O presidente do Inter, Marcelo Medeiros, e representantes de outros sete clubes que têm contratos com a Turner participaram nesta terça-feira (30) de uma reunião com Jair Bolsonaro, em Brasília. O objetivo dos dirigentes foi levar ao presidente da República o imbróglio com a empresa norte-americana, que ameaça romper os acordos sem pagamento de multa. No encontro também foi tratada a questão sobre a Medida Provisória (MP) assinada por Bolsonaro, que altera os direitos de transmissão de televisão do futebol brasileiro.
— A reunião foi conduzida por um grupo que tem interesse comum, vinculado à Turner. Tínhamos uma agenda com o secretário nacional de comunicações e, depois, conversamos com o presidente da República. Expusemos a situação de um grande conglomerado estar saindo do país e deixando 40 milhões de torcedores sem o cumprimento daquilo que pactuamos. A reunião foi muito proveitosa — avaliou Medeiros.
A Medida Provisória nº 984/2020 assinada por Bolsonaro no último dia 18 mexe, entre outros itens, com a questão de direitos de transmissão das competições no Brasil. Se antes uma emissora precisava ter acerto com ambos os clubes para transmitir um jogo, a partir da MP basta um acordo com o time mandante para que a transmissão seja realizada. A visão dos clubes é que a medida traz um beneficio para a Turner, que poderá mudar sua postura em relação aos contratos.
— Com a publicação da MP, a própria Turner está vendo a valorização do seu produto. A MP permite que o clube mandante comercialize os seus jogos. No nosso entendimento há uma valorização do nosso produto. Não é que o Inter não aprovou a MP. O Inter desaprovou a forma, um movimento cuja iniciativa partiu do Flamengo. O conteúdo da MP vai ao encontro dos nossos interesses. Outros clubes tiveram o mesmo entendimento — completou o presidente colorado.
Além do Inter, estiveram presentes no encontro com Bolsonaro representantes de Ceará, Fortaleza, Coritiba, Athletico-PR, Palmeiras, Bahia e Santos.
Discussão com a Turner
O imbróglio começou em abril, quando a Turner ameaçou rescindir o acordo sem pagar multa, alegando quebra de contrato por parte dos clubes envolvidos. A emissora alegou que Palmeiras, Santos, Inter, Athletico-PR e Fortaleza tiveram mais de seis jogos transmitidos em TV aberta ou streaming para as praças em que foram realizados, tirando o peso de seu produto.
O argumento, porém, levantou a suspeita entre os clubes de que a empresa estaria dando uma desculpa para se retirar do mercado brasileiro. Assim, eles negociam em bloco, por meio da empresa Livemode, para chegar a um acordo antes de entrar na Justiça. A diretoria colorada, por conta da particularidade de seu contrato de menor extensão, acertou no começo do mês com o escritório de advocacia TozziniFreire para intermediar as tratativas com a Turner.
O acordo do Inter com a Turner vai até o final deste ano. O clube gaúcho tem ainda cerca de R$ 28 milhões a receber da emissora.