O 2 a 2 do Inter com o River Plate, pela terceira rodada da Libertadores, não foi exatamente o resultado dos sonhos dos colorados. Afinal, mesmo diante do campeão da América, é um duro golpe sair ganhando por 2 a 0 e acabar cedendo o empate. Ainda assim, na véspera dos 110 anos de fundação do Inter, o clube segue líder e dono de seu destino no torneio. Na dianteira do Grupo A da Libertadores, com sete pontos, tem quatro a mais do que os argentinos — e três à frente do Palestino, atual vice-líder.
Para garantir a classificação, basta ao time de Odair Hellmann vencer o Palestino, na próxima terça-feira, de novo no Beira-Rio. E, para assegurar o primeiro posto, ganhar também do Alianza —já virtualmente eliminado. Assim, a equipe iria a 13 pontos e, mesmo que perca para o River no dia 7 de maio, no Monumental de Núñez, será líder ao final. Bem antes disso, porém, neste sábado (6), em casa, um Inter sem diversos titulares decidirá a vaga às finais do Gauchão contra o Caxias. Este jogo, além da definir o mata-mata da semifinal, marcará a estreia do atacante Paolo Guerrero pelo Inter.
— Demoramos cinco minutos para encontrar nossa forma de jogar, e aí dominamos o jogo e fizemos os gols. Houve ainda um pênalti no Edenilson. No segundo tempo, eles fizeram a linha de três zagueiros e tiveram mais amplitude nas laterais, o que nos complicou. O River marcou os dois gols em bola parada. Bola parada ganha jogo. Com a bola rolando, o River não teve chance. Foi um jogo de gente grande. Não era o que queríamos, mas a gente mantém a liderança — afirmou Odair Hellmann.
O treinador foi perguntado se vê seu time já maduro para sonhar com o tricampeonato da América. Odair lembrou que o Inter ainda se trata de uma equipe em reconstrução:
— Não vamos falar sobre título, falta muito pra chegar até lá. Dois anos atrás, estávamos com dificuldade para ganhar do Boa, do Luverdense. Temos de saber o caminho que está sendo traçado aqui. Foi um enfrentamento de igual pra igual com um time que está estruturado há muito tempo. Nós fomos para o fundo do poço, mas hoje (quarta) jogamos de igual para igual com o campeão da Libertadores.
Odair ainda destacou o esforço de D'Alessandro, que conseguiu se recuperar de uma lesão muscular para começar o jogo diante dos argentinos:
— A gente precisava de um jogador com a característica do D'Alessandro. Voltando depois de 10 dias, certamente sentiu um pouquinho, mas correu para caramba e foi bem. Como não teríamos jogadores de velocidade na frente, sabíamos que a velocidade seria com o Edenilson e com o Patrick. No todo, os caras deram a vida e tentaram ao máximo a vitória. Que pena que não veio. Mas faz parte.
Ao final, Odair emprestou ao torcedor colorado um alento: Guerrero estará em campo diante do Caxias, no sábado:
— Vamos manter o planejamento (de escalar um time misto ou quase todo reserva), pois temos outra decisão na terça (contra o Palestino). Mas Guerrero estreia no sábado. Só vamos definir se ele inicia o jogo ou não, mas estará à disposição no sábado. Vamos ter a definição amanhã (quinta) se ele começará. A equipe do Caxias é bem treinada, bem organizada. Precisamos fazer um bom jogo para conseguir esta classificação.
Já o vice de futebol colorado, Roberto Melo, atribuiu o empate à experiência do time argentino, superior à de um Inter em formação — que tinha como alternativas de banco para buscar a vitória Wellington Silva e Guilherme Parede, enquanto o uruguaio De la Cruz entrou no segundo tempo e mudou o jogo para o River.
— Foi um bom empate, que nos mantém na liderança do grupo. Houve o pênalti (para o River) e, antes, a falta. Talvez fosse o momento de ter mais malandragem, cuidado, atenção. Mas é um aprendizado. São detalhes que acabam decidindo o jogo. O time deles é experiente, com jogadores que estão há cinco anos juntos. Uma pena que tomamos o primeiro gol de pênalti (ao final do primeiro tempo), que foi o que mudou a história do jogo — disse Melo.
Questionado sobre a liberação de Guerrero, cuja suspensão por doping se encerrará nesta sexta-feira, o dirigente comentou:
— Guerrero vai acrescentar experiência ao nosso time. É um jogador de Copa do Mundo e, mesmo ainda necessitando de ritmo, tem muita qualidade, vai ajudar muito a equipe. Vai nos dar um acréscimo grande neste sentido (da experiência).
O Inter segue com uma campanha surpreendente na Libertadores. Lidera a chave e vê o campeão da América na terceira colocação. Mas o caminho até as finais, em 23 de novembro, é longo, tortuoso e exige reforços de grupo. Além de Guerrero.