GaúchaZH continua neste sábado (21) a série especial que relembra a conquista histórica do Tri invicto do Brasileirão pelo Inter em 1979. Até segunda-feira (23) serão publicadas mais matérias com personagens daquele título que marcou época para os colorados.
Benitez é um dos grandes heróis da história do Inter. Deu a vida em campo pelo clube, quase literalmente, pois o choque em um amistoso por muito pouco não lhe levou à morte — mas interrompeu a sua carreira aos 31 anos de idade. Imortalizado como o camisa 1 do time campeão do Brasileirão 1979, o paraguaio José de La Cruz Benitez Santa Cruz torcia para que a bola chegasse à área colorada. Goleiro de um time tão bom como aquele comandado por Ênio Andrade, ele, muitas vezes, era mero assistente da partida.
— Eu ficava esperando pelo ataque do adversário. Eu também queria jogar, oras — brinca Benitez, hoje com 67 anos e morando no bairro Menino Deus, perto do Beira-Rio.
Na invicta campanha de 23 partidas, com apenas sete empates, houve jogos bem menos atraentes do que as etapas finais, contra Cruzeiro, Palmeiras e Vasco. Talvez isso explique os empates com Caldense-MG, Operário-MS e Anapolina-GO.
— Aquele time gostava de desafios — recorda Benitez.
— Os melhores jogos foram as decisões fora de casa, contra Palmeiras (vitória por 3 a 2, no Morumbi, pela ida das semifinais) e Vasco (outro jogo de ida, agora pelas finais, no Maracanã, com vitória colorada por 2 a 0) — acrescenta ele.
Goleiro reserva do Palmeiras nas finais do ano anterior, quando o clube perdeu a decisão do Brasileirão para o Guarani, Benitez vestiu seu uniforme Adidas quase todo preto, com detalhes em branco e vermelho, e foi a campo em 13 de dezembro para encarar seu ex-time.
Era a famosa noite "Mococa x Falcão" — o Jornal da Tarde trouxe em manchete "Mococa ou Falcão", para chamar o clássico, uma vez que o novato de 21 anos marcaria o capitão colorado naquela noite. No dia seguinte, depois que Falcão marcou dois gols (um deles antológico, com uma chicotada na bola), o jornal respondeu em manchete: "Falcão, é claro".
Depois de virar o primeiro tempo por 1 a 0, o Inter foi para o vestiário e, como de costume, os jogadores se reuniram em um primeiro momento para analisar os erros, com Ênio Andrade montando em seguida a estratégia para a etapa final.
Fixou Batista e soltou Falcão, que marcou dois gols na segunda etapa. Benitez sofreu dois gols naquela noite, mas, ao final, o goleiro viu a mítica Lei do Ex triunfar uma vez mais, praticamente encaminhando o Inter para as finais — no jogo do Beira-Rio, empate em 1 a 1, com vaga à decisão.
— O nosso grupo era muito bom, competitivo, e com uma mentalidade vencedora. Isso não se compra. Além disso, tínhamos uma comissão técnica competente, com Gilberto Tim (preparador físico) e Ênio (técnico) geniais, mais uma direção que tinha o controle de tudo, que sabia como conduzir o vestiário — destaca Benitez.
— Mas talvez a nossa maior força tenha sido o Beira-Rio. Havia química entre time e torcida. Tirávamos uma força extraordinária da Coreia (hoje extinto, o setor era praticamente um fosso que contornava o gramado, o local onde o ingresso era mais barato). Ela nos empurrava — finaliza o histórico camisa 1.