Presidente do Inter por dois mandatos, Fernando Carvalho estava em seu último ano à frente do clube em 2006. Depois de ser pentacampeão gaúcho e vice brasileiro, faltava o título maior, que recolocaria o Colorado no cenário mundial. Ele veio em agosto, com a Libertadores vencida em cima do São Paulo. O dirigente recorda de detalhes daqueles dias.
Quando o senhor percebeu que o Inter seria campeão?
Sou muito prático, não comemoro nada antes da hora. Só percebi que ia ser campeão quando terminou mesmo. Quando ganhamos do São Paulo lá, que, antes do jogo eu até teria ficado feliz se tivéssemos perdido por um gol, fiquei otimista, achei que tínhamos um caminho. Mas nunca pensei que já estivesse ganho. Foi até o final mesmo.
Como foram os minutos finais?
A gente assistia ao jogo de uma cabine, com outros dirigentes, a minha filha. Quando nós tomamos o gol, me abati. Mas logo depois levantei, e comecei a incentivar: "Nós não vamos perder, nós vamos ser campeão!". Queríamos trazer uma energia positiva. Depois, sim, caí, comemorei.
Qual foi a importância de Abel Braga para o título?
Abel foi muito importante. Principalmente depois do jogo com o Nacional, mudamos um pouco a postura e a formação. Fernandão foi ser um centroavante que recompunha no meio-campo, criamos uma jogada com Sobis e Tinga entrando em diagonal. A partir dali, o time encaixou. Passei a ter fé, e o Abel tinha controle total do grupo, de todos, pelo conhecimento dele, a partir dessas experiências anteriores e sabia o que precisávamos fazer.
O que representou para o Inter aquela conquista?
Representou uma espécie de maioridade. Fomos vice brasileiros em 2005, 06 e 09. Valorizo isso. Demonstra que o clube estava capacitado para ser campeão da Libertadores. Poderíamos ter sido campeões de 2005 se não fossem as interferências do tribunal e da arbitragem, os fatos que todos conhecem. Então esse título trouxe o respeito na América do Sul e isso foi consolidado no Mundial. O Inter se tornou o grande vencedor do continente naqueles anos.