O Inter recebe o Athletico-PR nesta quarta-feira (18), às 21h30min, no Beira-Rio, para tentar fazer história em uma final cheia de simbolismos. O clube, que conquistou a América e o Mundo neste século, vive um jejum de 27 anos sem títulos nacionais.
Além disso, a Copa do Brasil é a possibilidade de levantar a primeira taça após passar pelo pior momento de sua história, com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2016.
Há 27 anos, um outro grupo de jogadores do Inter entrou em um Beira-Rio lotado também precisando vencer para conquistar a Copa do Brasil. Campeões em 1992, Pinga, Célio Lino, Daniel Franco, Élson, Silas, Maurício e o comandante Antônio Lopes dão conselhos aos atuais atletas do elenco vermelho. Eles mostraram otimismo em uma virada contra o Athletico-PR.
Ouça o gol do título de 1992
— Penso que o Inter tem tudo para ser campeão. O Athletico-PR é perigoso, mas o Inter dentro de casa se transforma. O time vai ter um incentivo muito grande da torcida. A nossa torcida faz a diferença no Beira-Rio — diz o ex-atacante Maurício em tom de empolgação.
Os campeões de 1992 enxergam semelhanças entre o atual momento do Inter com aquele de 27 anos atrás. Naquela ocasião, o clube também passava por um jejum de títulos nacionais e o clima de ansiedade era grande para voltar a levantar uma taça importante.
— O último título havia sido o Campeonato Brasileiro de 1979. Eram 13 anos que também pesavam para a gente, assim como imagino que esses 27 pesam agora. Mas eu estou muito confiante. A campanha do Inter dentro da competição passa confiança para os torcedores e também deve passar para jogadores e comissão técnica — afirma ex-lateral-esquerdo Daniel Franco.
— Naquele tempo, a concentração ainda era no Beira-Rio. Os torcedores passavam por ali e falavam com a gente. Falavam que não podíamos deixar escapar aquela oportunidade. Isso nos deu força. A união era muito grande e esse apoio nos fez ainda mais fortes — recorda o ex-lateral-direito Célio Lino.
Assim como ocorreu na Arena da Baixada na semana passada, o Inter também perdeu o jogo de ida da final em 1992. Na ocasião, o 2 a 1 sofrido para o Fluminense no Rio de Janeiro dava a possibilidade de conquistar o título com um simples 1 a 0 no Beira-Rio. Em razão disso, o time precisava atacar com cautela para não dar aos cariocas a possibilidade do valioso gol como visitante. Comandante daquela conquista, Antônio Lopes acredita que a estratégia da equipe de Odair Hellmann nesta noite deve ser parecida.
— Tem de jogar bem organizado, pois tem bastante tempo para fazer os gols. Vai ter 90 minutos para reverter a situação. Não precisa ir afobado ou desorganizado. Tem de ir com tranquilidade para poder tentar conseguir atingir o objetivo — aconselha Antônio Lopes.
De fato, o Inter teve de ter paciência naquela decisão de 1992. O gol do título, marcado por Célio Silva, saiu nos minutos finais do segundo tempo. O ex-zagueiro Pinga, que sofreu o polêmico pênalti até hoje reclamado pelo Fluminense, ressalta que o longo jejum sem conquistas nacionais não deve ser uma pressão para os jogadores, mas sim um fator motivacional.
— Eles estão participando do processo de reconstrução do clube que esteve em um lugar que nunca deveria ter estado. Por isso, acredito que eles têm essa vontade de também renascer junto com o clube - projeta.
Os recados dos campeões
Pinga, ex-zagueiro, para Moledo e Cuesta
"Da mesma forma, sofremos um revés nos primeiros 90 minutos da decisão. Porém, tenho certeza que, assim como eu, eles voltaram confiantes de que em casa o resultado será revertido, como foi feito em 1992. Eu encarei aquela decisão como a última oportunidade de vencer pelo Inter após ter a minha carreira quase interrompida em 1987. Sentia que era uma oportunidade de reconstruir a minha carreira, e agora eles estão passando por algo parecido, com a reconstrução do clube. Eles devem encarar a final como a possibilidade de ajudar o Inter a se reconstruir, de recolocar o clube no lugar de que nunca deveria ter saído".
Célio Lino, ex-lateral-direito, para Bruno
"Já se viu no primeiro jogo o poderio que o Athletico-PR tem no setor do Bruno. Em uma decisão assim é bom saber a hora de ter cautela. É primeiro marcar, cuidar do Rony e sair quando aparecer a oportunidade. É importante o lateral ajudar na frente, mas o primeiro dever é marcar bem. Digo para ele ter calma e jogar com inteligência".
Daniel Franco, ex-lateral-esquerdo, para Uendel
"Penso que existe uma cobrança exagerada em cima do Uendel, que é um cara que está sempre à disposição e dando conta do recado. Mas o futebol é bom porque as coisas mudam muito rápido. Quando se perde, tem a crítica para todos. Ganhando o título, todos serão heróis a partir da meia-noite. O que vale nesse momento é o emocional. O Uendel é um atleta experiente e vai saber lidar com isso. Se ganhar, entrará para a história e vai tirar um grande peso".
Élson, ex-volante, para Edenilson
"Que o Edenilson seja ele mesmo. Em uma final, muitas vezes a ansiedade atrapalha. Eu diria para ele fazer o que tem feito. O Edenilson tem tido grandes atuações, é um dos melhores da posição no Brasil e deve manter isso. É difícil de controlar a ansiedade em uma final, mas eu confio nele".
Silas, ex-meia, para D'Alessandro
"Penso que o momento do Inter tem a ver com o que está vivendo o D'Alessandro. Ele está em um momento lindo. Tudo tem a ver com a felicidade, com o fato de ser querido no lugar que está. O D'Alessandro é muito importante para o Inter, ele sabe disso e isso o ajuda. Ele vai entrar nesse jogo sabendo que tem uma nova oportunidade de fazer ainda mais história no clube. O jogo em casa facilita para ele. Acredito que o Inter marcando pressão vai ter muito mais a bola e isso ajuda ao D'Alessandro".
Maurício, ex-atacante, para Guerrero e Nico López
"Tem que estar preparado para enfrentar um adversário que certamente vai vir fechado, como normalmente os times fazem no Beira-Rio. Mas é preciso ter calma que em algum momento o Athletico-PR vai dar uma brecha. Quando isso acontecer, é preciso ter calma. Tem de ter calma, porque as chances vão surgir. Podem ser poucas, mas elas vão aparecer".
Antônio Lopes, ex-técnico, para Odair Hellmann
"Penso que esse placar de diferença de um gol apenas é possível de ser superado. Tem de jogar bem organizado, pois tem bastante tempo para fazer os gols. Vai ter 90 e minutos para reverter a situação. Não precisa ir afobado ou desorganizado. Tem de ir com tranquilidade para poder conseguir aquilo que os jogadores e a comissão técnica estão almejando. Mesmo que o Athletico-PR tenha uma boa equipe e seja muito bem organizado, o Inter tem totais condições de reverter se jogar de forma organizada".
INTER 1 x 0 FLUMINENSE - 13/12/1992
Inter (1)
Fernandez; Célio Lino, Célio Silva, Pinga e Daniel; Ricardo, Élson (Luciano), Marquinhos e Caíco; Maurício e Gérson (Nando).
Técnico: Antônio Lopes.
Fluminense (0)
Jefferson, Zé Teodoro, Vica, Sandro (Carlinhos Itaberá), Souza e Lira; Pires, Bobô e Sérgio Manoel; Vágner e Ézio.
Técnico: Sérgio Cosme.
Gol: Célio Silva, aos 43 minutos do 2º tempo.
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre