João Peglow pode receber, aos 18 anos, a oportunidade que espera desde que chegou ao Inter, quando tinha apenas nove. Em sua primeira temporada como profissional, o menino que se destacou na seleção sub-17 é um dos aspirantes à vaga que se abriu no ataque colorado a partir da lesão de Paolo Guerrero.
Mas não é só a esse posto que o guri formado na base se candidatou: por ser polivalente, não descarta fazer outra função, no meio-campo, especialmente aberto por direita ou esquerda. Por telefone, ele atendeu a reportagem de GaúchaZH.
Antes de tudo, queria me desculpar. No gol contra o Atlético-GO, escrevi que foi o Marcos Guilherme quem cobrou o escanteio no gol do Musto. Corrigimos na edição, no site, falei nas redes sociais e nas rádios Atlântida e Gaúcha também, mas errei. A assistência foi tua.
Ah, sim, eu vi. Não esquenta, tudo certo (risos).
Aliás, como foi a repercussão daquele jogo?
Foi muito bom, recebi várias mensagens de amigos, família, dando parabéns. Foi um momento que sempre sonhei, que sabia que ia chegar e tinha que aproveitar da melhor maneira. O mais importante é que vencemos.
Tua estreia como titular foi em um estádio vazio, penso que bem diferente do que imaginavas. Como é jogar sem torcida?
É diferente, claro que gostamos de jogar com público, é uma emoção diferente, uma vibração. É estranho, é uma coisa que temos de nos adaptar. Pelo menos as caixas de som dão uma emoção (risos).
Por outro lado, diminui a pressão do momento, não?
Fora de casa, principalmente, com a pressão do torcedor adversário. Sem torcida, não tem mais isso, fora e casa parece a mesma coisa.
Qual é a posição de João Peglow?
Atacante.
Sim, mas nesse 4-1-3-2 do Coudet, quais posições tu podes jogar?
Posso fazer o meia pela direita, o meia pela esquerda e os dois da frente.
Essa polivalência pode te ajudar a ganhar mais oportunidades?
Acho que o grupo tem vários jogadores que são assim. E é bom que seja assim. No meu caso, contra o Fluminense, por exemplo, a gente precisava de alguém para buscar jogo, foi o que fiz. Tenho essa facilidade de jogar em mais funções.
Claro que é impossível substituir um jogador como Guerrero, pela qualidade que tem e pelo que representa. Mas como adaptar o time para essa nova realidade, sem ele?
Primeiro quero falar do Paolo (Guerrero). Para mim, é muito difícil perder um cara como ele, considero o melhor centroavante da América. Mas conseguimos jogar, ganhamos de Atlético-GO e Atlético-MG sem ele. Muda um pouco, não temos mais o homem de área, mas vamos nos adaptar.
Vocês chegaram a conversar com ele?
Mandamos mensagem positiva, desejando força. O grupo todo se manifestou.
Quem são teus amigos no time?
Sou bem próximo dos moleques da base. Mas tem outros, Galhardo, Moisés, Rodinei, Boschilia. É um grupo muito bom, todo mundo se dá bem, brinca. Acho que é por isso também que estamos jogando bem.
Não lembras quando o Brasileirão tinha final, mata-mata (até 2002, ano em que Peglow nasceu). Mas desde que o campeonato assumiu a fórmula de pontos corridos, o Rio Grande do Sul nunca conseguiu vencer. Tem como um time gaúcho ser campeão? Pergunto porque vocês estão na liderança, ainda que seja começo de competição.
Claro que tem. Vamos brigar por isso, temos um grupo qualificado. Nosso objetivo é ganhar o máximo de títulos que tiver. É um sonho, e vamos brigar até a última rodada por isso.
Existe alguma escala de prioridades entre as competições, Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores?
Não tem. Nosso grupo é qualificado, é bom, e vamos brigar por tudo.
Quem é teu ídolo hoje, aos 18 anos?
Sempre falei que é o Cristiano Ronaldo, exemplo dentro e fora de campo. Mas não posso deixar de falar do Neymar, nosso melhor jogador, para mim o melhor do mundo em 2020, tomara que escolham.
Vai dar tempo de jogar com ou contra eles?
(Risos) Com o Cristiano acho mais difícil, com o Neymar acho que dá. Imagina, seria um sonho, uma honra.
Mesmo com tua história recém começando como profissional, já pensas em carreira internacional, preparas alguma coisa como naturalização, aprender idioma?
Todo jogador pensa, não tem como ser diferente. E acho muito importante aprender outra língua, principalmente inglês. Mas agora não estou fazendo nada.
Chegaste a terminar os estudos?
Terminei o colégio.
E faculdade, pensaste em fazer?
Agora ficou muito difícil, até pensei em fazer, mas não tem como neste momento.
Tua família é do Interior, moras sozinho em Porto Alegre?
Não, moro com meus pais, eles vieram para cá.
O que gostas de fazer no tempo livre?
Gosto de ficar em casa, dar um tempo com a família, ainda mais nesse período de pandemia. Antes da pandemia, até encontrava alguns amigos, conversar. Mas agora não tem como.
Ficas vendo séries?
Nessa pandemia, muito.
Algo a sugerir?
Hoje estou vendo Prison Break.
Muito bem. Obrigado pela conversa, boa sorte aí. Ah, e te prometo que, se for eu na cobertura, não vou errar teu nome quando fizer o primeiro gol.
Ah, não! Gol não pode erar, né? (risos)