A crise financeira do Inter faz com que o clube tenha que manter o pagamento equivalente a duas folhas salariais por mês para quitar a dívida que gira em torno de R$ 600 milhões. É o que revelou o presidente Alessandro Barcellos, em entrevista à Rádio Gaúcha, no domingo (25). O dirigente promete disciplina ao longo da gestão para que os próximos anos tragam títulos ao time dentro de campo com sustentabilidade econômica fora dele.
— Nos últimos 10 anos perdemos uma Copa do brasil em casa, regionais em casa também. Esta é a mudança que precisa ser feita. Estamos trabalhando nela. Esses jogadores e essa comissão técnica nos dão esta certeza de que estamos no caminho para que isso aconteça no clube como um todo, na forma de gerir e buscar um equilíbrio — comentou Barcellos, complementando:
— Sair de uma roda viva que vem de anos com o pagamento de dívidas. Hoje pagamos quase a mesma coisa mensal de dívidas do que a folha de salário dos jogadores. Temos duas folhas. Isso é correto? O torcedor acha isso certo? É melhor gastarmos mais agora para ganhar um título, que seria ótimo, mas entregar o clube como daqui dois anos? Que foi o que o Cruzeiro fez.
Em 2017 e 2018 o Cruzeiro foi bicampeão da Copa do Brasil, quatro anos depois de ser bicampeão do Campeonato Brasileiro em 2013 e 2014. Ainda assim, o ano de 2019 foi o de estopim das dívidas e rebaixamento para a Série B. Na temporada 2021, os mineiros ocupam a zona de rebaixamento e lutam para não jogarem a terceira divisão do próximo ano.
— Se seguirmos fazendo o que vinha fazendo, vamos chegar nisso e depois sabemos o que acontece. É hora de enfrentar isso. A gente vem trabalhando de forma atenciosa e dura. Não é fácil abrir mão de um reforço importante, buscando transformar a forma de jogar para utilizar os jovens na equipe, para que não dependa de grandes contratações — reforçou o presidente colorado.
O discurso de Barcellos é direto e parece um recado à parcela da torcida que cobra melhores resultados dentro de campo. A aposta inicial da gestão, de contratar e dar duas temporadas para o técnico Miguel Ángel Ramírez mudar a filosofia do futebol jogado no Beira-Rio, em consonância com as categorias de base dirigidas por Gustavo Grossi, foi frustrada por derrotas e eliminação na Copa do Brasil em menos de 100 dias do espanhol no cargo. Diego Aguirre foi a novidade conhecida para atender aos pedidos da torcida, mas também já amarga a eliminação da Libertadores em 36 dias de trabalho.
— Óbvio que o resultado prepondera em alguns momentos, mas a gente tem os pés no chão e olhamos para a frente. Teremos três anos de gestão. Aqueles que não gostarem, vão conviver com ela. Porque serão três anos de enfrentamento dessa dura realidade, e não três anos de encantamento e dourar pílula para o torcedor viver um mundo de ilusão sem ganhar nada como estamos há 11 anos. Chega disso, é hora de enfrentar — ressaltou Alessandro Barcellos.