Vinte e cinco anos atrás, em 13 de dezembro de 1992, o Inter conquistou o seu último título nacional: a Copa do Brasil. A campanha, que contou em seu início a maior goleada do torneio, os 5 a 0 sobre o Muniz Freire, teve no time capixaba o único adversário sem grife de toda a campanha. Depois disso, o Inter teve pela frente gigantes como Corinthians, Grêmio, Palmeiras e Fluminense. E o time de Antônio Lopes passou por todos eles.
Renascido para o futebol após a gravíssima lesão no joelho, em 1997, Jorge Luís da Silva Brum, o zagueiro colorado Pinga se tornou um símbolo daquele título. No jogo de ida das finais, contra o Fluminense, no acanhado estádio de Laranjeiras, o "guri" Caíco, recém-promovido das categorias de base, salvou o Inter marcando o gol colorado após o 2 a 0 dos cariocas.
– Aquele gol do Caíco, fazendo coisa de guri, driblando meio time do Fluminense antes de marcar o gol, nos colocou de novo nas finais. O 2 a 0 seria quase irreversível no Beira-Rio porque o Fluminense veio para não jogar, para catimbar – conta Pinga, hoje com 52 anos e funcionário do Inter.
Durante a campanha, Pinga lembra que a esperança de título foi crescendo no vestiário colorado, jogo a jogo.
- Os jogos finais marcaram mais. O Gre-Nal, que foi decidido nos pênaltis, a partida contra o Corinthians, quando Neto nos provocou, dizendo que não entraria em campo com o Gérson (o centroavante do Inter e goleador da Copa do Brasil daquele ano e que foi diagnosticado soropositivo semanas antes), o que nos revoltou muito, e até o Antônio Lopes tentando sem sucesso trocar a final no Rio, das Laranjeiras para o Maracanã, nos marcou muito. Nos uniu muito – recorda Pinga.
Com o Beira-Rio acolhendo mais de 35 mil torcedores para a grande final, o Inter se jogou ao ataque contra o Fluminense. Mas sem efeito algum até os 38 minutos do segundo tempo, quando o desespero já tomava conta de time e arquibancadas. Foi aí que Pinga viu o lateral-esquerdo e dublê de volante Luciano se preparando para cobrar uma falta para a área. O zagueiro olhou para o ponteiro Maurício e sentenciou:
– Vem comigo para a área porque eu vou fazer o gol.
Não fez. Mas cavou o pênalti que levaria ao título.
– O Luciano cruzou no meu pé. Mas perdi o tempo da bola, fiquei sem ângulo e corri para tentar jogar a bola para trás, esperando que alguém pegasse o rebote. Foi quando o Souza (zagueiro do Fluminense) correu comigo para disputar a bola. Mas não havia o que disputar, eu não conseguiria fazer nada ali. Só que ele foi inocente. Se fosse mais experiente me deixaria ir sozinho para o lance. Veio para cima de mim e, aí, deu no que deu - relata Pinga, sem citar que o "deu no que deu" foi a marcação da penalidade pelo árbitro paulista José Aparecido de Oliveira.
Pênalti marcado, torcida enlouquecida, e... ninguém para bater.
– Um novo drama começava. Dos nossos batedores costumeiros, que sempre treinavam e que ainda estavam em campo, Marquinhos, Maurício e Daniel, ninguém se apresentou. Foi aí que o Célio Silva pegou a bola, colocou embaixo do braço e foi bater. E o Fluminense seguia carimbando e chutando o chão para fazer um buraco na marca da cal. E o Célio sequer trainava pênaltis. Nenhum de nós (zagueiros) treinávamos. Eu fiquei de costas para a cobrança, pois sabia que o Célio furaria a rede ou mandaria a bola na arquibancada. E eu não queria ver. Fiquei olhando para a torcida, esperando a reação. Foi o pior pênalti da história e o gol mais bonito – brinca Pinga, lembrando que o capitão colorado chegou a chutar o chão junto com a bola na cobrança.
O título de 92 seguiu como a grande conquista moderna do Inter até que Fernandão libertasse o clube em 2006, com os títulos da Libertadores e do Mundial. Na esteira da Era de Ouro do clube, o Inter voltou à final da Copa do Brasil. Em 2009, quando foi derrotado pelo Corinthians de Ronaldo Nazário. Apenas duas finais em 29 anos de Copa do Brasil. Por isso a turma de 1992 é tão importante para a história do clube.
– Trata-se de uma competição difícil. Tenho certeza que breve o Inter voltará a vencê-la – aposta Pinga.
A alta cúpula colorada dispõe de informações sobre o prestígio do meio-campo no futebol colombiano e tentará colocá-lo novamente no país. Ainda assim, a direção está preocupada em diminuir a folha de pagamento para poder investir.
Paulão, Anderson, Fernando Bob, Marquinhos, Geferson, Artur, Eduardo Henrique e Anselmo não interessam e engrossam a lista. Já Alisson Farias foi emprestado ao Brasil de Pelotas do técnico Clemer.