De 30 de julho de 2008 para o mesmo dia em 2019, muitas mudanças ocorreram no Inter. O clube conquistou títulos importantes, viveu momentos conturbados, trocaram dirigentes, passaram técnicos e jogadores. Todos estes anos — com exceção de 2016 — tiveram algo em comum: Andrés Nicolás D’Alessandro. Onze temporadas depois de vestir a camisa colorada pela primeira vez, o capitão recordou, nesta terça-feira, em entrevista coletiva, os seus feitos com o time gaúcho:
— É um dia especial, diferente. Estou emotivo também porque passa um filme na minha cabeça do primeiro dia que cheguei aqui. Muitos amigos me mandaram algumas coisas do primeiro dia aqui, da primeira coletiva, aeroporto, cabelo comprido (risos) eu tinha muito mais do que agora. Onze anos de diferença. Eu era um guri.
Aos 38 anos, D'Alessandro tem contrato até o final do ano. Enquanto se debate se ele pode ou não atuar dentro e fora de casa, o jogador admite que está vivendo um dos melhores momentos da sua carreira tecnicamente. Confira os principais trechos da entrevista do camisa 10 colorado.
Sobre o momento atual
A vontade não mudou. Continua a mesma. É um momento único para mim, para minha família e carreira. Não é normal no futebol. Em alguns clubes contemporâneos são poucos atletas que ficam tanto tempo em um clube. Falo com muita honra isso. Visto uma camisa pesada em nível brasileiro e internacional. O clube me deu nestes 11 anos uma liberdade importante para mim. Sabendo do meu caráter não só dentro como fora de campo. Sou um cara sincero, às vezes demais. Às vezes sem saber dosar alguma coisa fora e dentro. Sou assim, não me arrependo de nada. Por isso que estou aqui. Alguns falam que são só títulos gaúchos, falam por aí. Mas acho que na minha carreira tem mais algumas coisas importantes.
Legado
Aprendi muito. Tanto nos momentos positivos e mais ainda nos negativos, que é quando a gente mais aprende. São diferentes opiniões e maneiras de reagir. Ninguém me marcou negativamente. Tentei tirar proveito da parte positiva de momentos que não foram bons para não repetir. Positivamente, posso falar de companheiros, família, gente do clube, funcionários. Todos eles fizeram com que eu fosse um atleta melhor nestes 11 anos. Ninguém conquista nada sozinho dentro de campo. Nem fora. O mais importante vai ser o legado que eu deixei aqui em cada pessoa que trabalhou aqui comigo. Não falo de falar bem do D’Alessandro, mas sim respeito. Isso vai ser tudo. Sair daqui um dia e escutar que sou respeitado.
Sei que estou bem fisicamente. A gente não gosta, mas agradeço até as críticas que me fizeram melhorar
D'ALESSANDRO
Sobre seu aproveitamento
Rendimento
— Tem a parte individual e a coletiva. Na coletiva, o grupo e o clube estão bem. Isso faz com que estejamos melhor dentro de uma estrutura que está se consolidando. Faz com que a gente tenha confiança e se comporte de uma maneira diferente dentro do campo. Seja na posição que a gente tenha que jogar. Pessoalmente, eu acho que sim (vive um dos melhores momentos). Não sei se a experiência ou maturidade estão me ajudando a ser mais esperto em algum momento do jogo. Sei que é mais difícil para mim apostar corrida com gente mais jovem. Sei que tem de dar apenas um ou dois toques. Sei que estou bem fisicamente. A gente não gosta, mas agradeço até as críticas que me fizeram melhorar.
Permanência em 2020
— Não posso responder isso porque não tenho contrato. Isso que tu queria que eu falasse, né? (Risos) Eu não vou ter contrato no ano que vem. Difícil de falar. O Lance de Craque deste ano seria minha última partida no Beira-Rio. Depois, no ano que vem, não sei.