À vontade como em uma mesa de bar, Odair Hellmann foi o convidado do talk show Cardápio do Zé, no Gaúcha Sports Bar. No encontro, o treinador do Inter esbanjou simplicidade e demonstrou a confiança de quem, apesar de eliminado do Gauchão, foi poupado das críticas.
Em mais de uma hora de conversa, fez revelações importantes, como a de que espera contar com Leandro Damião e William Pottker para enfrentar o Vitória em 11 de abril, pela Copa do Brasil. Também analisou a queda prematura no Estadual, projetou a sequência de 2018 e evitou previsões sobre onde o Inter pode chegar. Leia trechos da entrevista.
Passado o Gauchão para o Inter, como foi a volta?
Não estamos felizes com a saída do Gauchão. Estava nos nossos objetivos ganhar o título. Estamos aproveitando este tempo para recuperar os machucados e trabalhar o time. O calendário será apertado a partir do dia 11, pois ali adiante tem mais uma parada com a Copa do Mundo. Temos de estar bem para o início do Brasileirão e passar na Copa do Brasil.
Mesmo sendo eliminado pelo Grêmio, teu nome parece ter sido preservado nas críticas e cobranças mais fortes do torcedor.
Vejo isto como algo positivo. Agradeço ao torcedor. Por onde ando recebo boas manifestações da torcida, mas a gente sabe que no futebol brasileiro se precisa do resultado. O torcedor compreendeu que a gente adquiriu uma maneira de jogar com a qual ele se identifica. Tivemos momentos nos Gre-Nais em que ele se identificou com o esforço do time. Mostramos um caminho e isto foi bem visto.
Os clássicos vieram cedo demais no Gauchão?
Talvez. O Gre-Nal poderia ser a final. Talvez com duas semanas a mais, tudo fosse diferente. Para nós, porém, por todo este processo de reconstrução que a gente está passando, acabaram sendo importantes estes jogos porque, no Brasileiro, só vai haver este tipo de confronto.
O Inter pode repetir o Corinthians, que buscou um técnico da casa (Fábio Carille) e foi campeão?
Gostaria que Deus te respondesse “sim”. Não posso dar essa resposta. Se eu digo “não”, estaria negando a capacidade de um clube gigante que já foi campeão. Se digo “sim”, talvez esteja vendendo uma ilusão sem que tenhamos feito os primeiros jogos. Não podemos pensar em ser campeão sem pensar nos jogos um a um. Se o processo funcionar, estaremos mais próximos dos resultados que todos esperam. Vou trabalhar para o sonho maior, que é o título, mas precisamos evitar oscilações.
Já há a certeza de que os lesionados do Gauchão estarão de volta no dia 11, contra o Vitória?
Eles estão voltando. Torço muito para que todos que estão com algum problema neste momento possam estar à disposição para o dia 11. Todos são importantes. Grupo forte gera time forte. Me dá opções de variação de equipe e de esquema. Espero que nos primeiros jogos do Brasileiro eu conte com todos.
Quem são os inimigos do Brasileirão, pensando em título?
Tem clubes com muito poder financeiro. O Flamengo fez muitos investimentos, o Palmeiras também, o Cruzeiro tem um mesmo técnico há dois anos e fez time em cima de uma boa base , o Grêmio fez um bom Brasileirão e é campeão da América. São alguns clubes que estão realmente na teoria num patamar um pouco acima, mas no futebol tu podes trabalhar e evoluir. Os outros times estão num mesmo padrão. O Inter se encontra aí e por isto temos que trabalhar muito sério para conquistar mais espaço. O Brasileirão também vai ter para alguns as competições paralelas e isto prejudica muito. O negócio é treinar, se garantir contra o Vitória na Copa do Brasil e abrir bem o Brasileiro.
Pela importância que ele tem no time, como ter desempenho pleno do D’Alessandro no ritmo do Brasileirão e pela qualificação da competição?
Ele entra num processo com os demais. É importantíssimo para a equipe. Haverá avaliações constantes do ponto de vista físico. Não mudaremos mais uma grande quantidade de atletas de um jogo para outro. Agora serão alternâncias pontuais e específicas. Ele apenas se insere neste contexto.
Sobre Seleção Brasileira, o Neymar é teu amigo da Seleção Olímpica, te proporcionou uma ida ao PSG. O que tu podes dizer sobre ele a perspectiva na Copa?
Ele foi importantíssimo na Olimpíada sob todos os aspectos. Esteve sempre focado e preparado para ganhar os Jogos e entrar na história. Participou de todos os processos. Vai se recuperar e vai estar totalmente concentrado para ganhar a Copa. Tenho certeza.
E o Luan que também estava lá? Achas possível ele estar na Copa?
Sim. Ele foi fundamental na mudança de sistema que melhorou o Brasil na Olimpíada. É no Brasil atualmente quem melhor sabe jogar flutuando entre as linhas adversárias. Talvez o esquema atual da Seleção crie alguma dificuldade para ele por exigências específicas na hora de marcar e jogar no 4-1-4-1 ou no 4-3-3, mas ainda o vejo como candidato a uma vaga na Copa.
E o trabalho do Tite?
Conheci ele, convivemos um pouco na Olimpíada e isto aumentou a admiração. Torço muito para ele. Fez por merecer durante toda a carreira e uma vitória do Brasil na Copa impulsionará toda a atividade do futebol no Brasil. Vai ser bom para valorizar profissionais de todas as áreas.