Jogadores e membros da comissão técnica do Inter entram em férias na quarta-feira, 1º de abril, e ficam até o dia 20 em repouso. Ou nem tanto, pelo que diz Nonato. O meio-campista colorado buscou até mesmo materiais no clube para seguir a rotina de treinamentos em casa, onde está passando a quarentena devido ao coronavírus.
Em entrevista para o programa Domingo Esporte Show, da Rádio Gaúcha, o jogador falou sobre o dia a dia sem jogos, a adaptação ao modelo de jogo do técnico Eduardo Coudet e o prejuízo do Inter com pausa nas competições. Ele avalia que, com a chegada do técnico argentino, a equipe poderá alcançar bons resultado neste ano:
— Me vejo ganhando títulos aqui no Inter. É para isso que a gente trabalha desde o primeiro dia da pré-temporada.
Confira a entrevista:
Como tem sido a tua rotina em meio à pandemia de coronavírus?
É muito difícil o que todos nós estamos passando, até aconselhamos a todos a ficarem em casa, que é o mais importante no momento. Tenho que fazer as coisas sozinho aqui, a gente acaba ficando muito dependente da internet, dos aplicativos, até para fazer mercado, por exemplo. Com relação aos treinos, a gente tenta se cuidar o máximo possível. Claro que não tem nem comparação com o treino normal, no Inter, no nosso dia a dia. Mas a gente tenta deixar esse prejuízo para o nosso corpo o menor possível, para quando voltar, que ainda não temos uma data certa para isso, a gente tentar voltar da melhor maneira e fazendo o que a gente já vinha fazendo.
Como estão sendo os treinamentos neste período?
O clube passou vários tipos de treinamentos para nós, atletas. Até forneceram materiais. Eu, por exemplo, fui no clube assim que a gente foi liberado para pegar uns aparelhos de treino, porque eu não tinha em casa. A gente acaba tendo até que comprar uma coisa ou outra para ajudar. Mas o clube está dando total suporte. Os médicos sempre nos chamam. A gente já passou por alguns exames no próprio CT, tomamos a vacina (contra a gripe), e o Inter está dando o maior suporte para todos nós.
O futuro das competições ainda está indefinido. Vocês, jogadores, comentam sobre isso?
A verdade é que tudo ainda é um ponto de interrogação para nós. A gente não sabe o que vai acontecer daqui para a frente. Sabemos que se o Campeonato Gaúcho voltar, daqui uma semana ou três meses, os campeonatos vão embolar de qualquer forma. Já era sabido desde o início do ano que teríamos muitos jogos ao longo do ano. Ainda mais com esse caso do coronavírus vai amontoar muito mais. A gente até comenta, não sabe o que esperar desse futuro, dessas próximas semanas e meses, mas a gente acredita que a federação, junto com os clubes, tomará uma decisão que seja a melhor para todos.
A verdade é que tudo ainda é um ponto de interrogação para nós. A gente não sabe o que vai acontecer daqui para a frente
NONATO
meia do Inter
O período de férias agora, que irá da próxima quarta-feira, 1º de abril, até o dia 20, e a possibilidade de redução salarial dos jogadores são os melhores caminhos, já que as competições estão paradas?
Essa decisão os cabeças do grupo que estão tomando as rédeas. Eles que conversam com o clube, que fazem esse diálogo. A gente prefere deixar isso entre nós, essa nossa proposta. Claro que é uma situação delicada, não só para nós atletas, mas para o clube também. Sabemos das dificuldades que os clubes, de maneira geral, vão passar nesse recesso, mas o que está sendo estudado é uma maneira de não ficar ruim para nenhum dos lados, tentar minimizar esse baque que o coronavírus trouxe. Um prejuízo financeiro muito grande também. Esperamos que a melhor decisão seja tomado. Eu sou do grupo, os cabeças passam tudo para a gente e decidimos em conjunto, e pode ter certeza que vamos tentar fazer o melhor para os dois lados, tanto para o clube quanto para nós, jogadores.
Qual é o tamanho do prejuízo para o Inter essa paralisação, já que a equipe estava apresentando uma evolução significativa dentro de campo?
Claro que o pensamento principal é a saúde de todos, isso é indiscutível, mas querendo ou não quebrou uma boa sequência que a gente vinha tendo e uma evolução. Lógico que não seria no primeiro mês de trabalho do Coudet que o time estaria jogando da maneira que ele quer, isso é aos poucos que vai sendo assimilado pelos jogadores. Nessas últimas partidas, chegamos mais perto do pensamento do Coudet e da ideia de jogo dele. A gente fica chateado por esse lado, porque vinha sendo um bom trabalho, fizemos uma baita pré-temporada e acabamos perdendo o ritmo. Mas, como eu disse, a saúde vem em primeiro lugar. Vamos ter de batalhar novamente para, nessa volta, perder o quanto menos dessa nossa evolução. Isso depende de nós, jogadores, para se cuidar nessa parada. Sabemos que não é fácil, mesmo em casa. E torcemos para que o futebol volte o mais rápido possível.
Nós, jornalistas, temos usada a expressão "intensidade" como a marca do Coudet. Como você definiria o que é estar próximo do estilo Coudet?
Eu definiria como mandar no jogo, ter o jogo na mão, como eu analiso. É você ter a posse de bola, assim que perde a bola retomar o mais rápido possível, é marcar com agressividade e incomodar o adversário. Controlar as ações do jogo, tentar sempre ter uma atitude de fazer as coisas, de tentar atacar e ser agressivo tanto com a bola quanto sem a bola. E com muita personalidade. Ele gosta muito que o jogador tenha personalidade e coragem para jogar. A gente vem assimilando bem, infelizmente se quebrou um processo com essa parada, mas ainda temos todo o ano para retomar.
O torcedor colorado pede muito que você ganhe oportunidades. O Coudet chegou a mencionar que pensava em você sendo o homem mais avançado do meio-campo, mas o desempenho no início do ano acabou não sendo tão bom. Qual foi a tua dificuldade para ter a sequência que se imaginava desde o início do Gauchão?
Claro que a gente fica feliz com o reconhecimento da torcida. Isso é importante para o jogador, que o trabalho está sendo visto e valorizado. Mas o Nonato de 2020, talvez seja até um pouco nítido, que no começo de trabalho às vezes é difícil assimilar tão rápido. É uma posição que talvez eu nunca tenha jogado. Às vezes até nem do tempo de base. É um novo estilo, um treinador que vem com ideias que são dele e devem ser respeitados. O Nonato de 2020 eu posso dizer que aos poucos foi se adaptando. Reconheço que não tive o começo de 2020 ideal, nas primeiras partidas, mas nunca deixei de trabalhar, de me esforçar para tentar o mais rápido possível me adaptar. Acho que essa é a palavra certa.
Reconheço que não tive o começo de 2020 ideal, nas primeiras partidas, mas nunca deixei de trabalhar, de me esforçar para tentar o mais rápido possível me adaptar
NONATO
meia do Inter
Você conseguiu identificar alguma característica que precisaria ser ajustada no teu estilo de jogo?
Sim. O que ele sempre me pede é para pegar a bola mais de frente para o gol. Muitas vezes eu pegava a bola de costas e tentava rodar. Ele fala para eu me posicionar de uma forma que já domine a bola com a visão de frente. É algo que ele me cobra muito. Não tenho por que esconder isso. É um cara que vem me ajudando muito, que sempre fala comigo. Esses pequenos toques, pequenas coisas no meu jogo, que podem ser vícios ou manias que tenho, ele está me ajudando a tirar. Para a minha evolução, acho isso muito válido. Vejo como crítica construtiva e valorizo muito o trabalho de um treinador que faz isso.
Tem um ditado que diz que a primeira impressão é a que fica. Mas, no seu caso, poderia ser aplicada que a última impressão foi a que ficou, porque tivesse uma grande atuação contra o São José, na última partida antes da paralisação. Como aquela partida pode servir para ti?
Primeiro acho que foi muito importante essa partida. Eu vinha me cobrando muito por isso. Sou um cara que diariamente me cobro e sei que foi muito importante para mim, meus companheiros também, é legal a energia, o pessoal sempre torcendo, não só para mim, mas para todos irem bem. A gente fica feliz com o sucesso do outro. Essa partida não tenho nem o que dizer. Foram dois gols, eu também vinha me cobrando pelos gols, porque é uma posição que o treinador dá essa liberdade de chegada na área. Como eu disse, fiquei muito feliz não só pelos gols, mas pela oportunidade de estar jogando, de também demonstrar que estou evoluindo, trabalhando para melhor, porque isso é o mais importante.
Como você define a sua posição e onde se sente melhor jogando?
Já que é para definir em uma palavra acredito que seja meio-campista. Sou um jogador que chega no ataque, que constrói jogadas, mas também sempre atento e ajudando na marcação. Gosto de participar das ações ofensivas e defensivas durante os 90 minutos. Como sempre, venho demonstrando muita determinação nos jogos. Acredito que seja uma marca que eu tenho, de sempre, desde pequeno, estar muito focado no que faço. Acho que esse 2020, se Deus quiser, com a cura desse vírus, tem tudo para ser um grande ano para nós, colorados, e assim torcemos.
Queremos fazer um grande trabalho e conquistar títulos. Me vejo ganhando títulos aqui no Inter. É para isso que a gente trabalha desde o primeiro dia da pré-temporada
NONATO
meia do Inter
O que você visualiza para esse restante de temporada?
Pretendo estar jogando, ajudando a minha equipe. Tudo que acontece extracampo depende das nossas partidas, então temos de estar muito focados. Eu e todos da equipe. Queremos fazer um grande trabalho e conquistar títulos. Me vejo ganhando títulos aqui no Inter. É para isso que a gente trabalha desde o primeiro dia da pré-temporada. Vamos entrar em todos os campeonato para brigar e acredito que temos todas as condições, como já viemos demonstrando e provando a cada partida.