A relação entre Inter e Paolo Guerrero vive dias difíceis. Depois de pedir, publicamente, a rescisão com o clube por meio de nota divulgada por seus representantes, o centroavante peruano tem permanência incerta no Beira-Rio.
Aos 37 anos, ele tem contrato com o clube até o fim do ano. Ao todo, marcou 31 gols em 61 jogos com a camisa colorada, mas se recupera de uma lesão no joelho direito e foi a campo apenas cinco vezes nesta temporada, com um gol marcado.
Na segunda-feira (3), o empresário Vinícius Prates, que representa o atleta, disse a GZH que o jogador está "muito magoado" com o clube. O sentimento se deve, conforme o representante de Guerrero, pela forma incerta com a qual o Inter tem tratado a permanência do jogador.
Por tudo isso, perguntamos a quatro jornalistas do Grupo RBS: vale a pena para o Inter manter Guerrero nas atuais circunstâncias?
Confira as respostas:
GUSTAVO MANHAGO, NARRADOR DA RÁDIO GAÚCHA
"Vale a pena, sim. Até porque não há garantia de que o Inter vá continuar com esses três jogadores até o fim da temporada. O Inter está mal economicamente e precisa vender, de qualquer forma, não só para atingir o orçamento proposto, mas até por uma questão de sobrevivência, e o Yuri Alberto é a bola da vez. Caso ele saia, não dá para o clube ficar apenas com Thiago Galhardo, que nem centroavante de origem é. E o Guerrero, tecnicamente, é superior ao Galhardo. Então, nas atuais circunstâncias, especialmente por não ter a certeza de que o Yuri Alberto vá ficar até o fim do ano, o clube não pode se desfazer de um centroavante com a qualidade que tem o Guerrero".
FILIPE GAMBA, COLUNISTA DE GZH
"São compreensíveis os argumentos de Guerrero para rescindir, assim como é compreensível a postura da direção do Inter de não querer negociar a prorrogação de contrato do jogador de maneira antecipada. Entretanto, preciso fazer dois reparos com relação à forma como Guerrero está conduzindo sua saída do clube. Entendo, mas não concordo com a estratégia adotada pelo jogador e por seu agente de tratar o assunto publicamente antes de discuti-lo internamente. Além disso, ao meu ver, o Inter não desrespeitou Guerrero. Pelo contrário, em um dos momentos mais difíceis da carreira do centroavante, o Inter esteve ao seu lado, dando todo o respaldo e apoio necessários. Os vencimentos milionários de Guerrero irão desonerar o clube, e o centroavante, que não marcou gol em Gre-Nal, poderá focar naquilo que sempre foi a sua prioridade: a seleção peruana. No Beira-Rio, permanecerão Galhardo e Yuri Alberto, jogadores que estão dando muito mais retorno ao Inter".
LELÊ BORTHOLACCI, COMUNICADOR DO GRUPO RBS E TORCEDOR DO INTER
"Se tem alguém que não pode reclamar do tratamento que recebeu do Internacional, desde que chegou por aqui, é Paolo Guerrero. Foi ele mesmo que disse, após o episódio do doping, que devia muito ao Inter por ter sido o clube que estendeu a mão no pior momento de sua carreira. Recentemente, mais uma longa parada — desta vez, por lesão — e, novamente, o clube ao seu lado o tempo inteiro. Enquanto conseguiu entregar seu futebol, muitos gols, poucos deles decisivos. Em clássicos contra o nosso maior rival, uma marca constrangedora de nenhum gol marcado. O breve resumo dessa relação mostra que, se há interesse do jogador em rescindir o contrato, ele parte de quem mais recebeu do que entregou. Acrescente a isso o histórico de saídas tumultuadas de outros clubes e fica bem fácil de entender o que está acontecendo".
GUERRINHA, COMENTARISTA DA RÁDIO GAÚCHA
"Esse caso do Guerrero é igual a um casamento, quando um não quer, os dois não podem viver juntos. Se o Guerrero não quer continuar, e ele deve ter os motivos dele, cabe ao Inter sentar à mesa com ele para acertar uma saída de forma pacífica para terminar a relação. Agora, se ele quiser continuar, se demonstrar isso, ele tem contrato em vigor. Cumpra-se o contrato. Acredito que ele tenha propostas, com um tempo maior de contrato. Então, se for nessas condições, com o Inter com problemas financeiros, entendo que é melhor liberar Paolo Guerrero".