Victor Cuesta transformou Porto Alegre em uma extensão de Avellaneda. Há pouco mais de um ano no Brasil, o zagueiro argentino está completamente adaptado à capital gaúcha. Ao menos é o que garantem as pessoas que acompanham o jogador de 1m87cm e 84kg neste período em solo gaúcho. O processo de integração com o Estado foi completado no domingo passado, com a estreia no Gre-Nal, talvez o único hábito da cultura rio-grandense que ele ainda não havia experimentado.
Agora, nos próximos quatro dias, tem a chance de mudar a impressão inicial que o clássico deixou, com a derrota e o pênalti cometido sobre Everton no segundo gol gremista. Por outro lado, a força do segundo tempo e a liderança que teve deixaram uma esperança de melhora para os duelos das quartas de final do Gauchão. E experiência para isso não falta.
Com 29 anos de idade completados em novembro, Cuesta já viveu algumas batalhas locais do vermelho contra o azul. Mas em Avellaneda. Pelo Independiente, de onde veio, enfrentou o rival Racing oito vezes. Ganhou três, perdeu três e empatou as outras duas. Sofreu e comemorou, portanto.
— Cuesta está mostrando no Inter a liderança que se viu aqui — comentou Alejandro Casar, repórter do jornal argentino La Nación.
Ganhar o clássico ajudaria ainda mais em Porto Alegre. Porque o resto da adaptação já está feito. Cuesta uniu os hábitos argentinos aos gaúchos. Um exemplo é o churrasco.
— Na primeira semana, ele já estava comprando espeto. No início, até demorou um pouco para ser acostumar com o sal. Na Argentina eles temperam diferente, mas aprendeu — comenta o observador técnico do Inter, Rodrigo Weber, que trabalhava na comunicação do clube quando o argentino desembarcou no Rio Grande do Sul em meio a uma grande recepção da torcida e foi uma espécie de cicerone do zagueiro na Capital, ajudando, por exemplo, a fazer a vistoria da casa alugada e a finalizar a compra de um carro para o jogador.
Para facilitar a transição Argentina-Brasil, Cuesta contratou professores para aprender português. Rapidamente, ampliou vocabulário e insiste para que corrijam ou ensinem as palavras certas. Em julho do ano passado, conversou com Zero Hora e brincou:
— Falo português pior do que o D'Alessandro, mas melhor do que o Nico.
A liberdade para brincar com os estrangeiros é estendida aos nativos. O porto-alegrense Edenilson é um de seus melhores amigos. Danilo Fernandes e Uendel completam o time. O lateral-esquerdo não poupa elogios:
— É impressionante como o Victor se adaptou rápido à cultura do clube e da cidade. Ele fez questão de aprender a língua muito rapidamente, hoje fala português muito bem. Com toda certeza isso o ajudou muito dentro e fora de campo.
Além do convívio com os companheiros de time, Cuesta faz questão de trazer a família para Porto Alegre com bastante regularidade. Seu pai está na Capital, assistirá aos clássicos nos estádios. E, no condomínio que mora — o mesmo onde estão alguns dos jogadores colorados _ gosta de frequentar a quadra de tênis. O esporte é um de seus hobbies. Há poucos dias, inclusive, esteve no Rio Open acompanhando algumas partidas em seu momento de folga.
Mas o tênis está em segundo plano agora. Como o resto dos torcedores colorados, pensa apenas no Gre-Nal. Ainda não tem certeza sobre quem será seu companheiro, já que Klaus saiu lesionado do treino de sexta. Moledo? Thales? O capitão da seleção olímpica argentina de 2016 está acostumado a ter um colega diferente. E no fim das contas, acaba sendo a referência defensiva do time de Odair Hellmann.
Os clássicos de Cuesta:
Independiente x Racing
27/11/2016 Racing 3x0 Independiente — Campeonato Argentino
24/4/2016 Racing 0x0 Independiente — Campeonato Argentino
21/2/2016 Independiente 1x1 Racing — Campeonato Argentino
6/12/2015 Racing 1x2 Independiente — Desempate Libertadores
29/11/2015 Independiente 0x2 Racing — Desempate Libertadores
12/9/2015 Independiente 3x0 Racing — Campeonato Argentino
24/5/2015 Racing 1x0 Independiente — Campeonato Argentino
31/8/2014 Independiente 2x1 Racing — Campeonato Argentino
Gre-Nal - Grêmio x Inter
11/3/2018 Inter 1x2 Grêmio — Gauchão