O Inter havia marcado um gol, com Gabiru, aos 36 minutos do segundo tempo. Algo inimaginável estava prestes a acontecer em Yokohama. O poderoso Barcelona de Puyol, Iniesta e Ronaldinho seria batido por um clube gaúcho. Mas a equipe catalã não desistiu. Foi para o ataque depois do duro golpe e, aos 37min33seg, viu Clemer fazer a defesa que assegurou o título de campeão do Mundo para o Colorado, em belo chute de Deco, de fora da área. Aquela espalmada garantiu a vitória e, por isso, foi escolhida como a defesa mais marcante da história do clube em enquete realizada ao longo desta semana em GaúchaZH.
— Foi uma defesa realmente difícil, muito importante para nós. É aquela defesa que todo goleiro quer fazer, com grau de dificuldade muito grande, de mão trocada — recorda Clemer.
Antes desses minutos finais alucinantes no Estádio Internacional de Yokohama, o jogo era de posse de bola do Barcelona e tentativas esporádicas do Inter em finalizações de fora da área e na bola aérea. O time espanhol trocava passes e, volta e meia, rondava a área colorada. Nada, assim tão incisivo, mas Gudjohnsen, Van Bronckhorst e Ronaldinho assustaram a meta defendida por Clemer no primeiro tempo.
Na etapa final, a situação era idêntica: o Barcelona com o controle da bola e o Inter arriscando de longe. Aos 28 minutos do segundo tempo, o time catalão teve boa chance. Deco recebeu pelo meio e deu um lindo passe por cima da zaga colorada para Xavi bater de primeira para boa defesa de Clemer.
Depois dali, o jogo era lá e cá. Ataque de lado a lado. Até que, aos 36 minutos, sai o gol de Gabiru, depois de bela jogada de Iarley. Não à toa, ;. Valeu o maior título do clube, além de, claro, um feito sobre um Barcelona poderosíssimo.
Mas esse gol não teria o mesmo peso se não tivesse brilhado a estrela de Clemer menos de dois minutos depois. O Barcelona precisava de um gol para ao menos empatar o jogo. E foi para cima. Na primeira grande escapada ao ataque dos espanhóis, o brasileiro naturalizado português Deco arrancou pela direita e mandou uma bomba de fora da área. A bola não entrou graças ao goleiro colorado, que fez um milagre.
— Deco botou na frente, arriscou, bateu para o gol... Clemer! De mão trocada meteu para escanteio — narrou Galvão Bueno, na TV Globo.
A defesa simbolizou para o mundo que nenhuma bola entraria na meta colorada naquela noite (no Japão) ou manhã (no Brasil). Tanto que, pouco depois, Ronaldinho teve uma chance incrível em cobrança de falta frontal, próxima da meia-lua da grande área. Ele mandou a bola rente à trave direita de Clemer, que parece ter evitado o que seria o gol de empate do Barça com os olhos.
Dali em diante, os espanhóis ensaiavam uma pressão e o Inter tentava manter a bola o mais longe possível do seu gol. Clemer ainda teve de dividir uma bola com Iniesta, perto do fim, mas nada que ameaçasse aquela conquista, a maior da história colorada, que se teve participação decisiva de Gabiru com o pé direito, contou com a mão esquerda do goleiro para garantir o 1 a 0 com mais cara de goleada para a torcida colorada.