A versão 2019 do "motorzinho" colorado cumprirá 99 jogos com a camisa do Inter na próxima terça-feira (9), diante do Palestino, no Beira-Rio. Edenilson, uma das contratações menos badaladas do clube em 2017, tornou-se peça-chave na equipe de Odair Hellmann. Junto a Marcelo Lomba e a Nico López, o volante compõe uma espécie de triunvirato técnico na temporada. No Inter, ninguém está jogando mais do que estes três. O camisa 8 deverá ser poupado da partida deste sábado, contra o Caxias.
O jogo número 98 de Edenilson pelo Inter foi marcante. Afinal, não é toda noite que você tem a chance de enfrentar o campeão da América. E o volante marcou o segundo gol colorado no 2 a 2 que manteve o Inter na liderança do Grupo A, com chance de avançar às oitavas, caso vença os chilenos. E foi um golaço, recebendo de Dourado e correndo desde o círculo central até parar quase dentro do gol de Germán Lux.
— Completar cem jogos por um grande clube é sempre uma emoção. Cheguei em um momento difícil do clube, mas atravessamos e, hoje, vivemos algo grande no Inter. Agradeço ao clube, ao grupo e à comissão técnica pela confiança depositada em mim, pois sem eles não estaria vivendo esse momento tão especial — comentou Edenilson.
Depois de passar pelas agruras do Passo das Emas, do Frasqueirão, do Estádio do Café, do Rei Pelé, do Mangueirão, entre outros na Série B, onde chegou a atuar diversas vezes como lateral-direito — um resquício da experiência corintiana, quando com Tite foi utilizado no meio-campo e na lateral, na Libertadores e no Mundial de 2012 —, Edenilson cravou bandeira no Inter. Ainda no ano passado, destacou-se como um dos jogadores essenciais ao Inter ressurgido das cinzas de 2016.
— Edenilson sempre foi um grande volante, mas tinha as manias de lateral por ter atuado nesta posição. Ele iniciava a jogada e terminava no fundo do campo fazendo o cruzamento ou abrindo os espaços para outro entrar. Quando começou a verticalizar o jogo e pisar na área, o seu futebol apareceu mais ainda. Hoje, é um dos melhores da posição atuando no Brasil — analisou o ex-volante Magrão, campeão da Copa Sul-Americana de 2008 com um meio-campo formado por Edinho (depois Sandro), Guiñazu, Alex e D'Alessandro.
Motorzinho do Inter na Libertadores de 2006, Paulo César Tinga vota em Edenilson como o jogador a dar o equilíbrio para um time que busca concluir a sua formação — e ainda há Paolo Guerrero por estrear neste sábado.
— Um bom terceiro homem sempre dá o equilibro ao meio-campo de um time, e Edenilson é extremamente importante para o Inter. Um jogador com a qualidade dele acaba se transformando muito rápido em meia e vice-versa, dependendo da necessidade do jogo. Todos os grandes times sempre têm um jogador com este perfil: mescla de meia com volante. O Inter vem jogando muito bem, mas é Edenilson quem faz uma função que dá o equilíbrio que o time necessita — disse Tinga.
E o bicampeão da Libertadores agrega um comentário sobre o futuro recente do Inter de Edenilson:
— A posição do Edenilson é de total equilíbrio para um time de futebol, mas o interessante é que a cada jogo do Inter um atleta diferente tem se destacado. E isso começa a mostrar o quanto o time está ficando forte, podendo brigar contra qualquer time na América.
Curiosamente, dos 33 jogadores do elenco principal do Inter, apenas Edenilson e o zagueiro Roberto são naturais de Porto Alegre. Começou a carreira profissional no Caxias, foi contratado pelo Corinthians de Tite. Campeão da Libertadores, do Mundial e do Brasileirão com o clube paulista, acabou vendido à Udinese. Foi cedido ao Genoa e, em 2017, aos 28 anos, finalmente jogou na sua Porto Alegre.
— Edenilson está no seu melhor momento no Inter. Quando chegou, era o chamado volante de transição, que tocava a bola para o companheiro mais próximo e que se projetava. Ele amadureceu e está cada vez mais ativo na construção do time, participando de quase todas as fases do jogo. Odair criou um modelo de jogo que depende fundamentalmente do vigor físico, aplicação tática e inteligência deste volante, que a cada ano que passa consegue ocupar melhor os espaços do campo — avaliou Vinícius Fernandes, analista do Projeto Footure.
Do elenco de Odair Hellmann, apenas Sobis, D'Alessandro, Danilo Fernandes, Rodrigo Dourado e Nico López já passaram da contagem centenária de jogos pelo Inter. Edenilson está pedindo passagem.