Perder a Copa do Brasil para o Athletico-PR, em casa, desestabilizou o Inter. Desde aquela terceira derrota seguida para os paranaenses, o vestiário colorado entrou em crise, ficou inseguro, e a boa campanha na temporada virou pó. A natural derrota para o Grêmio, que poderia até mesmo ter goleado um Inter com 10 jogadores em campo, foi mais um golpe em uma gestão sem títulos e que ainda busca uma vaga à Libertadores. Pelo quadro atual, caso o Inter se classifique, a vaga será à pré-Libertadores, o que vai gerar um apuro na preparação de 2020 – problemas para Eduardo Coudet, que chegará sem conhecer jogadores nem o clube, e terá contra si a incerteza da classificação à fase de grupos.
Enquanto ainda briga pela vaga ao torneio continental, o Inter convive com os seus problemas internos. Da falta de gols de Paolo Guerrero nos jogos decisivos ao surpreendente destempero do goleiro Marcelo Lomba no clássico, expulso com justiça, após dar uma voadora no atacante Luciano. Além disso, há dois casos de jogadores insatisfeitos – ainda que os dirigentes neguem qualquer problema de vestiário: Rafael Sobis e Nico López. Sobis, cujo contrato não será renovado, vem se dando demonstrações públicas de incômodo no clube.
Primeiro, ao não ser escalado para começar a decisão da Copa do Brasil contra o Athletico, Sobis pareceu entrar contrariado no segundo tempo. Em campo, participou do emblemático lance em que, ao ser driblado por Marcelo Cirino, deu as costas para o lance, enquanto o atacante ia área adentro e passava para Rony marcar o segundo gol. Na Arena, após a contundente derrota, foi o primeiro a se dirigir para o ônibus do clube, enquanto todos os demais jogadores estavam no vestiário ouvindo o técnico Zé Ricardo.
Já Nico López, que perdeu a vez no time para Guilherme Parede, e que está com a venda encaminhada para os mexicanos do Tigres, entrou no campo após o clássico para receber o cartão amarelo. O terceiro. Nico não foi escalado, não entrou no segundo tempo, e, mesmo assim, se dirigiu ao árbitro Flávio Rodrigues de Souza para reclamar até receber a advertência. Apesar de informações internas, dificilmente algum jogador será multado ou punido pela direção – ainda que o vice de futebol Roberto Melo tenha prometido conversas particulares com determinados atletas.
Boa parte dessa instabilidade emocional foi gerada pela derrota na final da Copa do Brasil e potencializada com a demissão de Odair Hellmann. O "Papito" era um treinador que contava com o carinho dos jogadores, e que estava no comando da equipe há quase dois anos. Conhecia bem a tudo e a todos – e cuja demissão não era um desejo dos atletas.
O breve interinato de Ricardo Colbachini (quatro pontos em três jogos, a mesma campanha de Zé Ricardo até aqui), que assumiu a equipe enquanto a direção tentava em Buenos Aires, sem sucesso, a contratação de Coudet ainda para 2019, se encerrou porque os dirigentes temiam de novo um interino em um Gre-Nal na Arena – como ocorreu com Odair Hellmann, em 2015, após a queda de Diego Aguirre, e que culminou na histórica goelada por 5 a 0. Daí, Zé Ricardo foi contratado porque o diretor executivo Rodrigo Caetano assegurou que o treinador carioca teria condições de fazer um bom trabalho em 40 dias e, assim, conduzir a equipe à vaga direta à Libertadores.
A atuação do Inter de Zé Ricardo no Gre-Nal da Arena foi desastrosa, e por pouco não terminou em nova goelada. Como em 2015. A partir de agora, a direção tenta conter a nova crise e colocar como "obrigação" aos jogadores voltar à Libertadores, a única conquista ainda possível na temporada.
O vice e a crise
Desde a derrota por 2 a 1 para o Athletico-PR, no Beira-Rio, na final da Copa do Brasil, o Inter entrou em crise. Demitiu o treinador, definiu um interino, não conseguiu contratar o técnico que desejava, e buscou um técnico para um mandato tampão de 11 jogos, na esperança de não perder o Gre-Nal e de voltar à Libertadores. No returno do Brasileirão, que se iniciou três dias depois da final da Copa do Brasil, o Inter faz uma campanha idêntica à dos "rebaixados" CSA e Fluminense, todos com 13 pontos. O Grêmio, por exemplo, tem nove pontos a mais do que o Inter no returno do Brasileirão.
Confira os resultados do Inter desde o vice-campeonato da Copa do Brasil:
- Inter 1x0 Chapecoense
- Flamengo 3x1 Inter
- Inter 1x1 Palmeiras
- Cruzeiro 1x1 Inter
- CSA 1x0 Inter
- Inter 0x0 Santos
- Avaí 0x2 Inter
- Inter 0x1 Vasco
- Bahia 2x3 Inter
- Inter 1x1 Athletico
- Grêmio 2x0 Inter
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