Engana-se quem pensa que para ser ídolo no futebol precisa ser craque. Um bom jogador pode entrar para a galeria de heróis de um clube mesmo sem ser um Falcão, um Figueroa, um Fernandão, um Uh-Fabiano – para ficar apenas na letra F. Um zagueiro competente, como Índio, ou um volante regular na hora e no lugar certos, como Edinho, são capazes de ficar para sempre no coração da torcida.
Índio ficou, Edinho não. Preferiu jogar no rival já em final de carreira e fazer média com a torcida tricolor desmerecendo o elenco colorado da Libertadores de 2006. Hoje não é referência nem para vermelhos, nem para azuis. Oportunismo não pega bem com nenhum lado. Nos últimos dias, muitos colorados vibraram com a notícia de que Valdívia disputará a Série B pelo Avaí porque, mesmo que o atleta negue, teria evitado jogá-la com o Inter. No mínimo, não fez questão. E deveria ter feito.
Não soube ser ídolo, a exemplo de Edinho, Aránguiz ou, para citar outro exemplo próximo, Ronaldinho. Todos eles, em algum momento, tomaram uma decisão que quebrou o encanto que haviam despertado na torcida. Preferiram ganhar um dinheiro a mais tão rápido quanto possível ou valorizar a imagem a qualquer custo. Perguntem a um colorado a imagem que fazem de Valdívia hoje.
Agora, Paolo Guerrero está em uma encruzilhada semelhante. O Boca Juniors está todo assanhado em busca dos gols do peruano, que não descartou completamente uma transferência. No Beira-Rio, está em um clube de ponta, com rendimentos milionários e sem necessidade de provar mais nada para ninguém. Além disso, tem a chance de seguir retribuindo a confiança que o Inter depositou no seu futebol quando estava impedido de jogar. Um ídolo ficaria.