Centroavante de área, 1m85cm de altura, convocações para a seleção e participação em uma Copa do Mundo. A descrição poderia ser de Paolo Guerrero, mas é de Abel Hernández, atleta que o Inter mira justamente para substituir o peruano.
Além de se encaixar no perfil necessário para vestir a camisa 9, o uruguaio tem outra característica fundamental para despertar o interesse colorado: está livre no mercado, depois de ter se desvinculado do Al-Ahli, do Catar, e pode ser inscrito nas competições sem esperar a abertura da janela de transferências de outubro.
— Teve altos e baixos na carreira. Seu melhor momento foi no Hull City, da Inglaterra. Jogador de bom posicionamento dentro da área e com bons recursos para finalizar. É canhoto, mas também chuta bem de direita. No jogo aéreo é normal, não é sua principal característica, mas o faz bem. Agora, faz muito tempo que não o vejo, mas se destacava também pela velocidade — avalia Alfonso Irrazabal, jornalista da Rádio Nacional, de Montevidéu.
Outro ponto que contribui para a negociação é que o atleta é agenciado por Pablo Betancourt, um velho conhecido da diretoria colorada — há bem pouco tempo também conduzia a carreira do atacante Nico López, hoje no Tigres-MEX.
— Pablo está trabalhando, mas por causa da pandemia, está tudo quieto — declarou o próprio Abel, em maio, ao canal de televisão Teledoce, do Uruguai. — Minha ideia, obviamente, é ir a uma liga mais competitiva. Fui para o Catar para me reencontrar como jogador, porque estava na Rússia (CSKA Moscou), onde não me dei bem, não joguei tantos minutos como havia pensado. Então, fui a um lugar onde eu poderia jogar e me sentir jogador. Agora, vou esperar o mercado de transferências e tentar ir a outro lugar — concluiu ele que, neste ano, disputou apenais seis jogos, o último deles ainda em março.
Natural de Pando, cidade localizada a 30 quilômetros de Montevidéu, Abel surgiu como profissional no pequeno Central Español, no final dos anos 2000, e logo despertou o interesse dos gigantes da Capital. Na época, foi apelidado de "La Joya".
— Não tenho dúvidas sobre sua capacidade. Creio que pode ser o substituto (de Guerrero). Tem definição e velocidade. É muito forte mentalmente. Classe A. E uma boa pessoa — avalia o técnico Mario Saralegui, que pediu sua contratação pelo Peñarol em 2008.
Convocado para seleções de base e chamado até para os Jogos Olímpicos de Londres, o jogador iniciou sua trajetória na seleção principal do Uruguai em 2010. Esteve presente em três Copas Américas (sendo campeão em 2011) e na Copa do Mundo de 2014, disputando duas partidas. No total, jogou 28 jogos com a camisa celeste e marcou 10 gols. Sua última convocação foi em 2017, durante as Eliminatórias para a Copa na Rússia.
— É um atacante que faz gols, de definição e um potente jogo aéreo. Não brilhou na seleção porque teve grandes atacantes com quem competia, como Suárez e Cavani, que fizeram história no futebol uruguaio. Abel Hernández foi sempre o primeiro suplente dos dois. Por isso, não teve mais minutos na seleção, mas sempre esteve nos planos do técnico Óscar Tabárez — avalia Ernesto Farias, jornalista da Rádio Universal, de Montevidéu.
Aos 30 anos, o centroavante não tem mais a chance de alcançar o protagonismo que se esperava dele, mas busca retomar um espaço que foi perdido — muito por conta de diferentes problemas médicos. Logo aos 18 anos, quando estava sendo vendido para o futebol italiano, o jogador teve diagnosticada uma arritmia cardíaca que o afastou dos gramados por um mês. Passado o susto, rumou para o Palermo, onde fez dupla de ataque com o compatriota Cavani. Porém, sofreu uma ruptura dos ligamentos do joelho direito em 2012, que o deixou de molho por 180 dias. Período semelhante de afastamento foi vivido na Inglaterra, em 2017, quando passou por cirurgia no tendão de Aquiles.
— É um jogador com muitos anos de carreira e, se não tiver outros problemas de saúde, pode ser muito importante no Inter — finalizou Farias.
Confira os números da carreira de Abel Hernández:
2006/2008 — Central Español: 30 jogos e 9 gols
2008/2009 — Peñarol: 8 jogos e 3 gols
2009/2014 — Palermo: 122 jogos e 36 gols
2014/2018 — Hull City: 110 jogos e 39 gols
2018/2019 — CSKA Moscou: 15 jogos e 3 gols
2019/2020 — Al Ahli: 18 jogos e 8 gols
*números do site OGol.com.br