Dois dias após o Gre-Nal do Brasileirão, o incidente ocorrido nas arquibancadas do Beira-Rio segue ganhando desdobramentos. Na manhã desta segunda-feira (22), um dos torcedores que aparece na imagem, em que uma torcedora, acompanhada do filho, é hostilizada e tem a camisa do Grêmio tomada das mãos, procurou a reportagem de GaúchaZH. Assutado com a repercussão do caso, Diego Camargo, psicólogo de 37 anos, contou sua versão sobre a confusão e alegou que não agrediu a torcedora do Grêmio.
O que aconteceu depois do jogo?
Nos clássicos Gre-Nais, eu sempre fico no mesmo lugar (nas cadeiras), que é embaixo da torcida do Grêmio. É meu ritual. E eu estava lá sentado, depois do jogo, olhando para o campo, quando começou um murmúrio maior na torcida do Grêmio, que começou a cantar mais alto, como se fosse um gol. Olhei para trás e vi essa torcedora balançando a camisa do Grêmio, a erguendo e comemorando. Então, eu apontei para o segurança que estava na beira do campo e disse: "Ela não pode fazer isso". Ele deu de ombros, dizendo que não podia fazer nada. Então, eu fui na direção dela, mas chegou a outra torcedora do Inter e elas começaram a disputar a camiseta. Eu falei, claro que em um tom mais alto: "Moça, o que tu estás fazendo? Tu és louca? Não vais fazer essa gracinha aqui. Queres te exibir?". Aí, a criança começou a chorar e eu disse: "Olha o que tu estás fazendo com o teu filho". Nisso, obviamente, os ânimos se acirraram, os cânticos da torcida do Grêmio começaram a ficar mais altos. Mas eu não a xinguei, não usei palavras de baixo calão. Só falei para ela não estar ali, que estava provocando uma situação desnecessária e que estava expondo o filho dela.
Você conhece os outros dois torcedores que aparecem no vídeo contigo?
Não, não tenho nenhuma relação. Nunca tinha os visto na vida. Eu estava ali sozinho.
Você é sócio do Inter?
Não sou sócio do Inter. Frequento o estádio há mais de 30 anos com todos os meus irmãos, mas não sou sócio.
Por que você resolveu procurar a imprensa?
Eu e meus irmãos, nenhum de nós é marginal. Nunca nos envolvemos em vandalismo. Não temos nosso nome vinculado a nenhum movimento político do Inter, nem fizemos parte de torcida organizada. Nunca compactuamos com qualquer tipo de violência e minha imagem está vinculada a bandidagem. As pessoas estão usando no plural, que torcedores agrediram a gremista e o seu filho. Isso tem um peso muito grande. As pessoas só vêem essa versão e me colocam no mesmo pacote. Tem gente influente pedindo nas redes sociais o meu banimento dos estádios, como o Rafinha Bastos, por exemplo. Então, eu resolvi dar a minha versão também.
Você chegou a sofrer algum tipo de ameaça nas redes sociais?
Diretamente à minha pessoa, nenhuma (ameaça). Até tinha pensado em excluir minhas contas nas redes sociais, mas não fiz isso. Uma delas é privada, então não recebi nenhuma ameaça. O que acarretou é que eu soube agora de manhã (desta segunda-feira) é que minha mãe teve que ir para o hospital, porque a pressão dela subiu demais. Na minha cabeça, eu não fiz nada demais, então eu quis preservá-la e não contei. Mas ela acabou vendo as imagens no programa Fantástico, quando eu já estava dormindo. E aí ela começou a ficar preocupada.
Estão circulando imagens nas redes sociais em que seu rosto é atribuído a outra pessoa, que é inclusive um conselheiro do Inter. Você viu isso?
Cheguei a ver, me mandaram em um grupo de WhatsApp. Tem o rosto de cada um dos envolvidos e colocaram uma numeração com os nomes de cada um, em uma lista de um movimento político do Inter. Mas não sou eu e nem conheço essa pessoa.
O Ministério Público e a Polícia Civil abriram investigação sobre o incidente. Você teme que possa ser punido?
Não sei se a palavra certa é temer. Não devo nada para a Justiça. Minha consciência está tranquila. Se me chamarem, vou dar a minha versão. Tem as imagens que comprovam o que estou falando. Tenho o receio de que o clube tenha que dar algum retorno para a mídia e ao Ministério Público, peguem os três (torcedores) que aparecem na imagem e acabem punindo todos. Daqui a pouco, estou no mesmo pacote da torcedora. Ela teve um comportamento diferente do meu. Meu receio é quanto a isso, mas estou com minha consciência tranquila.