Além das variações táticas e de preparação física para compensar o alto índice de lesões pós-pandemia, o futebol brasileiro tem revelado um novo aspecto no trabalho dos treinadores do Brasileirão. A ausência de torcedores nas arquibancadas destaca a potência vocal dos técnicos.
Líder com o Inter, Eduardo Coudet chama a atenção pela constância dos gritos que usa para comunicar-se com seus atletas na beira do campo. O meia Marcos Guilherme diz que a característica do argentino é uma das responsáveis pelo sucesso Colorado na temporada.
— Quando eu jogo pela direita estou do ladinho dele, escuto bastante — riu o meia, em entrevista ao Show dos Esportes desta segunda-feira (26):
— Pode ter certeza que nos treinamentos é ainda pior.
Pior, mas funciona. O próprio jogador reconhece que a exigência manifestada verbalmente supera as diferenças no idioma e reforça a necessidade de entrega total dentro das quatro linhas. Com característica de velocidade, Marcos Guilherme explica que não pode nem cogitar diminuir o ritmo da movimentação.
— Quando você pensa em dar uma dosada, ele já tá em cima gritando para que você dê o máximo. Isso é importante. Quer sempre tirar o máximo do grupo. Levamos isso de uma forma muito boa, porque ele quer nos ajudar. Por isso que estamos como estamos — argumenta o atleta.
Recentemente, Marcos Guilherme concedeu entrevista coletiva abrindo o jogo sobre seu desempenho na temporada. O meia iniciou o ano no banco de reservas, conquistou espaço com gols importantes pela Libertadores e foi titular antes da parada pela pandemia. No retorno, entretanto, voltou a ser reserva. A reflexão é exposta com naturalidade pelo jogador de 25 anos:
— Antes da pandemia eu estava rendendo muito mais, as jogadas estavam entrando. Fisicamente também estava encaixado, tudo muito melhor. Na volta tive alguns jogos abaixo, saí da equipe titular porque não estava rendendo. Me cobrei muito. Treinei mais e falei com a comissão técnica e o Coudet para saber o que precisava para eu retomar o lugar no time. Acho que nos últimos quatro jogos tenho ajudado, mas ainda tenho muito a melhorar e crescer.
"Jogo do ano"
Marcos Guilherme começou no Athletico-PR e passou pelo futebol da Croácia e do Oriente Médio, onde ele mesmo define como de nível "abaixo do brasileiro". Neste domingo (25), teve direito à bola na trave no empate em 2 a 2 com o Flamengo, com quem o Inter divide a liderança do Brasileirão. A partida é elogiada pela mídia nacional, e o meia reconhece o nível da partida:
— A gente já esperava que seria um jogo muito aberto. a nossa equipe atacando e a deles atacando também. Dentro de campo a gente via que era um jogo de muita qualidade, um espetáculo.
Ele admitiu, porém, que o time tem cansado nos 45 minutos finais:
— Estamos procurando uma resposta, porque no primeiro tempo estamos pressionando, e no segundo, cansamos.