Uma semana depois, a memória de Diego Armando Maradona será homenageada da maneira que ele merece. Com bola rolando a partir das 21h30min, no Beira-Rio. Inter e Boca Juniors disputam nesta quarta-feira a partida adiada pela morte do craque, válida pela abertura do confronto entre eles nas oitavas de final da Libertadores.
A pandemia impede que haja a cerimônia ideal, que certamente envolveria silêncio, aplauso, gritos e até lágrimas de um estádio lotado, pintado 90% de vermelho e 10% de azul e amarelo, unidos em nome do ídolo sul-americano, ao menos antes do apito.
Mas o cenário é esse, sem torcida, sem aglomeração e sem barulho. Resta, então, homenagear pelo telão e, se possível, dentro do campo.
É preciso ser sincero e não iludir a torcida colorada. Dados os jogadores à disposição e à fase do time, não é razoável esperar que o Inter vá brilhar como Maradona. Mas é, sim, possível homenagear o argentino com outra característica.
Diego sempre foi apaixonado pelo futebol. Em seu discurso de despedida, na Bombonera lotada, falou que a bola não se mancha. E, em uma entrevista a si mesmo, disse:
— Se eu morrer, quero nascer de novo e quero ser jogador de futebol. E quero ser Diego Armando Maradona novamente. Sou um jogador que deu alegria às pessoas e isso é suficiente para mim.
É dessa paixão que os jogadores do Inter precisam para superar o atual campeão argentino e um dos mais tradicionais do futebol mundial. Deve ser impossível tratar a bola como Maradona tratou, por isso é necessário tratar o futebol como Maradona tratou.
Em uma série negativa (desde a chegada de Abel Braga, o Inter venceu apenas um jogo, contra o América-MG, que ainda terminou em derrota nos pênaltis), a reação terá de vir na Libertadores, depois de cair na Copa do Brasil e sair da liderança do Brasileirão.
— A vitória contra o Boca Juniors pode ser a chave para a virada para a nossa caminhada até o dia 24 de fevereiro — disse Thiago Galhardo, principal expoente do time até um mês atrás, mas que não consegue mais repetir as boas atuações.
Do lado do Boca, a comoção ainda está a flor da pele. Herdeiro da 10 xeneize, capitão da equipe, Carlos Tevez pediu para ser preservado da partida de domingo, contra o Newell's Old Boys, na Bombonera, alegando ainda estar abalado pela morte de Maradona, com quem tinha uma relação quase de filho para pai. Porém, diante do Inter, estará em campo.
De acordo com o jornal Olé, o jogador contou a pessoas próximas que não apenas quer estar presente na partida como homenagear Maradona se fizer gol. No último encontro de ambos, em fevereiro deste ano, o atacante foi ao banco de reservas do Gimnasia, onde estava o treinador Maradona, e lhe deu um beijo na boca.
Os argentinos agradeceram ao Inter pela cerimônia feita na semana passada, quando, no momento em que a partida seria iniciada, o clube lançou um vídeo prestando condolências e homenageando o herói do título da Copa de 1986. Será uma partida especial, que, sem torcida, precisará do campo para celebrar a obra de Maradona.
E para o Inter, a derradeira chance de reação em um ano que chegou a ser promissor e que pode acabar melancólico.