O Inter ainda não anunciou oficialmente, mas Eduardo Coudet será o técnico do clube em 2020. O argentino, que trará quatro profissionais de confiança para trabalhar no Beira-Rio em sua comissão técnica, terá de implantar rápido seu estilo de jogo, pois com menos de um mês de trabalho, em 5 de fevereiro, terá o primeiro compromisso pela fase preliminar da Libertadores.
Esse estilo que Coudet tentará estabelecer no Inter busca um futebol ofensivo na base de muita intensidade. Foi assim que ele conseguiu ganhar destaque continental comandando o Rosario Central entre 2015 e 2017 e manteve para conquistar o primeiro título como treinador no Racing neste ano.
Nos clubes argentinos, Coudet apostou em um mesmo esquema, que deverá ser repetido no Inter: o 4-1-3-2. Dessa forma, o treinador mantém um volante fixo na frente da sua área e dá liberdade para os dois laterais atacarem ao mesmo tempo. Esses laterais e, pelo menos, dois dos jogadores da linha de três do meio-campo costumam ter muita intensidade. Em relação aos zagueiros, o argentino exige que eles participem ativamente da iniciação das jogadas.
Levando em consideração a defesa que terminou 2019 como titular, Heitor, Rodrigo Moledo e Cuesta representam bem o estilo intenso que Coudet gosta de ter na sua equipe. Uendel, o criticado lateral-esquerdo, no entanto, não atende a essa necessidade do treinador. Não será surpresa também se Bruno Fuchs ganhar a vaga de Moledo no decorrer da temporada pela sua maior qualidade na saída de bola. No Racing, os dois zagueiros titulares, Donatti e Sigali, são semelhantes a Fuchs e Cuesta na maneira de sair jogando.
Para executar a pressão que gosta no campo de ataque, os jogadores mais ofensivos dos times de Coudet precisam ter intensidade. Dentro dessa ideia, até mesmo D’Alessandro deverá ter sua presença na equipe dosada.
— Para implementar seu modelo, o Coudet vai precisar de um meio-campista dinâmico que ainda não tem. Alguém que faça o que Lo Celso fazia no Rosario Central e o que Zaracho faz no Racing. Um condutor do meio campo, que dite o ritmo e coordene as ações de ataque. Algo semelhante ao que o Gerson entrega a Jesus no Flamengo — observa o analista do Footure Vinícius Fernandes.
Para implementar seu modelo, o Coudet vai precisar de um meio-campista dinâmico que ainda não tem. Alguém que faça o que Lo Celso fazia no Rosario Central e o que Zaracho faz no Racing"
VINÍCIUS FERNANDES
Analista do Footure
Bastante pedido pela torcida no time ao longo de 2019, o meia argentino Martín Sarrafiore precisará se adequar a esse estilo de Coudet.
— Do atual grupo colorado, um jogador não me parece muito adequado ao modelo que Coudet adotou em Rosario Central e Racing é Martín Sarrafiore. O meia colorado tem pouca mobilidade com a bola e baixa combatividade sem ela — completa Fernandes.
O ataque
Ofensivo, Coudet exige que seu time jogue sempre buscando o ataque. As suas equipes não costumam rodar muito a bola. O treinador argentino gosta de um futebol direto.
Uma característica do Racing campeão argentino no primeiro semestre e que Coudet tentará repetir em Porto Alegre é da agressividade. Para isso é fundamental o papel do centroavante. Além de fazer gols, o camisa 9 é muito acionado e precisa ter a capacidade de segurar a bola para manter o time pressionando o rival, algo que Paolo Guerrero costuma fazer muito bem.
Sem a bola, o centroavante precisa trabalhar ativamente da pressão para recuperar ainda no campo de ataque. Esse é um quesito que exigirá bastante fisicamente de Guerrero e seu companheiro de ataque. Por conta disso é compreensível a saída de Rafael Sobis, que tem contrato encerrando no final do ano.
— Coudet valoriza muito a pressão agressiva após a perda da posse no campo de ataque. Jogadores não muito valorizados pela torcida como Pottker, Guilherme Parede e Patrick se encaixam bem neste contexto — finaliza Vinícius Fernandes.