A campanha do Inter na Copa São Paulo é vista como positiva pela direção da base colorada. Eliminado nos pênaltis para o São Paulo, o time comandado por Fábio Matias chegou às semifinais da competição mais tradicional da base , situação que o clube viveu pela última vez em 2008. A a competição revelou nomes como o meia-atacante Netto, o goleiro de 2m4cm, Carlos Miguel, e consolidou apostas como o atacante Brenner e o meia-atacante Richard, estes já inscritos no Gauchão pela equipe principal. O Inter, porém, esbarrou em um time com três anos de trabalho de uma mesma comissão:
– O São Paulo vem de um trabalho a longo prazo, de três anos com o mesmo treinador, mesmo modelo. Começamos isso em dezembro de 2014, quando saí do Grêmio. O trabalho a longo prazo, de qualidade, faz toda a diferença, permite que se tenha atuações como a que o time do Jardine teve – disse o coordenador Diego Cabrera, que deixou o São Paulo no início de 2017 para reforçar a base colorada.
Qual a sua avaliação sobre a campanha do Inter na Copa São Paulo?
Positivo. Fazia 10 anos que o Inter não chegava à semifinal. Saímos como melhor ataque, invictos. Saímos com quatro jogadores inscritos no Gauchão (Brenner, Roberto, Richard e Fuchs). Viemos de um trabalho de reformulação. Fomos campeões Sub-20, Semifinalista da Copa RS, semifinalista da Copinha e campeões do Brasileirão de Aspirantes. Para o primeiro ano de trabalho, pelo calendário do sub-20 e a revelação de jogadores, o balaço é positivo. Óbvio que um clube do tamanho do Inter precisa formar, mas precisa formar vencedores. Eles têm de conviver com a vitória, conquistas, aliar o bom trabalho, desenvolvimento, com conquistas.
Você ficou incomodado com o adiamento da partida na segunda-feira, quando o jogo estava 1 a 1?
Começamos o jogo bem, mesmo tendo tomado gol com 30 segundos. Na metade do primeiro tempo, tivemos um pouco de dificuldade. Quando fomos para o intervalo, não vivíamos um bom momento. Aconteceu uma tempestade perigosa, achamos que o jogo não voltaria, e o árbitro deu condição de jogo. Seguimos as determinações e, logo em seguida, empatamos. Tivemos um pênalti a favor e, naquele momento, éramos melhores. Vivíamos de um trabalho de recuperação no jogo e havia mais 30 minutos a serem jogados. A única coisa que estranhamos foi a decisão da arbitragem. Quando reiniciou o segundo tempo, não existia a mínima segurança. Depois, quando parou a chuva, os raios e a segurança foi reestabelecida, o jogo parou.
O que faltou para o Inter vencer o São Paulo?
O São Paulo vem de um trabalho a longo prazo. E eu posso falar com propriedade. Começamos esse trabalho em dezembro de 2014, quando saí do Grêmio. Hoje, o São Paulo chega a três anos com o mesmo trabalho, mesmo treinador e mesmo modelo. O trabalho a longo prazo, de qualidade, faz a diferença, permite que se tenha atuações assim. Nos últimos três anos, o São Paulo revelou jogadores e tem uma geração qualificadíssima. Sabia que seria difícil encará-los. Mas apresentamos muitos talentos como Netto, Eduardo, Carlos Miguel. Tenho certeza que a manutenção do nosso trabalho vai diminuir a distância em relação aos outros. São Paulo sempre teve o mesmo preparador físico e o treinador André Jardine. Mesmo assim, nos apresentamos bem. Dá para ver pelo jogo do Santos: ganhamos de 4 a 0. Todo mundo comentou, elogiou.
O time da Copa São Paulo era o sub-19. A ideia era dar mais experiência ao grupo?
Nossa equipe era mais nova, mas a ideia era essa, pela qualidade que eles apresentaram, pela evolução. Participaram com os méritos, e a ideia é que se abra espaço, e toda a vez que a gente tenha condições, para jogadores mais novos, vamos fazer isso. Por acreditarmos que eles têm qualidade para atuar.
A ideia é manter a base desta equipe para a Copa São Paulo do ano que vem? Ou mesclar com jogadores mais novos?
Os atletas que forem atingido um determinado estágio serão oportunizados no sub-23, no grupo principal. Outros ainda precisam trilhar um caminho maior na categoria de base. A ideia é a jogar com os atletas nascidos em 1999, em 2000 e em 2001.
Mas o zagueiro Leandro Córdova, que errou uma das cobranças de pênalti, tem 18 anos. Pode jogar outra.
Leandro participou da conquista do sub-23, do Brasileirão de Aspirantes. Foi titular da equipe em muitos jogos. Aliás, acredito até que essa experiência, da cobrança de pênalti, serviu muito pelo aprendizado.
Os que se destacaram já treinarão com o profissional?
Eles já estão acostumados a treinar com o profissional. Não é novidade. Todos que estavam na Copa São Paulo já participaram de treinos com o profissional. Estamos sempre oportunizando. O Odair começou na base, tem proximidade grande com a base. Acreditamos que esse processo vai continuar cada vez mais forte. Alguns vão receber oportunidade na equipe B.
Os que foram inscritos no Gauchão já se reapresentam ao Odair?
Eles se apresentam na segunda: Miguel, Roberto, Bruno Fuchs, Richard e Brenner no Sub-23 – o goleiro é o único que ainda não foi inscrito –, com os demais atletas da base que estão inscritos (Ronald, Fernandinho e Jeferson, por exemplo).
Qual a importância da conquista de títulos na base?
Quem tem trabalhado em um clube do tamanho do Inter tem de se acostumar a vencer, com vitórias. Não que seja o principal. Priorizamos todos os estágios, potencializamos todas as etapas e trabalhamos o atleta na essência. Mas a partir do momento que disputa competições importantes, precisamos visar os resultados também. O reconhecimento maior são os jogadores estarem na principal, formar jogadores, mas subindo com conquistas. Jogos importantes contra grandes equipes servem para os jogadores se ambientarem, terem ciência da grande responsabilidade que é jogar em um clube como o Inter.