Mesmo com a diretoria do Cruzeiro ameaçando romper o contrato com a Adidas, as lojas oficiais em Minas Gerais começaram a vender nesta quinta-feira (2), dia em que o clube completa 99 anos de história, os novos uniformes para a temporada de 2020.
Rebaixado à Série B do Brasileirão, o time mineiro se soma a Flamengo e São Paulo entre os clubes brasileiros que passarão a ostentar as três listras da empresa alemã. Na próxima segunda (6), será a vez do Inter integrar este grupo. Porém, ao contrário do que se vê em Belo Horizonte, a troca da fornecedora de material esportivo é celebrada no Beira-Rio.
— Não posso falar da realidade do Cruzeiro, apenas sobre o Inter. Temos convicção de que o contrato com a Adidas é ótimo — afirma o vice-presidente de marketing do Inter, Nelson Pires.
Inter x Cruzeiro
Embora o dirigente colorado prefira não abordar o caso cruzeirense, a maior diferença está na situação vivida em Belo Horizonte. Nos dois casos, os clubes deixam de receber um valor fixo. Antes, por exemplo, com a Umbro, o Cruzeiro ganhava R$ 6 milhões por ano. Já o Inter, com a Nike, recebia em torno de R$ 8 milhões — com parte sendo paga em material esportivo e outra em dinheiro. Mas, enquanto os colorados veem vantagens em ter participação nas vendas, o mesmo não acontece na Toca da Raposa.
A explicação está na crise financeira vivida pelo clube de Belo Horizonte. Endividado, o Cruzeiro pediu um adiantamento de R$ 2,5 milhões para pagar salários atrasados referentes à temporada passada. Por isso, terá um lucro inferior. Além disso, os mineiros têm uma participação menor nos royalties — 24% de cada produto vendido, enquanto o Inter tem 27%.
Sem grandes competições pela frente, como Libertadores e Série A, e consequentemente menor exposição na mídia, a crise do campo pode influenciar em uma baixa no volume de vendas de materiais oficiais.
— Cruzeiro só tem royalties se vender 180 mil camisetas. O recorde nosso é 120 mil. Esse é o contrato milionário. Com menos peças do patrocinador anterior, que nem ouvido foi. A Adidas é uma grande marca, é bem-vinda, mas não tem contrato milionário. O royalty que eles deram para a gente agora é para ser compensado no futuro, caso a gente tenha feito. Se não tiver, fica devendo para eles ainda. Uma zorra total — disse Vittorio Medioli, CEO do Cruzeiro, em entrevista ao jornal Lance!.
Para se ter uma ideia, somente em 2019, o Inter vendeu cerca de 270 mil peças fabricadas pela Nike. Ou seja, há uma diferença também relacionada à procura dos torcedores sobre o material oficial.
Nike x Adidas
Os motivos que levam o Inter a comemorar o acerto com a Adidas é a comparação com seu contrato com a empresa anterior. Apesar de não ter mais o valor fixo recebido desde 2012, o Colorado terá outras vantagens. A maior delas está no número de peças fabricadas com a marca colorada. Enquanto a Nike produzia sete peças, a empresa alemã passará a fazer 23, entre roupas femininas, infantis, além de camisas polo e casacos. Com uma maior variedade de produtos, o lucro colorado será maior.
— Fizemos os cálculos e, pelo nosso histórico de vendas, as projeções em royalties são muito boas e podem gerar valores superiores ao contrato da Nike, nossa antiga patrocinadora — conclui Pires.