Lisca reencontrará o Beira-Rio depois de ter "fracassado" na missão de manter o Inter na Série A em 2016. Alçado treinador nas últimas três partidas do Brasileirão do ano passado pelo então vice de futebol Fernando Carvalho, o treinador hoje no Guarani fala do alívio em ter garantido matematicamente o seu time na Segunda Divisão, explica a turbulenta demissão do Paraná ainda nesta temporada e entende que, se a missão no Inter tivesse chegado sete rodadas antes, o torcedor colorado talvez não passasse pelo sofrimento do rebaixamento.
Confira principais trechos da entrevista:
A sensação é de alívio depois de ter garantido matematicamente o Guarani na Série B?
Bastante. Esse era o nosso objetivo. Viemos faltando 10 rodadas. Nas últimas 17 partidas, para teres noção, o Guarani havia vencido uma só. Tinha feito um gol só. O quadro era muito difícil. Tivemos de recuperar a autoestima, autoimagem do grupo. Eram muitos jogos sem vitória. Perdemos muitos jogadores por lesão. Antes de vir, achei que estava difícil. Quando cheguei, vi que a situação estava pior. Nosso ataque não fazia gol, mas recuperamos.
Na sua saída do Paraná este ano, se falou em uma possível agressão a um auxiliar técnico. O que aconteceu?
Não houve agressão nenhuma, houve uma conspiração de seis pessoas. Acabaram me tirando pra se apropriar do trabalho que eu estava falando. Eu não posso falar. Mas já está na justiça. E isso vai ser provado. Essa mentira vai ser provada. Já passei muita coisa no futebol. Mas isso passou do limite.
Com o Guarani garantido matematicamente na Série B, o jogo com o Inter será tratado como um amistoso?
Não tem nada de amistoso. É um jogo que por si só é uma grande vitrine. Agora, pela situação do campeonato, a partida ganhou dimensão e interesse. Jogos do Inter e América-MG são os que valem alguma coisa. Vi que Inter está bem mobilizado, estádio vai estar cheio. É o ultimo jogo da Série B e o Inter está almejando título. Jogo esquentou. Guarani vai ao Beira-Rio respeitando o campeonato, e querendo deixar uma última boa partida.
Vai ser um jogo para testar jogadores e quem sabe apostar em renovações para 2018?
Não tem isso. Vai jogar quem estiver em melhores condições. Não vai ter teste. Vamos trabalhar muito para esse jogo.
Você renova com o Guarani para 2018?
A ideia é ficar. Estamos acertando para isso. Tivemos uma reunião, mostramos a intenção para ficar. Eu quero ficar, mas ainda tem outras situações.
Chegaram outras propostas?
Tem umas coisas legais, sim.
Você chegou ao Guarani faltando 10 rodadas para o fim. Esse era o prazo para que o Inter na sua mão, em 2016, não caísse?
Difícil te falar, geralmente, quando me chamam faltam 10 rodadas, no Inter foram três. Difícil falar, o quadro era aquele. Direção foi bem clara comigo, foi uma convocação. O Celso (Roth) pediu demissão, essa é a grande verdade que as pessoas não sabem, e a direção ficou sem opção. Odair Hellmann estava no clube, e o presidente Fernando (Carvalho, na época vice de futebol) me pediu para ir. Ainda teve o acidente da Chapecoense no meio de tudo isso. Mas eu tenho o maior orgulho de ter ido, ter tentado. Não me arrependo porque tentei até o último momento.
Voltaria para o Inter?
É difícil. Eu comecei em 1990, já saí e voltei seis vezes. Brinco que já deixei a rescisão e a admissão encaminhados. Sou cria da casa. Me formei no Inter. Eu acho que um dia vou voltar, minha vida está atrelada ao Inter.
Como você acha que será recebido no Beira-Rio?
Com tranquilidade. O torcedor sabe da missão que era o ano passado. Eu espero ser recebido como sempre fui, com carinho e dedicação.
Inclusive se impedir o Inter comemorar o título da B?
A ideia é fazer um grande jogo. Inter não depende só dele. Vamos Fazer o melhor possível e aproveitar a grande vitrine. Agora mais ainda pela situação de o Inter ter chance de título, as atenções estão todas viradas para esta partida.