O Inter ainda busca um rumo, uma direção nestes 66 dias e 16 jogos que restam na temporada, depois de esperanças e frustrações de iguais dimensões em 2019. Chegar às decisões do Gauchão e da Copa do Brasil, perder ambas, além de realizar uma boa campanha na Libertadores e cair nas quartas de final, fez com que torcedores, direção, jogadores e comissão técnica embarcassem em uma montanha-russa de sentimentos. Os colorados foram do apoio incondicional ao time às vaias recentes quando o sistema de som do Beira-Rio anuncia os nomes de muitos titulares e também o do técnico Odair Hellmann.
Mas ainda há muito em jogo para o Inter. Decepções à parte, o 2020 do clube depende de uma boa classificação no Brasileirão. A não ser que ocorra uma reviravolta na competição, o título é apenas uma miragem, enquanto que o G-4, com vaga direta à Libertadores, e um prêmio de pelo menos R$ 28 milhões (valor pago ao quarto colocado), já servirão como uma espécie de troféu de consolação para a temporada colorada.
A dupla derrota para o Athletico-PR causou estragos no Beira-Rio. Os laterais passaram a ser mais contestados do que nunca, a falta que D'Alessandro faz ao time voltou à voga — apesar de seus 38 anos de idade, e da incerteza sobre a sua renovação de contrato —, o isolamento e a falta de gols de Paolo Guerrero em mais uma decisão (Gre-Nais, Palmeiras, Flamengo e Athletico) preocupam para um futuro próximo, além das jogadas óbvias da equipe, com condução de bola de Edenilson e de Patrick — deixando o time manjado —, são questões colocadas em xeque para Odair Hellmann.
Após perder a Copa do Brasil, o Inter voltou ao Brasileirão somando uma vitória sobre a Chapecoense, uma derrota para o líder Flamengo e um empate com o vice-líder Palmeiras. Apesar dos diversos incidentes, como as expulsões no Maracanã mais as lesões, em nenhum desses jogos o time se mostrou consistente e seguro — como foi no primeiro semestre.
E nesse clima de frustrações, tensões, cobranças, incertezas, e tentativas de retomada, Paolo Guerrero e o zagueiro Emerson Santos, que estavam no mesmo time, acabaram discutindo no treino dessa terça-feira, por pouco não chegando às vias de fato.
— E tu? O que fez? P... nenhuma. Tomamos três gols — disparou o camisa 9. — Eu não tô dizendo que fiz alguma coisa. Mas corri. Eu corri, p... — emendou, reclamando do zagueiro.
Após o treino, o volante Patrick tratou de esfriar os ânimos:
— Coisa normal de treino. Eles estavam conversando e falaram um pouquinho mais forte. Tudo normal.
Mas é inegável que há um clima de incerteza no ar. No caso de Guerrero, há o julgamento no STJD (ainda não marcado), com risco de suspensão por até seis jogos. Expulso na mais recente derrota para o Flamengo, o atacante peruano foi parar na súmula do quarto árbitro, Grazianni Rocha, por ofensas verbais e gestuais.
Ainda que o pseudo protesto da Camisa 12, nesse sábado, não tenha passado de um convite aos jogadores para a festa de 50 anos de fundação da uniformizada, mas que acabou sendo valorizado pelas redes sociais da própria torcida, que tentaram transformar o convite em cobrança a D'Alessandro, Sobis e Lomba — o que gerou críticas internas na Camisa 12 à atitude —, o torcedor comum já se incomoda com alguns jogadores e com Odair, o principal alvo das vaias no 1 a 1 com o Palmeiras. Além da renovação do elenco - e boa parte não deverá ficar para 2020 -, o próprio treinador ficará sem contrato a partir de 31 de dezembro. E precisará devolver o time à Libertadores para ter mais uma temporada no Beira-Rio.
O caminho para o Inter voltar à Libertadores terá sequência neste sábado, no Mineirão, diante do Cruzeiro de Abel Braga, um clube em severa crise institucional e técnica, que luta para se manter na Série A. Depois, outro compromisso complicado, diante de uma equipe que também tenta evitar o rebaixamento e, uma vez mais, contra um ex-treinador colorado: Argel Fucks. O 2020 do Inter (e de boa parte do elenco) depende deste último trimestre.
Quem ficará sem contrato com o Inter ao final de 2019
- Odair Hellmann
- D'Alessandro
- Bruno
- Bruno Silva
- Rafael Sobis
- Emerson Santos (pertence ao Palmeiras)
- Rithely (pertence ao Sport)
- Galdezani (pertence ao Coritiba)
- Neilton (pertence ao Vitória)
- Tréllez (pertence ao São Paulo)
- Zé Aldo (pertence ao Guarani-SC)
- Andrigo (emprestado ao Figueirense)
- Paulão (emprestado ao Fortaleza)
- Mossoró (emprestado ao ABC)
Quem ainda tem contrato em vigor:
- Charles (emprestado ao Sport) - contrato até 31/12/2021
- Valdívia (emprestado ao Vasco) - contrato até 31/12/2020
- Ferrareis (emprestado ao Avaí) - contrato até 30/9/2021
- Brenner (emprestado ao Avaí) - contrato até 27/6/2020
- Juan (emprestado ao Coritiba) - contrato até 31/12/2020
- Thales (emprestado ao Criciúma) - contrato até 31/12/2020
- Ramon (emprestado ao Vila Nova-GO) - contrato até 31/12/2020
Quem tem contrato em vigor, mas pode sair:
- Klaus - contrato até 31/12/2020
- Dudu - contrato até 31/12/2021
- Pedro Lucas - contrato até 31/12/2020
- Keiller - contrato até 31/12/2020
- Uendel - contrato até 31/12/2020
Quem pode ser vendido:
- Nico López (para o Tigres-MEX)