Elias Ricardo Figueroa Brander é considerado um dos maiores zagueiros de todos os tempos do futebol mundial. Em sua passagem pelo Inter, entre 1972 e 1976, foi bicampeão brasileiro. Além das primeiras conquistas nacionais do Colorado, Figueroa, "o dono da grande área", foi eleito melhor jogador sul-americano em três oportunidades, de 1974 a 1976.
Hoje, aos 73 anos de idade, Figueroa produz e vende vinhos na região central do Chile. Ele mora em Viña del Mar, praia a cerca de 1h da capital Santiago. Com seu filho Ricardo, toca o negócio que envolve uma vinícola e uma loja. Alguns rótulos dos "Vinos Don Elias" têm referências diretas aos seus tempos de jogador do Inter.
O chileno surgiu para o futebol mundial enquanto jogava no Peñarol, entre 1967 e 1971. Foi campeão mundial de clubes em 1969 e era uma liderança em sua seleção nacional. Depois de boas temporadas no futebol uruguaio, foi cogitado por gigantes europeus como o Real Madrid. Sua escolha pelo Inter se deu pelo nível técnico que o futebol brasileiro reunia na época, com jogadores como Pelé, Tostão, Rivelino e outros que, segundo Figueroa, não se davam bem quando disputavam bola com ele.
Ele relembra a adaptação a Porto Alegre e ao futebol brasileiro. O zagueiro conta que tem boas lembranças dos tempos de jogador.
— Fui muito bem recebido dentro e fora do campo. Família, filhos no colégio, tudo. A gente se adaptou rapidamente pelo carinho que as pessoas mostraram. Não só colorados. Onde a gente fosse pelo Brasil, sempre tinha esse apoio do público — comenta Figueroa.
O ídolo colorado comparou os clássicos em que atuou. Para ele, a capital gaúcha lidava com o Gre-Nal de uma forma mais intensa do que Montevidéu:
— Peñarol e Nacional era brabo, também. Mas penso que em Porto Alegre era diferente. Se vivia o clássico a semana inteira.
Em 1974, jogou a Copa do Mundo pelo Chile e foi eleito melhor zagueiro da competição ao lado do alemão Franz Beckenbauer. Nesta mesma temporada, ainda ganhou o prêmio de melhor jogador sul-americano, antes designado a Pelé. Entre 74 e 76, Figueroa foi absoluto na premiação. Depois dele, Zico retomou a supremacia para o futebol brasileiro — o colorado ainda foi o terceiro colocado, atrás de Rivelino.
GOL ILUMINADO
Em um final de tarde ensolarada no domingo 12 de dezembro de 1975, Figueroa recebia um cruzamento que o colocaria na história do Inter com ares de predestinado. O chileno subiu mais que a zaga do Cruzeiro e acertou uma cabeçada que virou o gol do primeiro título brasileiro colorado. Seu salto em direção a bola o colocou no exato local onde um feixe de luz invadia o gramado do estádio Beira-Rio. A imagem é lembrada até hoje como "o gol iluminado", misturando a coincidência da irradiação solar entre as estruturas da arquibancada com a excelência técnica daquele zagueiro artilheiro.