Atendendo a um pedido da direção e de um grupo de sócios, a Ouvidoria do Inter concluiu e repassou à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo o processo referente aos torcedores envolvidos na agressão a uma gremista após o Gre-Nal de sábado passado, no Beira-Rio. Na ocasião, a sócia Renata Arruda e seu irmão, o conselheiro Mauro Cesar Arruda, aparecem em imagens veiculadas na TV e em redes sociais, nas quais tentam tirar a camisa da torcedora do Grêmio Taís Dias, que, ao lado de seu filho, vibrava com uma camisa do time rival. Também é possível observar que Renata empurra Taís — nesta sexta-feira a Polícia Civil indiciou os envolvidos por incitar violência e agressão.
No documento, é pedido que ambos sejam julgados por artigos do estatuto do clube e também do Código de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo. "A gravidade dos fatos, bem como a ampla repercussão midiática, expôs de maneira negativa a instituição, exaltando valores incompatíveis com a condição de associado. Nossa bandeira é orgulho para colorados (...) onde a própria história (...) se assenta em combate ao preconceito e às mais diversas iniquidades", diz o texto, que refere ainda a manifestação da Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que deverá julgar a responsabilidade do Inter no episódio.
As punições previstas nos artigos citados pelo documento podem ir de advertência à exclusão do quadro de associados. No caso do conselho, as penas são semelhantes, com máximo de perda de mandato. O pedido é de que "as penalidades sejam aplicadas à proporção das responsabilidades de cada um dos envolvidos neste caso".
Não há prazo para a finalizar o processo disciplinar. Fora do ambiente do clube, a 20ª Delegacia de Polícia Civil concluiu inquérito após colher depoimentos de testemunhas e o encaminhou ao Ministério Público.
Por que estamos divulgando os nomes dos envolvidos?
Desde que ocorreu o episódio, nem Polícia Civil nem Ministério Público nem o Inter divulgaram os nomes das pessoas que aparecem nas imagens após o Gre-Nal no Beira-Rio. Nesta sexta-feira (26), GaúchaZH teve acesso a um documento interno do clube no qual constam os nomes de dois dos envolvidos que são sócios. O terceiro torcedor colorado, que se chama Diego Camargo, procurou GaúchaZH e deu a sua versão.
Contrapontos
Procurada pela reportagem, a advogada de Renata, Magali Brum, afirmou que sua cliente "não hostilizou nem ameaçou a torcedora Taís Dias e seu filho. Não ocorreu agressão física". Ela sustenta que houve uma "tentativa de preservar a integridade física da suposta 'vítima', uma vez que a mesma não se preocupou com o filho, foi relapsa e irresponsável, ostentando bravamente a camiseta do time adversário em local inadequado". Ainda de acordo com a advogada, Renata estava "preocupada com a situação ali presente e tentou tirar a camiseta de Taís, pedindo que fosse embora de lá, que aquele não era o local para ficar. Tentou tirar a camiseta".
Magali aponta que "torcedores gremistas quebraram cadeiras e jogaram em direção a Renata e a seus familiares e amigos, que ela foi insultada e teve sua moral abalada". Relata, ainda, que pedaços da cadeira machucaram seu sobrinho e que foi feito boletim de ocorrência. "Renata Arruda não é vilã. Está sendo hostilizada e julgada antecipadamente por vídeos postados e editados", finaliza.
O advogado de Mauro, Rodrigo Alberto Pauletti Rodrigues, preferiu não se manifestar.