O Inter foi o brasileiro precursor na segunda principal competição entre clubes do continente. Em 2008, a equipe comandada pelo técnico Tite, hoje na Seleção Brasileira, conquistou um feito que nenhum outro clube no país havia conseguido até então: levantar o troféu da Copa Sul-Americana.
A competição foi criada em 2002, em substituição às antigas copas Mercosul e Merconorte. No primeiro ano, porém, nenhum clube brasileiro participou do torneio em razão da falta de datas no calendário. Com o tempo, entretanto, a copa passou a ganhar prestígio.
Inicialmente, ela dava apenas uma vaga na Recopa Sul-Americana, partida jogada contra o campeão da Libertadores. Com o passar dos anos, passou a valer mais dinheiro e classificava o campeão para disputar a Copa Suruga Bank contra o vencedor da Copa da Liga Japonesa.
Ainda que não tivesse tanta relevância esportiva, projetava internacionalmente a imagem dos clubes sul-americanos e rendia uma boa quantia em dinheiro. Quando o Inter foi campeão, em 2008, o prêmio do torneio na Ásia era de US$ 500 mil (quase R$ 1 milhão) para o campeão — valor alto para os padrões da época.
— A conquista de 2008 foi a reafirmação do Inter no cenário sul-americano. Além disso, o resultado significou uma taça inédita para o clube e serviu, ainda, para consolidar o trabalho do técnico Tite. A partir daquele momento, o Inter passou a ser campeão de tudo — recorda Luciano Périco, que narrará a partida de ida às 21h30min de desta quarta-feira (1º) na Rádio Gaúcha, vencida pelo Inter por 1 a 0, dentro do projeto Saudade do Esporte.
O título invicto do Inter, além de trazer ao Brasil pela primeira vez o troféu da Copa Sul-Americana, rendeu outras marcas importantes: valeu a alcunha de "Campeão de Tudo" para o Colorado e foi a primeira conquista de D'Alessando pelo clube gaúcho.
Para o futebol brasileiro, aquele título abriu os olhos de outras equipes, que viram no torneio uma chance de levantar uma taça. Claro, a competição ganhou ainda mais peso a partir de 2010, quando o campeão passou a ganhar uma vaga na Libertadores do ano seguinte.
— É uma taça importante. O Inter foi o primeiro brasileiro a conseguir porque sabia o que representava conquistar um título sul-americano. Claro que valer vaga na Libertadores aumentou a importância, mas um título dessa natureza já vale por si só — comenta o ex-treinador Muricy Ramalho, hoje comentarista do Grupo Globo.
Assim, o Inter de Tite abriu uma porta para os demais clubes brasileiros. Mostrou que ali existia o caminho para um título internacional — o que foi percebido por algumas equipes. Tanto que, depois de 2008, outros três times do país levantaram o troféu: São Paulo (2009), Chapecoense (2016) e Athletico-PR (2018). Um sinal de que o alerta colorado foi muito bem visto Brasil afora.