GaúchaZH começa nesta sexta-feira (20) uma série especial que relembra a conquista histórica do Tri invicto do Brasileirão pelo Inter em 1979. No sábado, no domingo e na segunda-feira serão publicadas mais matérias com personagens daquele título que marcou época para os colorados.
Há 40 anos, o Brasil era vermelho. O Inter conquistava o Campeonato Brasileiro, o seu terceiro em cinco temporadas. Mas não foi qualquer título. O Tri chegou de forma invicta, em 23 partidas, com 16 vitórias e sete empates, sob o comando de Ênio Andrade. Um feito jamais igualado por outra equipe no país. Um triunfo para sempre.
— Tínhamos um timaço. Um timaço mesmo — suspira Valdomiro, um dos eternos camisas 7 do Colorado. — O Inter voltará a ser campeão brasileiro, mas não acredito que outro time consiga um dia repetir o nosso feito de 1979 — emenda.
A campanha teve início em Curitiba, em um 0 a 0 com o Atlético-PR (naquele tempo, o clube ainda não havia mudado de nome), passou por Santa Cruz-PE, Figueirense, Grêmio, Sport Recife, Coritiba, América-RJ, Rio Branco-ES, Operário-MS, Goytacaz-RJ, São Paulo-RS, Caldense-MG, Anapolina-GO, Atlético-PR (de novo), Desportiva-ES, Inter de Limeira-SP, Goiás, Cruzeiro, Atlético-MG, além das duríssimas finais contra Palmeiras (semi) e Vasco (decisão). O mundo era outro, o Brasil era outro, a calça boca de sino estava na moda, os Rolling Stones seguiam fazendo sucesso, e o Inter encerrava a década mandando no país.
Na semifinal, vitória emblemática sobre o Palmeiras, no Morumbi, por 3 a 2, seguida de empate em 1 a 1, no Beira-Rio. Nas finais contra o Vasco, novo drama: Paulo Roberto Falcão e Valdomiro estavam lesionados. O Inter foi ao Maracanã sem dois de seus principais nomes.
Os substitutos, Valdir Lima e Chico Spina, ajudaram a colocar o jogo no bolso, e o Colorado voltou a impressionar o país ganhando por 2 a 0, com dois gols de Spina. Curiosamente, naquela noite carioca, Valdir Lima vestiu a número 5 de Falcão, enquanto Chico Spina fardou com a 7 de Valdomiro.
O Campeonato Brasileiro de 1979 começou com 80 clubes na disputa do título — dos grandes, Corinthians, São Paulo e Santos optaram por não jogar a competição, devido ao acúmulo de jogos com os do Campeonato Paulista daquele ano. Na primeira fase, eles foram divididos em oito grupos, com jogos em turno único dentro de cada grupo.
Na segunda fase, os 44 classificados da fase anterior juntaram-se a mais 12 times (seis do Rio de Janeiro e seis de São Paulo) e foram divididos em sete grupos de oito clubes. Os dois primeiros de cada chave avançaram para a terceira fase, que teve os 14 classificados, mais Guarani e Palmeiras, campeão e vice-campeão da edição de 1978, respectivamente. Assim, foram 16 clubes divididos em quatro grupos de quatro equipes. Apenas o primeiro colocado de cada grupo passou à semifinal.
— Fomos campeões e formamos aquele grande de time porque tínhamos gênios na comissão técnica: Ênio Andrade e Gilberto Tim (preparador físico) — afirma o goleiro de 1979, Benitez. — Além da base do bicampeonato nacional, tínhamos excelentes jogadores em todas as posições. E havia os detalhes. Por exemplo: como o nosso preparo físico era fora do normal, Tim pedia para que a grama do Beira-Rio fosse mantida sempre alta. Assim, os nossos adversários cansavam no segundo tempo, enquanto nós seguíamos tocando a bola de pé em pé. Era um time técnico e muito bem preparado — acrescenta Benitez.
Quarenta anos depois, o Inter segue com o campeonato de 1979 como a sua mais recente conquista de Campeonato Brasileiro. Mas, afinal, o que falta para voltar a ganhar?
— O Inter atingiu um patamar mundial. As fronteiras são outras agora, mas, é claro que todos nós, colorados, queremos voltar a ganhar o Brasileirão. A reconstrução do clube está ocorrendo, tenho certeza que voltaremos a vencer, com direção e comissão técnica fortes, e com os jogadores confiando no comando. O Tetra chegará, sim — aposta Benitez.
O Inter tem alguns times eternos em sua história. O de 1979 é um dos maiores.