Nem o faro de artilheiro de Leandro Damião, nem a habilidade de D'Alessandro ou a irreverência de Oscar. O Inter não foi competente na noite desta quarta-feira, em pleno Beira-Rio lotado e adiou o sonho por mais um título da Libertadores. Depois de ter aberto o placar no primeiro tempo, sofreu um apagão na segunda etapa e sofreu dois gols em sequência. Perdeu por 2 a 1, pelo jogo de volta das oitavas de final.
Vinte jogos de invencibilidade no Beira-Rio. A equipe não sabia o que era perder em casa pela Libertadores desde o dia 16 de março de 1993. Além disso, eram 11 vitória em sequência nos seus domínios. O tabu foi derrubado justamente por um ex-jogador do Inter. Diego Aguirre armou o Peñarol melhor do que Falcão.
Guerra antes do início
Bagunceira, a torcida do Peñarol era barulhenta, inquieta. Os cerca de 2 mil integrantes agitavam tanto que se criou três tumultos consecutivos, antes da partida. A Brigada Militar interveio e recebeu rojões como resposta. Quando os ânimos se acalmaram, os integrantes ergueram sinalizadores. Mas a luz era vermelha, como a cor do Inter. Era o indício de uma guerra que estava por vir.
Time no 4-4-1-1
Falcão escalou o Inter no 4-4-1-1, com D'Alessandro executando o "enganche" com Leandro Damião. Foi o mesmo time do Gre-Nal, com o acréscimo de Mario Bolatti na vaga de Tinga. O 4-3-3, treinado no dia anterior, foi alternativa testada, que seria utilizada no segundo tempo.
Gol relâmpago
Nem deu tempo para os uruguaios respirarem. Logo com 1 minuto, Oscar provou que Falcão, em nenhuma hipótese, pode cogitar a possibilidade de escalá-lo na reserva. Da frente da grande área, pelo lado esquerdo, se livrou da marcação e desferiu um potente chute, que morreu nas redes do goleiro Sosa.
O 1 a 0 era um placar perigoso e o Inter tinha de atacar. O 1 a 1 levaria a partida aos pênaltis. Também de fora da área, Andrezinho dominou bonito, mas arrematou para fora.
Peñarol esboça reação
Após um bom início de jogo, o Inter diminuiu o ritmo e o Peñarol esboçava uma reação. As jogadas do time uruguaio eram monotemáticas, pelas linhas de fundo. Com isso, ganhavam muitos escanteios. Em uma das cobranças, Freitas desviou com perigo.
Mas o toque de bola colorado era melhor. D'Alessandro, de direita, arriscou de fora da área, com perigo. Mas a chance viva foi com Kleber. Bolatti fez lançamento e encontrou o lateral colorado com uma liberdade única na área. Bateu cruzado, mas para fora. Irritado, chutou a trave. Sabia que era uma chance preciosa.
Apagão colorado
Assim como fora no primeiro tempo, o gol saiu logo no início da segunda etapa, mais precisamente aos 15 segundos. Mas para o time amarelo e preto. Martinuccio aproveitou bobeada da defesa colorada e apareceu livre na área. Chutou na saída de Renan.
A torcida do Inter sentiu o resultado. Berrou como nunca das arquibancadas, como um coro. Mas veio a ducha fria aos 5 minutos, quando Mier subiu a linha de fundo e alçou bola. Bem colocado, Oliveira cabeceava para as redes. Ninguém acreditava. Freitas ainda teve a chance de ampliar, ao arrematar por cima um rebote.
Imediatamente, Falcão mexeu. Colocou Tinga e Ricardo Goulart nas vagas de Andrezinho e Oscar. O time passou para o 4-3-3, mas a alteração não foi boa. A equipe colorada não apresentava a compactação tão solicitada pelo comandante.
De forma desordenada, o Inter se lançava ao ataque. Não criava chances reais. O tom era dramático no Beira-Rio. Falcão chamou Sobis e o colocou na vaga de Nei, que saiu vaiado.
D'Alessandro, pela direita, enfileirou na ponta direita, cruzou rasteiro. No centro da área Bolatti, bateu, mas Freitas salvou em cima da linha.
Sobis, com um chute cruzado, e Bolatti, um uma verdadeira pancada arriscaram de longe. O desespero chegava aos jogadores que não conseguiam criar. O Peñarol se retrancava e conseguia segurar a pressão. E foi assim até o final.