Eduardo Coudet já alertou para a maratona que aguarda o Inter em setembro. Além do Brasileirão, o nono mês do ano reserva também o retorno da Libertadores, em uma sequência de nove partidas em um intervalo de 27 dias a contar a partir desta quarta-feira, quando o Inter visita o Palmeiras pela sétima rodada do campeonato nacional.
Até que a competição continental retorne, porém, o desafio é somar pontos que garantam a gordura necessária para estar no topo da tabela na hora em que se misturarem os torneios. Desta quarta-feira até 16 de setembro, data da reestreia na disputa sul-americana, em casa diante do América de Cali, são quatro jogos.
Palmeiras — 2/9 — Allianz Parque
É possível analisar o desempenho do Palmeiras usando a teoria do copo meio cheio ou meio vazio. Para quem for mais otimista, o discurso é: o time de Vanderlei Luxemburgo está invicto no Brasileirão, foi campeão paulista e lidera seu grupo na Libertadores com 100% de aproveitamento. Além disso, vem de uma sequência de 10 partidas sem perder. A equipe é dona da melhor defesa do país, levou apenas 12 gols em 23 partidas em 2020. Além disso, o poderio financeiro do clube garante ao treinador mais vitorioso da história do país nomes como Weverton, Felipe Melo, Gustavo Gómez, Viña, Ramires, Luiz Adriano, só para citar quem já foi convocado para defender as seleções de seus países.
O problema, para os paulistas, é que o time não consegue engrenar. Para quem preferir o copo "meio vazio", os dados: até ganhar do Athletico-PR (graças a um gol nos acréscimos), em 19 de agosto, o time não tinha superado nenhum adversário da Série A na temporada — e o Paulistão tem cinco representantes. No ano, são duas vitórias contra rivais do mesmo nível (além do Furacão, o Palmeiras bateu o Santos na rodada seguinte). O time sofre críticas de torcedores e analistas por não desenvolver o jogo à altura da expectativa criada pelos nomes à disposição do treinador.
Bahia — 6/9 — Beira-Rio
Após seis rodadas de Brasileirão, o Bahia está em um lugar condizente com seu orçamento. A equipe tem oito pontos e está na oitava posição, à frente do Flamengo e atrás do Fortaleza pelo saldo de gols (mas tem um jogo a menos do que ambos). Antes de vir a Porto Alegre enfrentar o Inter, o time de Roger Machado tem justamente o atual campeão brasileiro pela frente, hoje à noite, na Fonte Nova.
Apesar da posição segura e do título baiano conquistado com uma equipe alternativa, há pressão sobre a comissão técnica. A perda da Copa do Nordeste para o Ceará (que inclusive voltou a vencer os baianos pelo Brasileirão) subiu a temperatura. E o empate buscado nos acréscimos contra o Palmeiras fez até o presidente Guilherme Bellintani se manifestar no Twitter:
"Um papo reto, aberto e franco com você, torcedor do Bahia. Há inúmeros motivos para o 'Fora Roger'. Há frustrações compreensíveis. Todos nós sabemos que podemos e merecemos mais. A decisão mais fácil para a diretoria e mais aplaudida pela maioria da torcida seria trocar o treinador ainda antes do início do Brasileirão. Um alívio de curto prazo e muitos tapinhas nas costas. Pensamos seriamente nisso, até porque a troca não seria uma decisão absurda (...) Ser omisso para nós seria trocar o treinador sempre que tivéssemos um momento ruim da equipe. Segurar a pressão quando acreditamos ainda haver potencial pra evolução é uma escolha que requer firmeza. Não é teimosia, é decisão com base na avaliação de todo o cenário", dizem alguns dos trechos.
Ceará — 10/9 — Beira-Rio
Atual campeão da Copa do Nordeste, o Ceará também terá um setembro corrido, em uma maratona que envolve Copa do Brasil e até a decisão do Estadual, contra o Fortaleza (adversário desta quarta à noite pelo Brasileirão). A equipe começou mal o Brasileirão, perdendo para Sport e Vasco e empatando com os reservas do Grêmio em casa, mas vem em ascensão, com três vitórias seguidas.
Para o Inter, o lado bom enfrentar um adversário com um mês tão complicado pode ser o fato de que o clube escolha a viagem mais longa do campeonato, com mais de 4,2 mil quilômetros para poupar jogadores. Antes e depois de vir ao Sul, os cearenses jogarão em casa diante de Santos e Flamengo.
O time tem uma legião de ex-profissionais com passagem pelo Inter. A começar pelo treinador, Guto Ferreira, que comandou o título da Copa São Paulo de 1998, e teve sua primeira passagem profissional em 2002 no Beira-Rio (antes de retornar em 2017). André Luis, seu auxiliar, é o defensor com mais gols da história colorada.
Em campo, o zagueiro Klaus, os volantes Fabinho e Charles andaram pela equipe nos últimos anos. Há também Rafael Sobis, herói das duas conquistas da Libertadores. E o que não falta é jogadores com passagem pelo RS: Fernando Prass, Bergson, Léo Chu e Lima (Grêmio), Brock (Brasil-Pel), Vinícius Barbosa (Esportivo), Ricardinho e Tiago Pagnusat (Caxias).
Goiás — 13/9 — Serrinha
O Goiás tem dois jogos atrasados para cumprir no Brasileirão. Em razão de um surto de covid-19, o time não entrou em campo na primeira rodada mesmo com o adversário (São Paulo) já posicionado para iniciar a partida, e no último final de semana, deveria ter enfrentado o Grêmio, mas o Tricolor estava envolvido na decisão do Gauchão, o que inviabilizou a partida. Ainda não há data reservada para recuperar essas partidas.
Por essas razões, a antepenúltima posição dos goianos na tabela é, em parte, ilusória. O time tem uma vitória, um empate e duas derrotas após quatro compromissos. Trocou de treinador, demitindo Ney Franco e contratando Thiago Larghi para seu lugar, após um mau começo no Brasileirão. A equipe só tem a Série A para disputar, já que caiu na Copa do Brasil para o Vasco, nos pênaltis.
O time tem como destaque o centroavante Rafael Moura, velho conhecido colorado, que é o líder e capitão do time. Outro atleta importante é o zagueiro Rafael Vaz, um dos melhores cobradores de falta do país. Para o Inter, o jogo do ano passado ainda segue na retina: mesmo com reservas, a equipe gaúcha saiu na frente, ficou com um jogador a mais antes da metade do primeiro tempo e não soube segurar a vantagem, perdendo a partida de virada e complicando sua situação no Brasileirão.