Campeão da Libertadores e do Mundial em 2006, o Inter completou a tríplice coroa sul-americana no ano seguinte ao levar também a Recopa. Entre as competições em disputa naquela metade final da década de 2000, a taça Copa Sul-Americana era a única que ainda faltava na sala de troféus do Beira-Rio até 2008.
Foi com a motivação de poder se dizer campeão de tudo que o Inter entrou no gramado do novo Estádio de La Plata para encarar o Estudiantes naquela noite de novembro de 2008. No caminho até a final, o Colorado havia superado o Grêmio, logo na primeira fase, e passado pelo gigante Boca Juniors e pelos perigosos Chivas-MEX e Universidad Católica-CHI. Faltava ainda encarar um clube que vinha buscando reviver grandes glórias.
Tricampeão da América, o Estudiantes havia recuperado o progonismo no seu país ao conquistar de forma heroica o Torneio Clausura de 2006. A Sul-Americana marcava a a oportunidade de um novo título continental com olhares no passado. Vestindo a camisa 11 e com a faixa de capitão no braço estava o meia Juan Sebastián Verón, que voltava ao clube que iniciou a carreira e que seu pai, Juan Ramón Verón, foi protagonista no tri da Libertadores de 1968, 1969 e 1970.
Para encarar o Estudiantes, o técnico Tite manteve a linha defesa com quatro zagueiros: Bolívar, Índio, Álvaro e Marcão. À frente os três volantes Edinho, Guiñazu e Magrão davam suporte e liberdade para o trio ofensivo formado por D’Alessandro, Alex e Nilmar. Assim, o Inter iniciou o jogo tentando jogar de igual para igual com o Estudiantes sem tomar conhecimento da torcida argentina. A partida foi retransmitida nesta quarta-feira (1) pela Rádio Gaúcha no projeto Saudade do Esporte.
O Colorado levava o jogo bem até que um de seus jogadores mais experientes cometeu um erro infantil. Já amarelado, Guiñazu fez falta em Verón e foi expulso aos 24 minutos. Entrou em cena o lado estratégico de Tite. O treinador recuou D'Alessandro e Alex, montou o time com duas linhas de quatro e deixou Nilmar como válvula de escape para o contra-ataque.
A estratégia deu resultado. Aos 33 minutos, D'Alessandro lançou Nilmar. O atacante ganhou na velocidade do zagueiro Desábato, que fez o pênalti. Coube a Alex fazer a cobrança. O camisa 10 teve de bater duas vezes - a primeira foi invalidade pelo árbitro Carlos Amarilla por invasão de Magrão à área - para abrir o placar: 1 a 0.
O Estudiantes sentiu o gol e o Inter ainda teve duas chances para ampliar antes do intervalo. D'Alessandro levou perigo em falta e Nilmar teve um impedimento mal marcado quando ficaria livre com o goleiro Andújar.
Com a necessidade do resultado positivo diante do sua torcida e com um homem a mais, o Estudiantes partiu para a esperada pressão no segundo tempo. Os espaços, no entanto, eram curtos. A marcação colorada fechava bem a área e forçava os argentinos a exagerar nos cruzamentos.
A insistência nas bolas cruzadas, principalmente com Verón, foi grande ao longo dos 45 minutos finais e transformou Lauro em uma das figuras da decisão. Seguro nas saídas, o goleiro colorado quase não deu chances dentro da pequena área. Nos cruzamentos mais abertos, a defesa formada por quatro zagueiros conteve o perigoso centroavante Mauro Boselli.
— O Tite teve coragem de montar o time com essa linha de quatro defensores e deu certo. Era uma proteção da defesa, mas também tinha o Edinho no meio de campo. Ele foi um dos melhores que atuei nessa posição. Ele fechava bem os espaços para as finalizações. Os quatro zagueiros mais o Edinho formavam um quinteto difícil de passar — relembrou o goleiro Lauro.
O Inter até teve chances para ampliar no segundo tempo com Magrão e Nilmar. A melhor delas foi com o centroavante após passe errado de Angeleri, mas Andújar fez a defesa. A vitória estava mesmo escritano gol de pênalti de Alex, 1 a 0 que era um passo importante, mas não garantia tranquilidade para a decisão no Beira-Rio.
Copa Sul-Americana - Final, jogo de ida
Estudiantes 0 x 1 Inter
Estudiantes
Andujar; Angeleri, Alayes (Calderón), Desábato e Díaz; Galván (Moreno y Fabianesi), Matías Sánchez, Verón e Benítez; Salgueiro (Gastón Fernández) e Boselli. Técnico: Leonardo Astrada.
Inter
Lauro; Bolívar, Índio, Álvaro e Marcão; Edinho, Magrão, Guiñazu e D'Alessandro (Sandro); Alex (Gustavo Nery) e Nilmar (Danny Morais). Técnico: Tite.
Gol: Alex (I), aos 35 do primeiro tempo
Arbitragem: Carlos Amarilla, auxiliado por Manuel Bernal e Emigdio Ruiz (trio paraguaio)
Local: Estádio Ciudad de La Plata, em La Plata, na Argentina