O sal grosso fez o Inter vencer o Oeste na terça-feira de noite. Aqueles pacotes despejados na beira do campo, atrás dos gols e onde mais o time fosse passar espantaram o mau olhado que impedia que D'Alessandro, Nico, Pottker e os demais conseguissem vencer as barreiras que impediam a bola de cruzar a linha de fundo dentro daquela maldita baliza que insiste em não ser ultrapassada.
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Pois com os quilos e quilos de sal grosso, tudo foi para o saco. Até Sasha, há tanto tempo sem balançar as redes, e Uendel, que nunca tinha balançado, entraram na estatística de artilheiros colorados.
E isso não é uma ironia. O sal grosso, de fato, ajuda. Claro que sal grosso, neste caso, é uma metonímia. Lembra da metonímia, aquela figura de linguagem que usa a parte para explicar o todo?
Pois a ciência, e não eu, é quem diz que a "magia" ajuda. Há pencas de artigos acadêmicos falando sobre religião, mandinga, superstição e outras práticas, digamos, pouco ateias nos esportes.
O psicólogo português Sérgio Razente escreveu que "as superstições preenchem certas funções na vida humana" e que "causam efeitos positivos da adaptação e saúde mental dos indivíduos". O pesquisador Patrick Hurley afirma que as mandingas "satisfazem as necessidades emocionais, o medo e a ansiedade". Usando suas palavras: "a ciência ainda é incapaz de vencer a morte".
Jogadores fazem sinal da cruz, rezam, entram com pé direito. Goleiros benzem as traves. Já vi gente até com galho de arruda atrás da orelha. Na torcida, tem quem sente no mesmo lugar e até quem use sempre a mesma cueca.
Então, por que só o sal grosso vira piada? Em efeitos práticos, não há diferença entre repetir roupa, orar e benzer camisas. Não quero acreditar em (mais um) preconceito. Quem crê em qualquer mandinga não pode debochar de sal grosso, né? Também não quero, obviamente, diminuir a necessidade da ciência – no futebol, refletida em técnica, tática e força.
Mas o aspecto mental é decisivo no futebol. E a ciência, não eu, é quem garante: superstição ajuda no psicológico
Que os mercados reforcem o estoque de sal grosso. Foi ele que fez o Inter vencer o Oeste.
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