D'Alessandro chegou ao Inter no inverno de 2008, em meio à construção do melhor Inter depois do time campeão mundial em Yokohama. À solidez defensiva e ao ataque a jato montado por Tite, o argentino era a peça que faltava a um meio-campo combativo, que tinha Alex na melhor fase de sua carreira colorada.
Camisa 15 às costas, o mesmo número com o qual ganhou o ouro olímpico nos Jogos de Atenas, com a seleção da Argentina, o jogo 1 de D'Alessandro no Inter foi o Gre-Nal.
Assim como será a partida 400 do meia pelo clube, neste domingo, a partir das 17h, em clássico válido pela última rodada da fase classificatória do Gauchão. Em sua estreia, o Inter de D'Alessandro empatou em 1 a 1 com o time misto do Grêmio, em jogo válido pelo mata-mata da Copa Sul-Americana. No gol gremista, estava o reserva de Victor: Marcelo Grohe.
No jogo da volta, no Olímpico, o empate em 2 a 2 levou o Inter adiante no torneio - que acabaria com Tite dando ao clube o inédito título da Sul-Americana, em uma emocionante final contra o Estudiantes de la Plata, de Verón.
Quarenta e sete dias depois de sua estreia no Inter, D'Alessandro entrava em campo para a disputa do terceiro Gre-Nal. O clássico 373 começou a torná-lo uma celebridade entre os colorados. Líder do Brasileirão, o Grêmio de Celso Roth foi ao Beira-Rio para se manter no topo. D'Alessandro fez o primeiro dos quatro gols do Inter. Naquele momento, ele passou a ser amado definitivamente pelos colorados e se tornou um pesadelo para os gremistas.
— É o seguinte: lá, nós temos que ganhar do Grêmio. O importante é ganhar do Grêmio — disse Fernando Carvalho, fitando os olhos de D'Alessandro, em meio ao frio de julho em Buenos Aires, quando foi contratá-lo.
E o capitão do Inter introjetou como um gaúcho o mantra de Carvalho.
— A grande contribuição do D'Alessandro no Inter é fora do campo. Quando ele compreende a rivalidade, quando ele sabe provocar o adversário, como o Renato sabia. D'Alessandro sabe atiçar a rivalidade, fazer com que isso motive os jogadores. Ele entendeu isso. A grandeza do D'Alessandro no Inter é a grandeza nos Gre-Nais, na rivalidade, no fato de ter esta compreensão do clássico — entende David Coimbra, autor do livro A história do Gre-Nais.
A lenda de D'Alessandro no Inter ainda passa por ele ter desfalcado a equipe na goleada de 5 a 0 do Grêmio em 2015, quando Odair Hellmann foi atirado aos leões pela direção, ao ser o "fato novo" para o clássico, após a intempestiva demissão de Diego Aguirre. Também não estava na campanha de 2016, quando todo o colorado tem certeza que o clube não seria rebaixado, caso D'Alessandro estivesse em Porto Alegre e não em Buenos Aires.
Voltou a jogar Gre-Nais em 2017, também em uma partida marcante. Rebaixado, o Inter foi à Arena enfrentar o Grêmio campeão da Copa do Brasil, em um ambiente totalmente adverso. O Inter saiu perdendo e chegou a virar o clássico. Ao final, o 2 a 2 foi emblemático, quase um símbolo de reconstrução para o Inter, outra vez sob o comando de D'Alessandro em Gre-Nais. Será assim uma vez mais, no jogo 400 de D'Alessandro, no 11° ano de Inter.