No momento, vivemos o que podemos chamar de a "Era das Certezas". Todos somos absolutamente convictos das nossas opiniões, sem espaço para dúvidas. A margem para ponderações e questionamentos é cada vez mais reduzida. Refletir ou voltar atrás em relação a opiniões é considerado fraqueza, falta de firmeza.
Contudo, o que há de mais nobre nos seres humanos, ainda que seja motivo de vergonha atualmente, é a capacidade de rever suas opiniões. E, em última análise, deixar para trás questões que, quando alimentadas, só trazem lembranças negativas, nada mais do que isso. Sofrer pelo passado é algo que consome uma pessoa de dentro para fora.
A proposta é começar 2019 com os olhos no futuro. Sem perder nossas raízes e convicções, vamos deixar, pelo menos em alguns momentos, a razão e as certezas de lado? Se todos os gênios estão certos ao mesmo tempo, quem está errado?
Sabemos que o Inter vive uma situação financeira que não permite grandes investimentos. É absolutamente evidente, não faz mal repetir, que competir com os monstros Palmeiras e Flamengo é inviável. Até mesmo os clubes mineiros são rivais árduos na disputa por contratações. Ainda assim, somos obrigados a reforçar o plantel para as competições do ano — em especial a Libertadores.
Então temos Valdívia de volta ao Brasil, com contrato em vigor com o Inter. Mas, afinal de contas, qual Valdívia? O meia criativo, goleador e irreverente, que nos fez sonhar com o nascimento de um novo craque há alguns anos? Ou o moleque que optou por ser um comediante, tanto em suas redes sociais como nas partidas de videogame e computador que transmite pela internet, adotando uma postura de 13 anos sem notar que, a cada nova manhã, sua carreira futebolista encurta?
Os torcedores colorados precisam exercitar sua capacidade de colocar as convicções para descansar por um momento. As péssimas atuações em um momento lamentável para o clube, e uma saída conturbada no ano da Série B, são feridas que permanecem vivas entre os apaixonados. Prefiro acreditar que, ao fracassar em três times de maneira consecutiva, Valdívia aprendeu enxergar de maneira mais profissional sua trajetória como atleta. Acredito que não se portará mais como um adolescente, dividindo sua atenção entre entretenimento e sua profissão. Acredito, sim, que ele tem a capacidade de se dedicar como nunca, impressionar a equipe técnica pelo comprometimento e concentração nos treinos. Creio que os jornalistas no entorno do clube comentarão que ele saiu garoto e voltou homem.
Futebol não se desaprende, assim como caráter não se constrói. Dou meu voto de confiança para Valdívia. De coração aberto, peço que fique para que nos ajude em 2019. Você, amigão cheio de convicções, o "Sr. Certo": vamos abrir o ano com menos certeza de tudo?