coloradas são estabelecidos em diferentes polos esportivos.
As fronteiras físicas, no entanto, não são limitantes para a rede de observação de jogadores. Juan Manuel Cuesta, colombiano de 19 anos, foi contratado em maio do Independiente de Medellín para o time sub-20 do Inter e tem recebido oportunidades na equipe principal comandado por Diego Aguirre.
— A base do projeto é o futebol brasileiro, em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Se não encontramos aqui, temos avaliadores por todo Brasil. Depois, se há algum diferenciado fora do país que não existe a característica no Beira-Rio, aí se busca, como foi o (Juan Manuel) Cuesta — detalhou Grossi.
O argentino elogiou a postura de Alessandro Barcellos. Na visão de Grossi, o presidente está trabalhando para a próxima direção, já que aposta na prospecção de jogadores jovens que não chegarão ao time principal do clube nesta gestão. Além da necessidade de sucesso nas etapas de formação, ele ressalta que o Inter passa por um momento de dificuldades financeiras sem espaço para aventuras.
— Considero que no Brasil surgem os melhores atletas do mundo. Então para buscar alguém de fora precisa ser alguém diferenciado. Além da diferença de cultura e de vida entre países. Tenho muito claro que aqui no Inter existe uma das primeiras escolas de futebol campeão do país. Sei que não venho inventar nada, é preciso profissionalizar essa paixão e esses processos — comentou o argentino.