Os líderes do elenco do Inter procuraram a direção propondo uma redução salarial durante os próximos meses em que não haverá jogos. O grupo manifestou preocupação com a possibilidade de mais funcionários do clube serem demitidos, por conta da crise financeira causada pela pandemia de coronavírus. A negociação com os atletas está em andamento e é conduzida pelo departamento de futebol.
— Eles nos procuraram. Estamos conversando — limitou-se a dizer a GaúchaZH o diretor-executivo de futebol colorado Rodrigo Caetano, que preferiu não dar maiores detalhes sobre o tema.
Sem as receitas de bilheteria e de cotas de televisão, por conta da ausência de jogos, o Inter demitiu na semana passada 44 funcionários, reduzindo em 8% o quadro. Por conta da crise, a direção colorada estima que deixará de arrecadar até R$ 100 milhões em 2020. Como não há perspectiva de retomada das competições, existe a possibilidade de o clube precisar cortar ainda mais despesas em breve.
Por conta disso, os atletas tomaram a iniciativa de propor à direção uma redução nos salários, se isso ajudar o clube a evitar novas demissões. A proposta dos jogadores deve ser aceita pelos dirigentes, mas dependerá de uma negociação com os profissionais, especialmente em relação ao percentual da diminuição do salário e ao tempo de duração do novo acordo.
O assunto depende também de uma análise minuciosa do departamento jurídico. Afinal, a Medida Provisória 936/2020, publicada pelo presidente Jair Bolsonaro em 1º de abril, permite que os salários sejam reduzidos em 25%, 50% e até 70% por até três meses, se houver acordo individual entre empregador e empregado. Porém, a jornada de trabalho teria de ser reduzida na mesma proporção.
Logo, se houver redução salarial, o clube terá de analisar o impacto que o acordo teria sobre o horário de trabalho dos jogadores, que treinam diariamente no CT do Parque Gigante desde 4 de maio.