O Inter ingressou em sua semana final de treinamentos em Atibaia. Na sexta-feira pela manhã, enfrentará o Red Bull Brasil, em novo-jogo-treino, e, à tarde, voltará para casa. No dia 19, a equipe retomará o Brasileirão diante do Atlético-PR, em Curitiba.
Desde a noite da última quarta-feira o QG colorado está montado no luxuoso hotel Bourbon, no interior paulista. Com treinos de alta intensidade, conversas com a comissão técnica, jogos-treino, e almoços de integração, o trabalho é idêntico ao das pré-temporadas em Gramado, Canela, Bento Gonçalves ou mesmo nos Estados Unidos. A diferença fica por conta do período do ano: julho.
Odair Hellmann não queria este recesso no Brasileirão. O treinador colorado teme pela quebra no ritmo de uma equipe que está na quarta colocação do campeonato e invicta há oito partidas. Mas o tempo é de recomeçar.
GaúchaZH apresenta alguns pontos que o período de treinamento intensivo do Inter em Atibaia já apresentou.
Confira:
Bola parada 1
Odair Hellmann tem utilizado boa parte dos treinos em Atibaia para entregar ao Inter novas armas. Uma delas é um melhor aproveitamento da bola parada. Não é raro ver o treinador insistindo nas jogadas ofensivas e defensivas de escanteios, faltas laterais e faltas mais longas (quase na intermediária). No primeiro jogo-treino da equipe, a vitória por 2 a 1 diante do Atibaia SC, neste domingo, o Inter viu os dois lados desta moeda. O primeiro gol colorado saiu em uma cobrança de escanteio, com Danilo Silva marcando o gol, após saída em falso do goleiro Ariel. Porém, o gol adversário também saiu em um escanteio, quando o novato zagueiro Gabriel Silva tentou afastar de cabeça, e fez gol contra.
Nestes treinamentos de bola parada, em cobranças de faltas contra o Inter, o técnico vem orientando zagueiros, laterais e volantes a fazer uma linha de impedimento, a fim de evitar que a jogada adversária seja concluída. Quando isto não é possível, há a ordem de afastar a bola para fora da área, onde meias e atacantes têm a obrigação de pegar o rebote e sair em contra-ataque com, no máximo, dois toques.
Bola parada 2
Armadores e avantes também precisam estar atentos. Caso Danilo Fernandes ou Lomba faça a defesa após a cobrança de falta ou de escanteio. Neste caso, o goleiro lança a bola na direção daquele jogador que estiver em melhores condições para começar o ataque. Ao menos nos treinos, tal ordem tem dado resultado.
Já quando a equipe está no ataque, o orientação é para que o batedor procure ao máximo tirar a bola do goleiro adversário. A bola parada é cobrada em curva, para longe da pequena área, a fim de dificultar uma eventual saída do goleiro – ou mesmo que o obrigue a sair em falso.
– A bola parada é importante para o Inter, a favor e contra. O mundo hoje está ganhando o jogo na bola parada. Se não me engano, 65% ou 70% dos jogos da Copa do Mundo foram resolvidos de bola parada. Isto falando da elite mundial. Estão lá os melhores jogadores do mundo e, mesmo assim, têm dificuldade para construir jogadas, para criar e marcar com a bola rolando – comentou Odair.
Transição em velocidade
A intertemporada colorada em Atibaia tem mostrado também uma equipe aprimorando o seu toque de bola. Por diversas vezes, a comissão técnica tem cobrado que os jogadores partam do campo de defesa para o ataque dando apenas um toque na troca de passes, até chegar ao gol adversário – geralmente atacando pelas pontas, ora com Lucca e Iago, pela esquerda, ora com Nico López e Fabiano (ou Zeca), pela direita. Odair Hellmann acredita que boa parte dos times do Brasileirão passará a adotar uma marcação com cinco defensores, a partir de agora.
– Enfrentamos (contra o Atibaia SC) uma linha de cinco, se não circular a bola um pouco mais rápido, você terá dificuldade para quebrar estas linhas de marcação. O treino é sempre visando ao Campeonato Brasileiro, que está logo ali na frente. Quando enfrentarmos esta linha de cinco no Brasileirão, não será novidade. Estamos fazendo bem o “ataca-marcando” (avançar ao campo adversário, adiantando as linhas de marcação também, a fim de evitar um possível contra-ataque), algo que já vínhamos praticando no Brasileirão – analisou o treinador colorado.
Das dificuldades
Se tem algo que prejudica a preparação do Inter em Atibaia são os desfalques. Desde o começo deste período de treinamento, dois titulares seguem trabalhando apartados do grupo: D’Alessandro e Leandro Damião – Moledo voltou aos treinos na tarde de segunda-feira. O trio chegou ao interior paulista com contusões. D'Alessandro ainda sente o novo entorse no tornozelo esquerdo, enquanto Damião está com os movimentos limitados devido a um torcicolo.
Apesar de parecer algo mais simples, o torcicolo do centroavante merece cuidados especiais. O camisa 9 já ficou quase dois meses fora de ação nesta temporada por causa de uma séria contusão nas costas – algo que por pouco não evoluiu para uma hérnia de disco, com necessidade de cirurgia.
Até agora, o trio realizou apenas treinos na academia do hotel Bourbon Atibaia, o QG colorado no interior paulista. Dos três, o único que arriscou corridas em volta do gramado foi Moledo. Ainda assim, todos seguem sem previsão de retorno aos treinos.
– Eles (Moledo, D’Alessandro e Damião) estão fazendo uma progressão gradual de carga (na academia) e a gente espera que nessa semana já possam evoluir melhor do que na semana passada. Vamos conversar com o departamento médico, ainda vamos avaliar bem esses retornos - justificou Odair Hellmann, sem garantir a presença do trio em campo nessa semana.
Neo titulares
Além de não poder contar com D’Alessandro e Damião, o Inter terá mais um problema para a semana. O goleiro Danilo Fernandes, com um desconforto muscular na coxa esquerda, foi preservado diante do Atibaia. Zeca está voltando aos poucos da lesão muscular na coxa esquerda, e atuou pelo time suplente no jogo-treino, enquanto que o volante Patrick está suspenso da partida contra o Atlético-PR, devido ao terceiro cartão amarelo.
Assim, não será surpresa se boa parte do time que começou o jogo-treino deste domingo seja realmente o titular para a retomada do Brasileirão, com Marcelo Lomba; Fabiano (Zeca), Danilo Silva, Victor Cuesta e Iago; Rodrigo Dourado, Edenilson, Gabriel Dias, Lucca e Nico López; William Pottker.
Três em um: atacante, meia e volante
Ainda que os jogadores estejam em processo de retomada de ano, há quem tenha se destacado dos demais na vitória sobre o Atibaia: Nico López. Atuando na vaga deixada por D’Alessandro, o uruguaio parece um jogador bem diferente daquele do ano passado. Atuando pela direita (e, em algumas ocasiões, trocando de função com Pottker, e atuando como referência do ataque), Nico teve boa presença no setor ofensivo, mas de destacou também voltando para dar combate no meio-campo, além de jogar até mesmo como volante em determinados lances.
Os recrutas
Ainda sem o meia argentino Martín Sarrafiore, 20 anos, que ficou em Porto Alegre a fim de readquirir um bom condicionamento físico, a "Turma da base" do Inter em Atibaia responde pelo zagueiro Gabriel Silva, 23 anos, pelo meia Nonato, 20, e pelo atacante Álvaro, 20 – também há Richard, 18 anos, mas com outras passagens pelo time principal. Os três entraram no segundo tempo do jogo-treino com o Atibaia SC, e tiveram um desempenho ainda discreto. Pior para Gabriel, que marcou um gol contra, em cobrança de escanteio. Ainda assim, Odair segue dando forças ao trio:
– Eles vêm tendo boa participação. Sempre trazemos jogadores da base para começar a ganhar experiência, para que sejam observados. O Richard (meia) já estava com a gente, e desce para jogar (pelo Inter B). Eles seguirão recebendo oportunidades.
Rodízio
Mesmo com quatro baixas (Danilo Fernandes, Rodrigo Moledo, D’Alessandro e Leandro Damião), Odair Hellmann utilizou 26 jogadores no jogo-treino com o Atibaia SC. Deseja rodar todo o grupo nestes testes, a fim de contar com reposições, em caso de necessidade. Dentre os jogadores que estão ganhando novo ritmo de jogo, destaque para o atacante Wellington Silva. Recuperado das dores no púbis, ele pode ser candidato à titularidade no segundo semestre.
– É importante demais estarmos aqui. Temos todas as condições de treinamento e descanso, pois quando se está em pré-temporada, se trabalha muito forte. Um dos nossos pilares é o bom ambiente. Isto nos aproxima mais como grupo. Espero que possamos retomar o mais rápido possível aquela regularidade que tínhamos antes da parada – finalizou o treinador do Inter.