Em um ambiente de pressão como se encontra Odair Hellmann, a sequência é a pior possível. O Inter, eliminado na quarta fase da Copa do Brasil, terá pela frente quatro adversários de Libertadores: Palmeiras (F), Cruzeiro (C), Flamengo (F) e Grêmio (F). E, a rigor, até os dois seguintes também estiveram na competição internacional, já que serão Chapecoense (eliminada na fase preliminar) e Corinthians. Sobreviver a esses jogos é a única alternativa para técnico e clube darem andamento a um ano que só terá o Brasileirão pela frente, até novembro.
Ainda que os números de Odair não sejam ruins — ele supera, com folga, seus antecessores Guto Ferreira e Antônio Carlos Zago —, o símbolo das eliminações precoces no Gauchão e na Copa do Brasil pesam contra seu trabalho. Sob seu comando, o time teve o pior resultado no Estadual nos últimos 11 anos, e caiu do torneio nacional na quarta fase, o que não ocorria desde 2014.
Apesar disso, há garantia por parte da direção colorada de que Odair não está ameaçado sob hipótese alguma. A direção, inclusive, tratou de enfatizar isso. Depois de ter concedido entrevista em Salvador, o vice de futebol, Roberto Melo, voltou a falar em defesa do técnico em São Paulo:
— Essa derrota não pode gerar um crise, achar que estar tudo errado, porque daí mesmo é que não vamos para frente.
Para o ex-técnico Muricy Ramalho, hoje comentarista do SporTV, essas demonstrações são importantes para respaldar o treinador. Ele lembrou que, em 2004, foi derrotado para o Atlético-PR e, ao chegar em Porto Alegre, teve uma reunião com dirigentes, que lhe garantiram permanência e se colocaram à disposição para ajudar a remobilizar o time. O movimento deu resultado, e na rodada seguinte, sua equipe goleou o Corinthians por 3 a 0.
— A direção tem de ter convicção no que faz. Se acredita no profissional desde o início da temporada, confiou a ele o ano, precisa estar junto agora. Trocar treinador não adianta, é mudar estilo, mudar trabalho no meio do campeonato. Já vi boas virtudes no Odair, acho que ele precisa de tempo para mostrar — disse Muricy.
Uma ação imediata já para a próxima rodada é a inclusão de dois reforços no grupo que está em São Paulo. O centroavante Leandro Damião encerrou os trabalhos em separado e está apto a atuar no Pacaembu. O outro jogador convocado foi Danilo Silva, que chegou a jogar algumas vezes antes de ter problemas no púbis, mas poderá ser importante já que Rodrigo Moledo saiu com lesão muscular no intervalo da partida contra o Vitória.
Leandro Damião não atua desde a vitória por 2 a 1 sobre o Remo, pela segunda rodada da Copa do Brasil, quando, inclusive, marcou seu único gol em 2018. Na temporada, o atacante esteve em campo por 515 minutos, distribuídos em seis partidas (quatro pelo Gauchão, duas pela Copa do Brasil). Depois, sofreu uma lesão na cervical e está há dois meses sem jogar. Danilo Silva esteve em campo em três partidas, todas pelo Gauchão, quando o Inter usou time reserva. A curiosidade é que fez dois gols (um contra o Novo Hamburgo, outro contra o Avenida). Está fora desde 4 de fevereiro.
Com Damião, além da presença de um camisa 9 original, de posicionamento na área e confronto com zagueiros, Odair terá à disposição um jogador que se dedica à partida, tem raça e entrega. Características que, segundo a análise de muitos especialistas, faltou ao Inter para encarar uma partida decisiva de Copa do Brasil como a de quarta-feira, no Barradão.
— A cobrança tem de vir do treinador. Nunca fui um grande motivador, mas sabia cobrar os atletas. Eles têm de saber o que é jogar no Inter — aponta Muricy.
O treinador precisará, mais do que nunca, da força de D'Alessandro. Como já havia feito em outros momentos conturbados, o capitão deu entrevista para defender os colegas. Nos próximos dias, deverá ter o apoio do vice-capitão, o goleiro Danilo Fernandes, que ficou no banco na quinta-feira e se prepara para retomar a posição. Outro líder do vestiário, o camisa 1 será responsável para remobilizar um grupo que terá mais 37 jogos até o fim do ano.