Há um ano fora dos gramados por conta de uma lesão no joelho esquerdo, Rodrigo Dourado enfim está perto de voltar a atuar pelo Inter. Durante o processo de recuperação, o volante recorreu a um tratamento à base de células-tronco para acelerar a cicatrização do edema ósseo que lhe causava dores. A técnica já foi utilizada por diversos atletas de ponta no mundo, como o craque português Cristiano Ronaldo e o tenista espanhol Rafael Nadal.
Com o aval do departamento médico colorado, o procedimento foi feito no início do ano, em Porto Alegre, pelo ortopedista gaúcho Luiz Felipe Carvalho, especialista em medicina regenerativa. Foram aplicadas células da medula óssea do próprio jogador na região lesionada, com o objetivo de acelerar a recuperação.
— O procedimento consiste na colocação de um enxerto de medula óssea do próprio paciente em cima da lesão, na tentativa de uma cicatrização mais rápida. Fazendo isso, a gente ajuda o corpo a se recuperar com células próprias. Normalmente, a resposta é imediata. Claro que dependendo do grau da lesão: tem vezes em que leva um pouco mais de tempo, mas normalmente é uma resposta imediata — explica o médico Luiz Felipe Carvalho a GaúchaZH.
A técnica, também conhecida como terapia celular ou pelo acrônimo BMAC (Concentrado de Aspirado de Medula Óssea, na sigla em inglês), foi sugerida a Dourado pelo fisioterapeuta da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Luiz Fernando Garcia, o Pato, que trabalhou no Inter entre 2011 e 2013. O profissional teve a ideia ao atender um outro atleta que já tinha se beneficiado da técnica.
— Eu estava tratando um jogador chamado Lucas Gaúcho (atacante do Qadsia, do Kuwait), que fez uso da técnica BMAC com o Dr. Luiz Felipe. Vi a resposta rápida e o quanto o tratamento foi benéfico para o jogador. Entrei em contato com o Rodrigo, expliquei para ele como funcionava e ele se interessou. Dei a ideia de ele falar com o Lucas e passei o contato do Dr. Luiz Felipe. Ele entrou em contato, houve os trâmites entre os médicos do Inter e o Dr. Luiz e deu tudo certo — conta Garcia.
O uso da terapia celular para acelerar a recuperação de atletas não é inédito na medicina esportiva. Em 2016, o atacante Cristiano Ronaldo fez uso do mesmo tratamento à base de células-tronco para curar de forma mais rápida uma lesão muscular na coxa direita e conseguir atuar no jogo de volta da semifinal da Liga dos Campeões da Uefa, contra o Manchester City.
Nos últimos anos, o tenista espanhol Rafael Nadal, o jogador de futebol americano Peyton Manning e o lutador de MMA Rodrigo Minotauro também foram tratados com esta técnica de terapia celular. Na América do Sul, além de Rodrigo Dourado e Lucas Gaúcho, o médico Luiz Felipe Carvalho já realizou o procedimento no atacante do Grêmio Ferreira e no tenista argentino Pablo Cuevas. Segundo o especialista, a alta concentração de células da medula óssea permite que a região lesionada cicatrize de forma muito mais rápida que o normal.
— A técnica pode ser aplicada em qualquer lesão osteomuscular, seja muscular, estiramento ou lesão de fáscia plantar. Pode ser usada em todos os tipos de lesão. Em todos esses casos, ela pode acelerar a recuperação. Existe uma estimativa de que a técnica vai cicatrizar a lesão em 50% do tempo estimado — explica.
Dourado convive com a lesão desde o primeiro semestre de 2019, quando sofreu um entorse no joelho esquerdo. Após ser submetido a uma artroscopia, em maio daquele ano, o jogador retornou aos gramados no dia 10 de julho, na derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Foi a última vez que o atleta entrou em campo.
Nas semanas seguintes à partida, o jogador voltou a sentir dores e retornou ao departamento médico. Como os exames de imagem constataram a presença de edema ósseo no joelho esquerdo, o meio-campista foi submetido a uma segunda artroscopia, em setembro do ano passado e seguiu realizando tratamento médico.
Em 2021, após o procedimento de terapia celular, Rodrigo Dourado seguiu realizando tratamento intensivo com os médicos e fisioterapeutas do clube. Em 29 de maio, o Inter anunciou a renovação de contrato do meio-campista até dezembro de 2022.
— Estou muito feliz com a renovação, com a confiança da diretoria e com a confiança do clube. Espero voltar o mais rápido possível para jogar com a camisa do Inter, que foi o que eu sempre fiz desde pequeno. Estou me sentindo bem e espero voltar a fazer o que mais amo que é jogar futebol — disse o volante ao site oficial do clube.
O Inter não comenta oficialmente o tratamento realizado por Rodrigo Dourado e informa que o atleta está em retreinamento físico, ainda sem uma data prevista para voltar jogar. O volante realiza trabalhos individuais no CT do Parque Gigante e, ocasionalmente, participa de algumas atividades com o restante do grupo. Nos bastidores, há a expectativa de que, em pouco tempo, ele estará à disposição do técnico Eduardo Coudet.