Se fosse possível prever o futuro, sem dúvidas o Inter não teria deixado escapar um dos jogadores mais valorizados do futebol brasileiro na atualidade. Poderia não ter dado certo, mas a venda de Ricardo Goulart por cerca de R$ 58 milhões para o futebol chinês, alguns anos depois, escancarou o erro de avaliação colorado. Na terça-feira (15), o atleta bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013 e 2014, foi anunciado como grande reforço da temporada pelo Palmeiras.
Trazido do Santo André, o meia-atacante chegou ao Beira-Rio no início de 2010 com apenas 19 anos. O responsável por sua contratação foi Jorge Macedo, que ocupava o cargo de diretor técnico das categorias de base.
— Era um jogador que vinha se destacando no Santo André. Veio para compor o Time B. Naquele ano fomos campeões da Copa Sub-23. Além dele, naquele grupo também tinha o Oscar, o Ytalo, o Sasha e o Marquinhos Gabriel. Era um reserva que jogava quase sempre — relembra Macedo.
Após uma derrota da equipe Sub-23, comandada por Enderson Moreira no Beira-Rio, o então vice de futebol, Roberto Siegmann, destituiu a categoria. Os atletas menores de 20 anos baixaram para o sub-20. Os mais velhos foram incorporados à equipe principal.
Com isso, Goulart foi aproveitado em alguns jogos do Brasileirão 2011 e chegou a entrar em uma partida da Libertadores, na derrota por 2 a 1 para o Peñarol, no Beira-Rio, que eliminou a equipe nas oitavas de final da competição. À época, o diretor-executivo Newton Drummond, o Chumbinho, foi o responsável por negociar a permanência do atleta.
— O Inter iria exercer a opção de compra para mantê-lo no clube. Consegui acertar que o pagamento iria ser feito em 10 parcelas de R$ 100 mil — revelou Chumbinho.
Entretanto, os planos mudaram. Após a demissão do técnico Falcão, o meio-campista perdeu espaço para João Paulo, hoje no Botafogo. Ricardo Goulart acabou sendo liberado após o fim da temporada junto dos atacantes Alex e Siloé.
— Dos jogadores que o Inter tem a preferência para adquirir em definitivo, nós ficaremos apenas com o Fabrício. Já estamos conversando com a Portuguesa e esperamos definir essa situação em breve. Com relação aos outros, já temos boas opções para o ataque. Optamos por renovar com esses atletas - explicou Fernandão, então diretor técnico de futebol.
Enderson Moreira, que havia sido seu treinador na base colorada e estava no comando do Goiás, indicou o nome de Goulart para a diretoria, que o contratou sem dificuldades. Com 25 gols marcados, o meia foi o artilheiro do time que foi campeão do Campeonato Goiano e da Série B do Brasileirão 2012.
O sucesso na temporada não passou desapercebido pelo Cruzeiro, que o trouxe no início de 2013. Se no Goiás já havia se destacado, foi em Belo Horizonte que ganhou projeção nacional. Em dois anos, foi peça fundamental na conquista do bicampeonato brasileiro 2013-2014. Em dois anos no clube, disputou 106 jogos e marcou 38 gols.
No fim de 2014, O Guangzhou Evergrande, da China, investiu 15 milhões de euros, aproximadamente R$ 48 milhões, para tirar o atleta do futebol brasileiro. Quatro temporadas foram suficientes para tornar-se ídolo do clube. Lá, conquistou o tricampeonato chinês (2015, 2016 e 2017), a Liga dos Campeões da Ásia (2015) e a Copa da China (2016). Ainda foi artilheiro do Campeonato Chinês em 2016, com 19 gols, e eleito o melhor da competição em 2015 e 2016.
Com salário de R$ 3 milhões, o brasileiro foi emprestado pelo Guangzou ao Palmeiras para a temporada 2019. Um terço do salário do jogador será pago pela equipe paulista, o resto seguirá sendo responsabilidade dos chineses, o que faz com que Goulart seja o jogador mais bem remunerado do futebol nacional. Esse valor que o Palmeiras desembolsa mensalmente para contar com Ricardo Goulart é o preço que o Inter precisava pagar para ter mantido o atleta no Beira-Rio.