O jogo entre Inter e Atlético-MG marcará o duelo entre os técnicos argentinos e amigos Eduardo Coudet e Jorge Sampaoli. Adeptos de uma ideia ofensiva, eles se aproximaram pelo pensamento semelhantes que têm de futebol. Quinze anos mais novo, o comandante colorado tem o rival deste sábado (22), às 19h, quase que como um mentor.
Ex-meia de clubes como River Plate, San Lorenzo e Rosario Central, Coudet projetou sua carreira treinador em busca de um jogo ofensivo, algo que Jorge Sampaoli já praticava com sucesso, principalmente quando comandou a Universidad de Chile e a seleção chilena, campeã da Copa América de 2015.
Autor da biografia autorizada de Jorge Sampaoli, o livro "No Escucho y Sigo" (Não Escuto e Sigo), o jornalista argentino Pablo Paván revela que a relação entre Coudet e Sampaoli foi aproximada após a passagem do atual comandante do Inter pelo Rosario Central, sua primeira experiência como treinador.
— A relação entre eles é próxima, mas também jovem. Faz pouco tempo que eles se conhecem, basicamente do momento que o Coudet começou a treinar. Ele estava buscando influências e encontrou o Sampaoli. Depois, quando Sampaoli treinou a seleção argentina, estabeleceram um vínculo mais próximo também trocando informações sobre jogadores com potencial de convocação — cita Pablo Paván.
— São dois treinadores que coincidem em um ponto. Eles primeiro olham para o gol rival, depois para o próprio. Tanto Sampaoli quanto Coudet têm visões de jogo muito ofensivas. Eles querem ser protagonistas do jogo, ter a bola. É muito difícil ver um time de Coudet que jogue para se defender ou esperando o adversário errar para atacar. O mesmo acontece com as equipes do Sampaoli — observa o analista tático do Diário Olé, Vicente Muglia.
Apesar do perfil parecido, os dois treinadores têm formas diferentes de executar esse futebol ofensivo que lhes une. Eduardo Coudet é adepto de um jogo mais direto, de poucos passes para chegar ao gol. Já Jorge Sampaoli ao longo da carreira se aproximou da escola holandesa, do chamado jogo de posição, o mesmo praticado por técnicos como o espanhol Pep Guardiola e o holandês Louis van Gaal. Seus times também costumam trocar mais passes até finalizar.
— Eles querem a bola para jogar, querem ser protagonistas e agressivos desde os zagueiros. Por isso querem que os zagueiros saiam jogando, que tenham capacidade de conduzir a bola. A principal diferença é que o Sampaoli busca jogar com extremos, sempre com atacantes abertos pelos lados. O seu sistema preferido é o 4-3-3, mesmo que varie bastante. Já o Coudet não costumar jogar assim. Ele é adapto do 4-1-3-2 e usa os laterais para dar essa amplitude — completa Muglia.
— Os dois sempre usam jogadores abertos, mas com propostas diferentes. O Coudet usa os laterais como uma estratégia para jogar pelo lado quando não dá por dentro, mas a ideia central é jogar por dentro. O Sampaoli pensa que ele deve atacar pelo lado, começa as jogadas pelo meio para terminar pelo lado. O Coudet começa pelo lado e termina por dentro — aponta o analista tático do site globoesporte.com Leonardo Miranda.
Outro ponto em que Jorge Sampaoli e Eduardo Coudet se diferenciam está em relação a Marcelo Bielsa, que virou referência de futebol ofensivo na Argentina desde os anos 1990 e tem Sampaoli como um seguidor. Já Coudet tem diferenças com “El Loco” ainda nos tempos de jogador, além de carregar a rivalidade entre Newells’ Old Boy e Rosario Central na relação entre eles.
— Rosario é extremamente passional no futebol. O clássico Newell’s e Central é tão forte como o Gre-Nal. O Bielsa está identificado com o Newell’s e o Coudet com o Central. Por isso é muito difícil haver uma identificação entre eles — diz o jornalista argentino Pablo Paván.
Entre semelhanças e diferenças na forma de atacar, o certo é que Inter e Atlético-MG devem fazer um jogo aberto neste sábado. O torcedor colorado espera que as ideias de Coudet superem as do amigo Sampaoli para tentar alcançar a liderança do Brasileirão novamente.