A situação na tabela do Brasileirão ainda é desconfortável, o time já beira a zona de rebaixamento, e o ataque cumpriu o quinto jogo seguido sem marcar gols, mas o Inter deixou a Arena recarregado após o empate em 0 a 0 contra o Grêmio.
Além dos desfalques de Edenilson, William Pottker e de D'Alessandro — que no treino a portões fechados da sexta-feira sentiu um inusitado desconforto muscular –, a semana colorada havia sido de pressão – e ameaças na madrugada - à direção e ao técnico Odair Hellmann. Com a defesa extrema montada para o clássico 416, o Inter saiu da casa gremista com a confiança que ainda não tinha para a sequência do Campeonato Brasileiro.
Ainda que o pontinho ganho na Arena não tenha tirado o Inter da segunda página da Série A, o coube encontrou o que procurava: um pouco de paz e a manutenção de Odair no processo de reconstrução colorada em 2018. Uma derrota — e, sobretudo, uma goleada como ocorreu no Gauchão — jogaria ainda mais pressão por parte da torcida sobre a gestão de Marcelo Medeiros para que demitisse o treinador e a direção de futebol.
— Deu tudo certo em termos de estratégia. Não viemos para jogar por uma bola. Grêmio tinha o favoritismo, mas falavam em goleada, de 7 a 0, de 5 a 0. O jogo é jogado. Não existe isto – disse um aliviado Odair Hellmann.
— A gente sempre joga para vencer. Pressão há sempre me um clube grande como o Inter. Queríamos os três pontos, mas levamos um ponto e tiramos dois do adversário que vinha vencendo todas em casa – completou o treinador do Inter, que deu entrevista antes de Renato Portaluppi.
Parecendo saber que tipo de discurso partiria do técnico do Grêmio — que chamou o Inter de "time de Segunda Divisão", que joga como "time pequeno", e que só "sabe se defender" —, Odair ainda deu uma cutucada de quem tirou o peso de uma montanha das costas:
— Nos últimos dois Gre-Nais, vencemos um e empatamos outro. Fora de casa.
Apesar do sucesso de sua proposta de deixar a Arena sem derrota, Odair tem um sério problema a ser corrigido: o sistema ofensivo do Inter não marca há cinco partidas. Um recorde negativo para o clube, que não encontra parâmetro neste século. Na próxima segunda-feira, o Inter receberá a Chapecoense. Depois, de novo no Beira-Rio, contra o Corinthians.
— Em casa, a gente tem feito bons jogos e criado muitas oportunidades. Agora vamos para dois jogos em casa. Um clube grande como o Inter precisa vencer. Precisamos manter esta postura defensiva e melhorar a postura ofensiva. Repetir o aproveitamento que tivemos contra o Bahia (vitória por 2 a 0), não aquele contra o Cruzeiro. Mas o Rossi voltou agora, o Lucca praticamente fez a sua estreia. Damião está voltando de lesão... Quando se mexe muito em um setor, se perde a mecânica de jogo — comentou o treinador do Inter.
Coube ao vice de futebol do Inter, Roberto Melo, rebater as afirmações do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, que qualificou D'Alessandro por "arruaceiro", depois que o argentino deu um soco na altura do pescoço de Luan, além das declarações de Renato Portaluppi — que chamou o Inter de "time pequeno, time de Segunda Divisão".
– O Inter jogou com uma estratégia, com cuidados para marcar uma equipe que tinha feito 13 gols em três jogos. O Grêmio teve posse de bola, mas a maioria do tempo foi sem sentido, inerte. Não vou debater com o Renato, tenho certeza que, na carreira dele, tenha usado uma estratégia parecida. Lembro de ele dizer que o importante é o resultado em vez de desempenho. Essas declarações é porque tiveram dificuldades, pois queriam saber de quanto iriam ganhar, e como não foi assim, deve ter gerado frustração - afirmou Melo. - O presidente fala o que ele quer. Vem de um momento muito bom. Mas eu não gosto de falar de jogadores da outra equipe. Eu respeito muito a equipe do Grêmio, respeito o Romildo. Mas chamar o D'Alessandro, que é um dos maiores líderes e jogadores do Rio Grande do Sul, de arruaceiro é um exagero. Ele era o presidente do Grêmio quando o Edilson deu três socos no Dourado em um Gre-Nal, e não vi ele chamar o Edilson de arruaceiro – disparou.