A já delicada situação financeira do Inter pode se tornar dramática caso o futebol não seja retomado em até 60 dias. A avaliação é da direção colorada, que traçou uma estratégia para a sobrevivência do clube neste período. O plano inclui antecipação de cotas de televisão, receitas do quadro social e pequenas negociações de atletas.
A principal verba prevista para estes dois meses são os R$ 7,5 milhões da linha de crédito aberta pela CBF. O valor, pago em duas parcelas, corresponde a uma antecipação das cotas de televisionamento do Brasileirão pela Rede Globo. A primeira parte do pagamento está prevista para sexta-feira (26).
A quantia ainda não está definida. A direção colorada tenta receber já nesta primeira leva a maior parte possível da cota e utilizará as cifras para quitar os salários de maio dos atletas, que estão atrasados desde o último dia 5.
O Inter busca ainda outras receitas. Além de realizar campanhas de marketing para convencer os associados a se manterem em dia, mesmo sem jogos, a direção abriu a possibilidade de os sócios anteciparem mensalidades, recebendo benefícios por isso e garantindo mais valores para o clube neste período de pandemia. Segundo o presidente Marcelo Medeiros, por conta dessas ações, o quadro social cresceu, mesmo sem futebol.
— O Inter tem um certo fôlego, crescemos um pouco no nosso quadro social, temos patrocínios, parte da cota de TV e tivemos reduções salariais. Isso nos permitiu ter um fôlego, mas não vai muito longe. Já enfrentamos uma dificuldade muito séria. Se o futebol não voltar em 30, 45 ou 60 dias, a nossa situação pode ser dramática — disse Medeiros, em entrevista ao Sala de Redação, da Rádio Gaúcha.
Há ainda outra receita importante por entrar nos cofres colorados a partir de julho. O Talleres-ARG deve pagar cerca de R$ 1,5 milhão pela contratação do atacante Guilherme Parede, uma vez que o clube gaúcho era detentor de 25% dos direitos econômicos do atleta, que atuou no Beira-Rio em 2019.
O Inter pode se beneficiar da venda do atacante Gustavo, o Gustagol, para o futebol da Coreia do Sul. Para liberar o atleta emprestado pelo Corinthians até o final do ano, o Colorado almeja receber cerca de R$ 2,4 milhões, valor que ajudaria a pagar contas neste período de dificuldades enquanto a bola não rola.
— Nunca escondemos que a situação é difícil e enquanto não voltarmos a jogar a tendência é de que ela continue sendo difícil porque o ingresso de novas receitas praticamente depende da atividade de campo — explica o vice-presidente do Conselho de Gestão, Alexandre Chaves Barcellos.