Zagueiro do Inter entre os anos de 1971 e 1976, Figueroa foi figura marcante na conquista do primeiro Brasileirão, em 1975. Foi dele o gol que definiu o título contra o Cruzeiro, no Beira-Rio. O lance, ocorrido aos 11 minutos do segundo tempo, ficou eternizado como o "gol iluminado", por conta do chileno ter cabeceado a bola dentro de um feixe de luz do pôr do sol do Guaíba. Abaixo, o ídolo colorado relembra alguns detalhes daquele momento.
O senhor fez o gol do título brasileiro de 1975, de cabeça, que ficou conhecido como o "gol iluminado", por causa de um feixe de luz bem no local onde o senhor cabeceou aquela bola. O que lembra daquele gol?
Infinitas batalhas contra grandes adversários enalteceram nosso trunfo, nosso esforço, nossas vidas. Na final Cruzeiro era um timaço feroz, mas nós éramos mais, muito mais. Na hora do gol eu intui que ia fazer e falei para Hermínio, vou lá fazer o gol, quando Valdomiro cavou aquela falta ele sabia que se eu passava a mão no cabelo era bola passada, senão eu correria em diagonal e assim foi feito o gol, fruto de um esforço extra, já que sempre ficávamos depois dos treinos nos dois para praticar essa jogada e quando mais precisamos, o esforço rendeu seus frutos. Valdomiro cruzou, eu corri em diagonal pulei e senti a luz do sol bater na minha cara, a cabeçada e a explosão do estádio, lembro meus colegas pulando sobre mim e eu dizendo o jogo não acabou ainda, devemos persistir, nosso time era incrível e não tinha medo de nada nem de ninguém.
Aquele foi o primeiro título brasileiro do Inter. O que representou aquele jogo e aquela conquista para o senhor?
Como disse foi fruto da perseverança, esforço e paixão de todo um povo Colorado que nos acompanhou por caminhos mágicos e iluminados, senti que era justo, nos merecíamos, éramos os melhores.
Aquele foi o gol mais importante da sua carreira? E o que passou na sua cabeça no momento em que marcou aquele gol contra o Cruzeiro?
Foi, provavelmente, o gol mais importante de minha carreira. Eu estava no auge, tinha sido eleito por segundo ano consecutivo melhor da América (seria 3 vezes no total) e por minha cabeça passou tudo em segundos, lembrei de minha infância com doenças, tive asma severa, sofri traqueotomia e quase morri aos 3 anos, aos 5 tive paralisia infantil e fiquei um ano de cama com as pernas amarradas com tábuas para evitar deformações, superei tudo e todos os que disseram que eu não podia e provei que com fé em si mesmo, perseverança e paixão pelo que fazemos podemos nos reinventar cada dia, assim passei de ser uma criança doente a ser o melhor zagueiro do mundo pela Fifa quando todas as estrelas jogavam no Brasil
O que podes falar daquele time do Inter, que era repleto de craques?
Nosso time não tinha medo de nada nem de ninguém, podíamos ter diferenças fora do campo, mas dentro eram 11 leões que jamais se entregavam, isso a torcida reconheceu e sempre tivemos seu apoio e carinho
Ainda acompanha o Inter, mesmo de longe? Qual o sentimento do senhor pelo clube?
Com a tecnologia hoje ainda acompanho o Inter, quando posso dou uma passadinha por Porto Alegre e sempre recebo um carinho indescritível da torcida, o Beira Rio hoje está lindo, eu ajudei na construção do original e me sinto ligado emocionalmente ao clube e sobre tudo à sua maravilhosa torcida, a nação colorada, para eles um grande abraço e saibam que para mim foi um orgulho ter contribuído com meu grãozinho de areia à grandeza do clube.