O Inter adentrou o gramado do Maracanã, neste domingo, precisando de dois resultados: a vitória, que confirmaria o título do Brasileirão, ou o empate, que o deixaria em vantagem na tabela para a última rodada. Em um pênalti convertido por Edenilson, no início do jogo, chegou a sair na frente do placar, mas sucumbiu à pressão do Flamengo, sendo derrotado de virada, por 2 a 1. Apesar do resultado adverso, o ambiente colorado esteve longo da resignação. Muito pelo contrário.
A começar pela indignação causada com a expulsão do lateral Rodinei, no primeiro minuto do segundo tempo. Depois de bancar a multa de R$ 1 milhão, graças à ajuda de um agropecuarista do Mato Grosso, torcedor do clube, a diretoria gaúcha conseguiu deixar o titular à disposição de Abel Braga. Mas, ele esteve em campo por pouco mais de 45 minutos. Logo no início da segundo etapa, o jogador pisou no tornozelo de Filipe Luís em uma disputa de bola e, com o auxílio do VAR, o árbitro Raphael Claus apresentou-lhe o cartão vermelho direto.
— O Filipe Luís, que sofreu a falta, falou para o próprio juiz que foi sem querer. O Diego estava pedindo, no máximo, um cartão amarelo. Os caras vêm para estragar um jogo tão importante. É difícil falar. Eu tenho certeza que ele (árbitro) errou. Não precisava expulsar. O Flamengo é um grande time, podia ganhar o jogo normal. Não precisava disso — reclamou o volante Rodrigo Dourado — Não sei se é a CBF ou quem não quer que a gente seja campeão. A gente poderia ser campeão hoje (domingo) e nem trouxeram o troféu. Então, é difícil. Acho que eles querem que o Flamengo ganhe — desabafou na saída para o vestiário.
A insatisfação colorada com a entidade nacional não foi deflagrada apenas nas palavras do capitão. O vice-presidente de futebol João Patrício Hermann também foi aos microfones para reclamar dos critérios utilizados pela arbitragem, recordando ainda do pênalti assinalado para o Vasco, no fim de semana passado, e que rendeu a suspensão do zagueiro Víctor Cuesta.
— Quem estava aqui viu uma das maiores vergonha dos últimos tempos. O Inter foi surrupiado. Amanhã (segunda-feira), com certeza, vamos à CBF ouvir esse VAR, assim como vamos ficar ainda mais atentos, porque já tivemos um sinal muito grande contra o Vasco da Gama e hoje fomos prejudicados de uma forma absurda — declarou — O desespero de ver os dirigentes do Flamengo praticamente invadindo o campo, a comissão técnica tentando manipular o VAR. O Flamengo é um grande clube e não precisa deste tipo de atitude. Sem contar que eles botaram mais de 60 pessoas atrás do banco (de reservas), nos colocaram em um canto lá no fundo. Foi esse o ambiente. O Flamengo pode até tentar ser campeão, mas vai ser muito difícil. Acredito muito nesse elenco. O campeonato não acabou. Vamos acreditar, gente — completou.
Último capítulo
Apesar do discurso duro e do balde de água fria nas pretensões de voltar a Porto Alegre com o título confirmado, o Inter mantém a confiança de que o quadro pode se reverter na última rodada. Na próxima quinta-feira (25), o adversário será o Corinthians, no Beira-Rio. Como perdeu a liderança para o Flamengo, figurando dois pontos atrás na tabela de classificação (71 contra 69), o Colorado não pode pensar em outro resultado que não a vitória. Além disso, precisa torcer para que o Flamengo torpece no São Paulo, no Morumbi, no mesmo horário: 21h30min.
— Falei para que eles levantassem a cabeça. Claro que se sentia uma dor muito grande, porque esse é um clube gigante que corre atrás deste título há muitos anos e os jogadores têm a noção exata do que é o Inter. Nós não vamos parar, porque não terminou. Vamos tirar um proveito muito positivo das lágrimas do meu capitão depois do jogo. É um jogador com uma identificação inacreditável e a gente vê o quanto ele sentiu. Nós não vamos abaixar, porque sabemos que não terminou. Temos que fazer de tudo para vencer o nosso próximo adversário. Eles (Flamengo) não precisam perder para o São Paulo, basta empatar — disse o técnico Abel Braga.
A matemática do treinador está correta. Caso o clube paulista segure um empate, deixaria a briga pela taça em pé de igualdade. Colorados e rubro-negros terminariam com 72 pontos e 21 vitórias. Mas o time gaúcho teria vantagem no saldo de gols (atualmente, a diferença é de cinco gols). Portanto, a toalha não foi jogada ao chão. Mesmo sofrido com a derrota, indignado com a arbitragem e precisando de um resultado paralelo, o sonho continua.
— A gente não pode pensar no jogo do Morumbi, porque vamos deixar de fazer a nossa parte. De repente, se o São Paulo fizer 1 a 0, eu aviso — brincou o comandante colorado.